Diga a algum conhecido russo que você está indo para alguma cidade russa e a reação vai ser sempre a mesma: "Que diabos você vai fazer em ____________________?” Aqui você pode colocar o nome de qualquer cidade russa, com exceção de Moscou e São Petersburgo. Isto dá uma idéia do quanto os russos acreditam no potencial turístico de suas cidades menos importantes.
Mas como minha tarefa é conhecer melhor a Rússia, o único preconceito é em relação ao tempo de vôo. É ele que determina a melhor época para visitar cada cidade. Como Nijniy Novgorod fica a menos de duas horas de vôo, deu para encaixar a viagem num final-de-semana que estava livre. E foi o que eu e um amigo meu fizemos.
A chegada foi igual à chegada em qualquer cidade da Rússia: aeroporto pequeno, milhares de taxistas se oferecendo, negociação de preço e uma longa corrida até o centro. Como também normalmente acontece, ficamos num hotel ultrasoviético, ao lado de uma estátua do Lenin e à beira do rio.
Mas as semelhanças acabam por aqui.
Para começar, Nijniy Novgorod não fica à beira de um só rio, mas no encontro de dois rios (Oka e Volga). Nijniy Novgorod não é plana como a maioria de suas irmãs. A cidade é um entrelaçado de escadarias e ladeiras para todos os lados. Um dos pontos turísticos mais famosos é (não por acaso) uma escadaria que liga o nada a lugar nenhum.
Por ser uma das cidades mais antigas da Rússia, não falta o que ver por lá: dezenas de igrejas e monastérios, prédios históricos e um Kremlin (fortaleza) maravilhoso. Apesar do conteúdo ser o mesmo dos outros Kremlins (muralha, igrejas, memoriais da segunda guerra, etc.), o estado de conservação e a variedade das construções dentro do Kremlin de Nijniy Novgorod justificam ir até lá.
O mesmo não se pode dizer de Bor.
Bor é uma pequena cidade vizinha, ligada a Nijniy Novgorod por um moderno bondinho. Moderno, mas não muito prático. Além da lentidão da fila, o caixa tem um aviso enorme onde se lê:
Não vendemos bilhetes de ida e volta. A volta deve ser comprada em Bor.
Não demorou muito para entender o porquê: se você tivesse o bilhete de volta, você não ficaria um segundo na cidade. Além de não ter nada para visitar por lá, o desembarque acontece no meio de uma praça decadente e nada acolhedora. A única diversão por lá é ficar vendo a cara de decepção de quem desce do bondinho. Primeiro ao ver o que é Bor, depois ao ver o tamanho da fila para comprar o bilhete de volta (sem falar que ela anda 2 vezes mais devagar do que a primeira).
Nijniy Novgorod teve seus altos e baixos, e mais um monte de histórias engraçadas que eu prefiro contar a você pessoalmente. Valeu a ida, mas não justifica uma volta. Dá para entender por que meus colegas russos preferem ir para o exterior e não para o interior.
Fui.
Whenever I tell a Russian colleague that I am traveling to a Russian city, the reaction is always the same: “What the hell will you do in _________________________? You can fill in the gap with any Russian city, except Moscow and St. Petersburg. This gives you an idea of how confident Russians are in the touristic potential of their less important cities.
But since my task is to get to know Russia as a whole, the only thing that prevents me from going somewhere is the flight time (it has to fit my schedule). Nizhiniy Novgorod is less than 2 hours away by plane. Which means I could fit it in a free weekend I had. And so we (me and a friend) went.
Our arrival was pretty much identical to our arrival in any Russian city: small airport, tons of taxi drivers shouting, price negotiation and a long ride to the center. As usual, we stayed at an ultra-soviet hotel, next to a big Lenin statue and a big river.
But the similarities end here.
For starters, Nizhiniy Novgorod isn’t a city by the river, but a city on the junction of two big rivers (Oka and Volga). Nizhiniy Novgorod isn’t flat like most of its Russian sisters. The whole city is covered by a network or stairways and hills. That might explain why one of the most famous touristic attractions of the city is a stairway that connects nothing to nowhere.
Nizhiniy is one of the oldest cities in Russia. Which means you won’t run out of things to see and do. There are at least a dozen churches and monasteries, lots of historical buildings, and a gorgeous Kremlin (fortress). Despite the fact that all Kremlins are essentially the same on the inside (a wall, some churches, war memorials, etc.), the state of conservation and the variety of the structures inside Nizhniy Novgorod’s Kremlin definitely make the trip there worth the effort.
The same can’t be said about Bor.
Bor is a small neighboring city, connected to Nizhiniy Novgorod by a modern cable-car system. Modern, but not very practical. Besides the slow cashiers, there’s a big sign at the cash desk that reads:
We don’t sell return tickets. Your return ticket must be bought in Bor.
It didn’t take long for us to understand why: if they sold return tickets, no one would ever spend time in Bor. There’s absolutely nothing to see or do there. Plus, you arrive at a decadent and very unwelcoming square. The only fun there seems to be looking at people’s reactions when they step out of cable cars. Their immediate deception when they see Bor, and a second (even bigger) deception when they see the line to get their return tickets (not to mention that it is 2 times slower than the first one).
Nizhniy Novgorod had its highs and lows, plus a lot of funny stories that I would rather tell you in person. It was worth going, but it’s not worth going again. It almost justified why my Russian colleagues prefer international to domestic destinations.
C ya.
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