Diz o ditado que do chao nao passa. Mas ninguem explica quao complicado eh chegar ao chao (de proposito e sem se machucar). Por isso, depois de 17 anos pilotando motos, resolvi aprender a pilotar uma moto. Nao eh facil.
Para comecar, tudo que eu pensava ser certo estava errado e, tudo que eu pensava ser errado, eh a mais pura verdade. Para passar da teoria aa pratica, fui para Calafat, na Espanha, estudar com a melhor escola que existe: California Superbike School.
O primeiro dia foi o dia de quebrar paradigmas: acelerar em curva, ignorar os instintos, ensinar os olhos a enxergar de novo, etc. Cada uma das 5 sessoes de teoria eh seguida de 20 minutos na pista, com um instrutor na sua cola (ou na sua frente) falando o que e como fazer.
Logo na primeira sessao, a primeira surpresa. Durante as primeiras 3 sessoes de pista (1 hora de pilotagem), a moto deveria permanecer em 4a marcha e eh proibido usar os freios. Essas palavras foram seguidas de riso. Um riso que foi se transformando num riso nervoso (aqueles que voce solta quando estah com medo e finge que estah tudo sob controle). Depois de alguns segundos, todos ficaram quietos e foram checar os equipamentos antes de ir para a pista.
Lah fomos nohs: 32 alunos, montados em 32 motos com no minimo 100 cavalos, rodando numa pista que ninguem nunca tinha rodado. Logo na saida dos boxes, a primeira curva. Fechada. E todos atras do instrutor a 80km/h. Assim que chegou a curva, pensei: “F***u. Mas se as outros motos nao cairam, nao vai ser a minha que vai cair”. E ela deitou sem medo nenhum, com calma e suave. Essa mesma curva, ao final do segundo dia, eu jah estava fazendo a 100km/h. A quantidade de tracao que esses pneus tem eh INCREDITAVEL.
Nao vou entrar em detalhes sobre todos os exercicios porque, para a maioria dos 6 leitores do blog, nao sao interessantes. Soh vou falar de mais 2 momentos “F***u” que eu passei ao longo dos dias. O primeiro foi num exercicio de visao periferica, quando eu passei o ponto de curva e passei reto numa curva a 130km/h. Entrei na caixa de brita e lembrei das palavras que o instrutor tinha falado ao longo do dia: “A moto seria muito mais feliz sem nohs. Ela sabe para onde ir e como ir. Nao tente intervir”. Tirei o banco do assento, larguei o guidao e, aos trancos e barrancos, a moto passou ilesa pelo obstaculo. Amazing.
O segundo momento foi muito mais prazeiroso. Foi quando, numa das curvas, eu deitei mais do que o usual e senti o joelho raspar no chao. A reacao imediata foi tirar o joelho. Mas quase na mesma velocidade, senti uma alegria incontrolavel e baixei o joelho ainda mais. Fazer uma curva com a moto deitada no chao eh uma sensacao indescritivel. O duro agora eh sentar no escritorio, olhar as fotos e saber que tem gente que vive disso...
Fui.
3 comments:
Dear Andreas,
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Nossa como mãe fica aflita ao ler as coisas, mesmo que elas já tenham passado.. A aflição é por preocupação, mas.......o orgulho de mais uma conquista, de mais flexibilidade e aprendizado é fantástico. É assim que se conquista a alegria da vida nos poucos anos que passamos pelo planeta TERRA.
bjk e te amo..
Falae, Fera!!
Tá bom, eu sei que ando ausente por aqui, mas eu sou o sétimo leitor e exijo mais detalhes desse curso ae. hahahahahha
Fala mais depois!!
Grande abraço!
Tomi
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