Sunday, August 26, 2012

20 horas em Kishinev.
20 hours in Chisinau.


Cosmos Hotel
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Eu adoro viajar e conhecer lugares novos. Mesmo quando isso acontece sem querer. Foi o caso de Kishinev, Modálvia.
Quando eu resolvi ir para Istambul encontrar o pessoal de Kiev, decidi comprar minha passagem usando milhas da Aeroflot. Infelizmente, o vôo de volta estava lotado e eu tive que achar uma passagem para voltar para Moscou. A opção mais barata era da AirMoldova, com escala em Kishinev. Eles tinham dois vôos: um com escala de uma hora e meia, outro com escala de 20 horas que, por alguma razão desconhecida, custava 200 rublos a mais.
Como eu queria chegar rápido em Moscou, resolvi checar mais um site de passagens. Mesma coisa: vôos caros e escalas tenebrosas. Conformado, voltei ao site inicial, cliquei no vôo mais barato e comprei a passagem. Quando chegou o e-mail de confirmação, notei que a chegada estava marcada para segunda-feira ao invés de domingo. Voltei ao site outra vez e, para minha surpresa (e desgosto), os preços haviam mudado no tempo que eu gastei olhando o outro site. Tentei mudar minha passagem, mas o preço para mudar era 3 vezes mais alto do que o que eu tinha pago pela passagem. Vai entender.
Quando vi que não tinha mais o que fazer, corri para o booking.com e reservei um hotel em Kishinev. Com um lugar para dormir garantido, passei no tripadvisor.com para ver o que fazer por lá. Aqui começa a parte engraçada da viagem: ao invés de 10 coisas para ver na cidade, haviam apenas 6. Como se isto não bastasse, a segunda delas era uma visita ao shopping center Malldova, onde (segundo a descrição) "escadas rolantes de primeira classe me transportariam rapidamente de andar para andar com facilidade".
A aparente falta de atracões justifica o baixo número de turistas que, por sua vez, justifica o baixo preço do taxi. Assim que eu aterrissei, saquei o equivalente a 100 dólares na moeda local e saí à procura de um táxi. Assim que o primeiro taxista me abordou, me preparei para a usual batalha de preços que acontece na Rússia e na Ucrânia. O preço inicial sugerido foi 10 Euros. Não sei se por dó, por choque ou por não saber a distancia até o centro, achei imoral barganhar. Partimos rumo ao hotel Cosmos (nome de hotel ultracomum deste lado do mundo).
Enquanto íamos para o hotel, minha percepção sobre o turismo em Kishinev foi se confirmando. O motorista me perguntou "O que você veio fazer aqui?" e eu respondi "Conhecer a cidade." Ele me olhou com uma cara de surpresa, como se eu tivesse xingado a mãe dele.
Chegando ao hotel, não tive mais dúvidas quanto ao número de turistas que passam por aqui. Perguntei à recepcionista se ela tinha um mapa da cidade e ela me deu um guia de ruas de plástico (não dobrável!). Olhando para aquele monte de quadrados e nomes de ruas, perguntei "O que eu não posso deixar de ver aqui na cidade?" A resposta dela foi mais curta do que a lista de atrações do tripadvisor.com: "Você pode caminhar pela avenida principal..." Com este plano mega-excitante adiante, subi para o meu quarto deixar minhas malas.
Meu quarto parecia uma exposição no museu luxo soviético: couro branco com acabamento dourado por todos os cantos. Para completar, minha cama ainda tinha um aparelho de som embutido na cabeceira (veja aqui). Impagável.
Depois de alojado, saí à procura do que fazer. Comecei caminhando pela a avenida principal (Karl way), como indicado, e logo dei de cara com a primeira aventura.
Para quem não sabe, há um ano eu comecei a viajar com o Tonny Blue (clique aqui para adicioná-lo no Facebook), um cachorro de pelúcia que assumiu vida própria online e deixou minhas fotos muito menos parecidas com cartões-postais. Uma das fotos foi na frente de um prédio governamental, cuja calha é a boca de um leão. Coloquei o Tonny na frente do leão, tirei a foto, guardei o Tonny e me preparei para retomar o passeio. No que eu virei, dois policiais me abordaram e perguntaram o que eu tinha colocado no cano. Enquanto eu tentava explicar em russo o que era Tonny Blue, um dos policiais foi verificar a calha. Como a história parecia estranha demais, resolvi mostrar a foto e tirei o Tonny da mochila. Me considerando um total idiota, mas convencidos de que eu não era nenhum terrorista, me mandaram sair logo dali.
E foi o que eu fiz, mas 5 minutos mais tarde eu já estava no meio de outra aventura. A avenida central estava fechada para corridas de carro à la "Velozes e Furiosos". Um dos pilotos não conseguiu frear depois da linha de chegada e voou em cima da multidão. Por sorte, um dos carros que já tinha corrido estava parado entre a pista e a platéia. Ele absorveu o impacto e evitou uma tragédia de verdade.
O resto da "viagem" foi bem típica: praças, monumentos, fotos e pouco sono. Mas, para 20 horas, Kishinev proporcionou muito mais histórias do que eu poderia ter imaginado.

Fui.

I love traveling to unusual places. Even when it happens by accident. Which is how I ended up in Chisinau, Moldova.
When I decided to go to Istanbul to meet my friends from Kiev, I decided to use my Aeroflot miles to buy the ticket. Unfortunately, the return flight was already full and I could only get the first leg for free. The cheapest one way flight from Istanbul to Moscow was with AirMoldova, with layover in Chisinau. They had two options: one with a 90-minute layover, and one with a 20-hour layover that for some strange reason cost 200 rubles more.
I still had hopes I could get a direct flight to Moscow, so I decided to check one more site. Same thing: expensive tickets and scary layovers. Resigned, I went back to the first site, clicked on the cheapest option and bought the ticket. When I received the confirmation e-mail, I noticed that the arrival was schedule for Monday instead of Sunday. I went back to the site (again) and saw that, to my surprise and disgust, the prices had changed during the time I was checking the other site. I tried changing my ticket, but the price to do so was 3 times higher than the ticket itself. Go figure.
Once I realized that there was nothing else to do, but stay in Chisinau, I went to booking.com and got myself a place to stay. After that, I went to tripadvisor.com and started looking for things to see and do in the capital. Here's where things get really funny. Instead of the usual "10 things to see and do", there were only 6. As if this was not enough, number 2 was a visit to the Malldova Shopping Center, where (according to the description) "First class escalators whisk you from floor to floor with ease."
The apparent lack of attractions probably explains the small number of tourists which probably explains why taxis are so cheap here. As soon as I got to the airport lobby, I withdrew the equivalent to US$100 in the local currency and went looking for a taxi. The first taxi driver approached me and I prepared myself for the price battle that usually takes place in Russia and Ukraine. The price he suggested was 10 Euros. I don't know if I felt sorry for the guy, or shocked to hear such a low price, or maybe because I didn't know the distance to the city center, but the fact is that I felt it would be immoral to bargain. So there we went, final destination: Hotel Cosmos (one of the most common hotel names on this side of the world).
As we were driving to the hotel, my assumptions about tourism in Chisinau were becoming reality. The taxi driver asked me "What are you here for?" to which I answered "Tourism." He looked at me with such a surprised face, as if I had just called his mother names.
Once I got to the hotel, all my doubts about the number of tourists coming here were gone. I asked the receptionist for a city map and she gave me a road map made of plastic (not foldable!) . Looking at the squares and street names, I asked "So what should I see in the capital?" Her answer was almost as short as tripadvisor.com's list: "You can walk down the main avenue..." With such an exciting journey ahead, I went to my room to drop my bags.
My room was like an exhibition at the Soviet Luxury Museum, if there ever was one: white leather and golden details everywhere. To make things ever more interesting, my bed had a small stereo system mounted in it (check here). Priceless.
After dropping my bags, I went looking for things to see and do. I started walking down the main avenue (Karl's Way), as suggested, and quickly experienced my first adventure in the Moldavian capital.
For those of you who don't know, about a year ago I started traveling with Tonny Blue (click here to add him on Facebook), a plush toy that has his own life online and that made my pictures look less like postcards. One of the pictures I took was in front of a public building that has a gutter in the shape of a lion. I put Tonny in front of the lion, took the picture, and started walking again. 2 steps later, I was approached by 2 cops. They asked in Russian "What did you put in the pipe?" As I tried to explain in Russian who Tonny Blue was, one of them went check if the gutter wasn't obstructed. Considering how absurd the whole story sounded, I decided to show the picture and took Tonny out of my backpack. Considering myself retarded, but convinced that I was no terrorist, they told me in unison to get the hell outta there.
And get out I did, but 5 minutes later I found myself in the middle of my second adventure. The main avenue had been closed for some kind of street race very similar to the ones in "Fast & Furious". One of the pilots didn't manage to brake after the finish line and flew into the crowd. Luckily, one of the cars that had already raced was parked next to the crowd and took the blow. It absorbed all the impact and avoided a real tragedy.
The rest of the "trip" was very typical: squares, monuments, pictures and very little sleep. But for a 20 hour layover, Chisinau offered me much more stories than I could ever imagined.

Cheers.

1 comment:

Anonymous said...

ANdreas, aventuras não lhe faltam mesmo, até onde não haveria nenhuma! Ri muito; mas fiquei gelada com a abordagem dos guardas. bjk da sua mãe que te ama.