Monday, November 05, 2012

Bem-vindo a Kazan. E à minha primeira corrida oficial.
Welcome toKazan. And to my first official race.

Na minha primeira ida a Kazan, não consegui ver absolutamente nada da cidade. Nem restaurante eu tive forças para visitar. Foram dois dias de esforço sobre-humano sob um sol cruel usando roupa de couro. Só escapei da desidratação porque tinha uma maquininha de bebidas ao lado dos boxes.
Na segunda visita, muita coisa nova: consegui ver a cidade e ainda participei da minha primeira corrida oficial de motovelocidade.
Vou começar pela corrida.
Depois de ter tido aulas numa escola séria e com um piloto maluco, estava na hora de ver o que realmente se aplica a uma corrida. Óbvio que tudo o que eu aprendi com ambos me ajuda a ir mais rápido. O desafio era saber o quanto da teoria eu teria coragem de colocar em prática com 29 pilotos ao meu redor tentando me ultrapassar (lembre-se: a pista tem apenas 10 metros de largura). A categoria OPEN, na qual eu competi, é (como diz o nome) aberta a qualquer piloto em qualquer moto. Em outras palavras, não é a categoria mais justa nem muito menos a mais organizada. Só para você ter idéia da bagunça, levamos mais de 30 minutos só para concordar no sistema de largada.
Passado o blá blá blá, chegou a hora de ir para a pista. Apesar da vontade de correr, quase não fui para a pista por causa da vistoria técnica. Precisei cobrir 100% dos faróis e lanternas com fita adesiva, travar o pezinho, e remover retrovisores, apoios de pé traseiros e a placa. Como se isso não fosse suficiente, ainda precisava colocar o número da moto. Isso foi uma novela à parte. Eu já tinha ido no stand que fazia os números 3 vezes e não tinha ninguém lá. Depois de perguntar para Deus e o mundo quem era o responsável pelo stand, fiquei sabendo que era o mesmo cara que controlava a lojinha de acessórios. Chegando lá, pedi para ele ir até o stand comigo e fazer o número. Ele disse que não era responsabilidade dele. Voltei na vistoria e disse o que estava acontecendo. Eles me disseram para cortar um pedaço de adesivo e fazer o número eu mesmo. Me pareceu razoável e lá fui eu. Achei uma tesoura, cortei o adesivo, fiz o número e, quando estava quase saindo de lá, aparece o cara da lojinha. Ela mal chegou e já começou a gritar. “O que você está fazendo aqui?!? Quem te deu autorização para fazer isso?!?” Quando eu disse que tinha sido o cara da vistoria, ele quase enlouqueceu. Mandou o cara tomar no… Salivando de raiva. Saí andando e fui para a minha moto. Dois minutos depois, percebi que eu tinha esquecido a meia no hotel e tive que ir na lojinha do cara. Fui para lá preparado para o pior. Ele me olhando de longe, pronto para discutir. Quando eu perguntei "Você tem meia para pilotos?", virou um anjo. "Claro. Tem essa, essa, essa…" Nada como o dinheiro para transformar as pessoas. Mas eu não tinha tempo para gentilezas. Precisava ir para a pista antes que acabasse o treino de reconhecimento. Me vesti e parti. Passei pela vistoria e comecei o treino.
As primeiras voltas numa categoria open não são fáceis. Tem muita gente em volta: muita gente louca, sem experiência e/ou com um espírito de competição que não condiz com amadores. Enfiar a mão no freio ou fechar uma entrada de curva requer muita fé. É melhor não pensar muito. Felizmente, uma hora ou outra você acaba atrás de alguém que realmente sabe andar e começa a relaxar. As voltas atrás de alguém que pilota são ótimas para melhoras suas linhas, aprender os reais limites de velocidade da pista e baixar o seu tempo.
Na categoria open, a largada é feita por grupos para evitar confusão e o tempo começa a contar a partir da segunda volta. O objetivo é completar 10 voltas o mais rápido possível. Em teoria, esse sistema é ótimo. Para iniciantes (como eu), pode ser um pouco confuso. Deixa eu explicar. Eu larguei em na 21a posição (de 29). Larguei bem, ultrapassei alguns caras que estavam na minha frente e nas últimas voltas segui os líderes da prova, fazendo meus melhores tempos. Ao sair o resultado, vi que estava na 28a posição, uma à frente do único piloto que não completou a prova. Achei aquilo muito estranho e fui conferir os tempos. Notei que minha última volta tinha sido 2 minutos mais longa do que todas as outras. Confuso, fui perguntar para o coordenador da prova o que tinha acontecido. Ele me explicou o óbvio: "Você passou pela bandeirada (que era para os líderes da prova que estavam uma volta na minha frente) e desacelerou, achando que a sua 10a volta já tinha contado." Duh… A minha sorte é que tanta gente fez o mesmo que eles resolveram não contar a última volta e eu acabei em 16o.
Isto foi o meu sábado. No domingo, depois de descansar, eu finalmente fui conhecer a cidade.
Kazan é a cidade mais bonita da Rússia (que eu conheço até o momento). São Petersburgo é mais impressionante, Krasnoyarsk tem mais natureza, mas Kazan é linda. A maioria das ruas e prédios do centro estão super bem conservados. Alguns bairros e ruas parecem cenário de filme. É difícil acreditar que você está na Rússia. Fora isso, o Kremlin de Kazan é um lugar único. Além das paredes brancas, a fortaleza ainda abriga mesquitas e igrejas, lado a lado, numa combinação exótica que inspira uma tolerância (religiosa e étnica) não muito comum em algumas partes do país. Existe um outro ponto turístico, que eu não tive tempo de visitar, chamado Tempo De Todas As Religiões que, além de mesquitas e igrejas, tem ainda sinagogas. Dizem que é lindo e, como eu pretendo voltar, tenho certeza que eu vou ter fotos no próximo post sobre a capital do Tartastão.

Fui.

On my first trip to Kazan, I didn't manage to visit a single monument of this amazing city. I was so tired from riding that I didn't have the strength to walk up to a restaurant to eat. Those 2 days, riding in leather under a blazing sun, literally drained me. I only avoided dehydration because there was a water vending machine next to the pits.
My second trip was totally different: I managed to see the city and still took part in my first official motorbike race. I'll start with the race.
After learning a lot at a serious riding school and from a crazy pilot, it was time to see what actually applies to a real race. The challenge was to see how much theory I would have the guts to put into practice, considering that there would be 28 pilots around trying to overtake me (don't forget that the track is only 10 meters wide). The open category (in which I competed) is, as the name suggests, open to any pilot riding any motorbike. In other words, it's neither the fairest of categories, nor the most organized. Just so you have an idea of the mess, sorting out the starting line took us over 30 minutes.
After all that non-sense talk, it was time to ride. Despite my desire to ride, I almost didn't make it to the track because of technical details. I had to cover 100% of the glass surfaces (lights, tail lights, blinkers) with duct tape, lock the side stand in place, and remove the passenger's foot pegs, the rear-view mirrors and the number plate. As if that wasn't enough, I still needed to get my racing number. That was the real challenge. I had gone to the stand that makes the numbers 3 times already. It was always empty. After asking everyone in the track who was responsible for the stand, someone told me it was the same guy who was running the small pop-up shop. I went to the shop and asked him to come with me make the number. He told me it was not his job to make numbers, so I went back to the race supervisors and told them what was happening. They told me to go back to the stand and cut the sticker myself, which sounded very practical to me. And so I did.When I was about to leave the place with my nicely homemade number, the guy came back. He barely saw what was going on before he started shouting "What the hell are you doing here?!? Who said you could do this?!?" When I told him it was the supervisors, he started fuming and went insane. He started yelling, saying that the guy could f**k himself or something of the sorts. I couldn't hear it well because I got the hell outta there and had very little time to get on my bike. Two minutes later, I noticed that I had left my socks in the hotel, which meant having to buy something at the crazy guy's shop. As I headed towards the shop, I prepared myself for the worst. He kept staring at me as I walked there, ready to argue with me again. But, when I popped the question "So, do you sell racing socks here?", he became an angel. "But of course. We have this one, that one, blah blah blah." Nothing like money to transform people. But I had no time for chit chat. I needed to enter the track before the first training heat was over. I put on my recently purchased socks and left. All good with the bike, all good with me. So, there we went.
The first few laps on an open category are not easy. There is too much people around: too much crazy people, unexperienced and/or with a desire to win that doesn't match their amateur status. Hitting the brakes hard or diving into a turn require blind faith. It's better not to think much. Luckily, eventually you end up behind someone who really rides well and start to relax. Riding behind someone faster than you is great: you improve your line, find out the real limits of the track and, therefore, improve your lap times. Which is crucial in the open category.
In the open category, people start in small groups to avoid accidents. Time starts to count from the second lap onwards. The goal is to complete 10 laps as fast as possible. In theory, this is a great system. But for rookies (such as myself), it can be a little confusing. Let me explain. I started in the 21st position (of 29). I started well, overtook some people who were in front of me and started following the leaders in the last laps. When the results came out, I was shocked. I was 28th of 29, better only than the guy who didn't finish the race. I couldn't understand what had happened, so I went talk to the supervisors. After hearing my complaint, he explained the obvious: "You crossed the finish line with the leaders (who were one lap ahead of you) and assumed that the flag was for you as well. You slowed down, thinking your 10th lap was over." Duh… Luckily, so many people made the same mistake that they decided not to count the last lap and I finished 16th.
That was my saturday. On Sunday, after resting a lot, I finally got to see the city.
Kazan is the most beautiful city in Russia (that I have been to yet). St. Petersburg is more impressive, Krasnoyarsk has more nature around, but Kazan is gorgeous. Most of the historical buildings in the center are incredibly well taken care of. Some neighborhoods and streets look like movie sets. It's hard to believe you're in Russia sometimes. Besides that, the Kremlin of Kazan is something else. Besides its unique white walls, the fortress is home to mosques and churches, side by side, in an exotic combination that inspires a sort of tolerance (both ethnic and religious) that is not very common in other parts of the country. There's even a place (that I didn't have time to visit), called Temple Of All Religions, that holds a church, a mosque and a synagogue. I heard it's beautiful and, since I plan to return, I'm sure I'll be able to post some pictures on my next post about the capital of Tartarstan.

See ya.

Monday, October 15, 2012

Bem-vindo ao Golfo de Gökova.
Welcome to the Gulf of Gökova.

Quando você diz que vai para a Turquia, todo mundo aqui na Rússia torce o nariz. A Túrquia (mais precisamente a cidade de Antalya) é o destino mais comum para os turistas Russos por ser perto, não haver necessidade de visto e porque os hotéis escolhidos quase sempre tem bebida de graça. O resultado é um monte de gente bêbada largada em volta de uma piscina, num resort onde todo mundo fala russo. Na minha opinião, é o mesmo que não viajar. Principalmente se tratando de um país com tanta coisa interessante, como a Turquia.
Eu amo a Turquia. Se eu tenho a chance de ir para lá e conhecer algo novo, não penso duas vezes. Em julho, foi a vez de navegar pelo Golfo de Gökova. Um paraíso que não deixa nada a dever para a sua vizinha Grécia.
Além da paisagem, o esquema em que eu viajei foi simplesmente ideal. Alugamos um gulet (barco tradicional turco) e partimos de Bodrum para 6 dias de descanso absoluto. Nosso barco, o Fatos (clique aqui para mais informações), era super bem acabado e muito mais confortável do que alguns dos barcos que nós vimos por ali. Uma vez a bordo, você não precisa mais pensar em nada. O comandante explica para onde vamos, a equipe cuida do barco e o chefe prepara refeições deliciosas 3 vezes por dia. Tudo isso por apenas US$600 por pessoa (pela semana toda!).
Não vou perder tempo aqui tentando descrever cada praia, cada parada ou a cor do mar. Sugiro que você veja as fotos. Elas falam por si só. A única coisa que vale descrever é o céu à noite. Deitado no barco, sem luz alguma, parece que o céu toma vida. Você se sente abraçado pela escuridão e parece que as estrelas só estão lá para te entreter. Fazia tempo que eu não ficava tão impressionado com o céu.
Bem, nada melhor do que uma viagem dessas depois de uma escalada em extrema altitude e um esforço descomunal pilotando moto sob o sol matador de Kazan.

Mais uma vez, obrigado Turquia.

When you tell someone you are going to Turkey, people in Russia are not very impressed. Turkey (more specifically the city of Antalya) is the most common destination for Russian tourists due to the fact that it’s close, doesn’t require any visa, and has free booze in the hotels they go to. The result is a bunch of drunk people by the pool of a resort where everyone speaks Russian. In my opinion, that’s the same as not traveling. Especially when we are talking about a country like Turkey, with so many things to be seen.
I for one love Turkey. So whenever I have a chance to go there and see something new, I don’t think twice. In july, I had such chance and went to the Gulf of Gövoka. That paradisiac place is just as amazing as its neighboring competitor Greece.
Besides the sights and surroundings, the way I enjoyed the place was simply ideal. We rented a gulet (traditional turkish sailing boat) and set off from Bodrum to enjoy 6 days of pure relaxation. Our boat, Fatos (click here for more information), was superbly finished and way more comfortable than the boats we saw around us. Once onboard you don’t have to worry about a thing. The captain tells you where to go, the crew takes care of the boat, and the chef prepares delicious meals 3 times a day. All that for around US$600 per person (for the whole week!).
I won’t spend time trying to describe each beach, each stop or the color of the sea. I suggest you look at the pictures. They are pretty self-explanatory. The one thing I will describe though is the night sky. Lying on the deck with absolutely no light makes the sky come to life. You feel like darkness embraces you and that the stars’ sole purpose is to entertain you. I haven’t been this impressed by the sky in a long while.
Well, nothing like a relaxing trip like this after climbing in high altitude and riding a motorbike under the blazing sun of Kazan.

Once again, thanks, Turkey.

Friday, October 05, 2012

Pilotando com Ruben Xaus em Kazan.
Riding with Ruben Xaus in Kazan.


Me and the master.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Pergunte a qualquer pessoa sentada numa moto esportiva o que ele gostaria de fazer da vida e, provavelmente, a resposta vai ser “piloto de moto”. Mas como a maoiria das pessoas não tem o dom, nem nasceu numa família com os recursos para isso, o máximo que se pode querer é pilotar ao lado de uma dessas pessoas que nos inspiram a fazer idiotices nas ruas. E não é culpa deles. O problem é que a gente tenta imitar nossos idolos sem equipamento, com pneus ruins, em asfalto ruim.
Em agosto, eu tive a chance de ouvir dicas e pilotar com um dos melhores pilotos do mundo: Ruben Xaus. Se voce quiser saber mais sobre ele, clique aqui porque este post é sobre a diferenca de aprender na escola e aprender com um piloto.
Quando eu fiz aulas de pilotagem com a California Superbike School, o foco do curso é fazer você aprender a teoria via prática. O que acontece é que, devido aos “instintos de sobrevivência” e à maneira como nosso corpo funciona, quase tudo que fazemos em cima da moto está errado. Para provar o quão errado você está e o quão certa a teoria é, você é obrigado a pilotar sem usar os freios, sem mudar marchas, ou usando uma mão só. Cada exercício tem uma função e todos eles são impressionantemente eficazes. Você sai do curso pensando (e agindo) diferente.
O único problema disso tudo é que numa corrida você nunca vai completar uma volta decente sem mudar marchas e sem (ab)usar (d)os freios (quanto mais tirar uma das mãos no guidão). O que nos leva à aula de Ruben Xaus.
Você percebe a diferença imediatamente. A escola ajuda você a vencer o medo, Ruben parte do princípio que medo não existe. A escola pede para você não mudar marchas, Ruben pede para você engatar as marchas certas e explica o que acontece quando você não ouve o que ele está falando (você perde 1/2 segundo por troca de marcha). A escola mostra gráficos, Ruben mostra na pista. Foram 7 sessões de 20 minutos por dia, durante 2 dias. É muita coisa. Além do esforço natural de pilotar num macacão de couro, o calor estava insuportável. Tive que pular a penúltima sessão de cada dia para rehidratar e juntar forças para a última sessão, que é uma corrida de verdade com todo mundo participando.
A pista de Kazan é sensacional. O que é bom porque foi a única coisa que eu consegui ver desta cidade maravilhosa devido ao cansaço. Para começar, meu vôo aterrissou às 3h da manhã. Dali até o hotel foi quase uma hora. Para piorar a situação, tinha um imbecil empacado na recepção, discutindo a diferença entre reserva e pagamento (ele achava que a confirmação da reserva era prova do pagamento). Mais 45 minutos de agonia (eu tinha que estar na pista às 8h). Vôo, pouco descanso, pilotagem, sol. Dá para resumir o final de semana da seguinte forma: aeroporto-táxi-hotel-taxi-pista-táxi-hotel-taxi-pista-taxi-aeroporto. A única foto que eu tirei da cidade foi de uma esquina em construção, ao lado do hotel. Mas não se preocupe: em breve, vai ter um post com um monte de fotos de Kazan.

Fui.

PS - Só para você entender a diferença entre um mortal e um piloto, clique aqui. Enquanto, a gente fica feliz de colocar o joelho no chão, eles acham normal colocar o cotovelo.


Ask anyone sitting on a sport bike what he (or she) would like to be and the answer will most likely be “a pilot”. But since most people don’t have the gift, nor were they born in a family with the resources for that, the most one can hope for is to ride with these guys that inspire us all to do stupid things. And it’s not their fault. The problem is that we try to imitate them with no equipment, riding with bad tires on bad asphalt.
In august I had the chance to learn from and to ride with one of the best pilots in the world: Ruben Xaus. If you want to know more about him, click here because this post is about the difference between learning in school and learning from a pilot.
When I took lessons at the California Superbike School, the whole purpose was to make you learn the theory through practice. What happens is that, due to “survival reactions” and the way our bodies work, most of the things we do on a motorbike is wrong. To prove how wrong you are and how right the theory is, they make you ride without using the brakes, without changing gears, or with one hand only. Each exercise serves a specific purpose and is undoubtably very efficient. You leave the course thinking (and riding) differently.
The only problem with all that is that, in a race, you will never complete a decent lap without changing gears or (ab)using the brakes (let alone letting go of the handlebar). Which brings us to Ruben Xaus’ master class.
You feel the difference immediately. The school helps overcome fear, Ruben doesn’t even acknowledge its existence. The school asks you not to shift, Ruben tells you how to shift correctly and explains what happens if you don’t (you lose 1/2 a second per shift). The school shows you graphs, Ruben shows you at the track. We had 7 20-minute sessions per day for 2 days. It’s a lot. Despite the usual effort to ride in leathers, the heat was unbearable. I had to skip the penultimate session each day to hydrate myself and gather some strength for the last session because it is a real race with everyone.
Kazan’s racetrack is amazing. That’s a good thing because that’s all I got to see of this amazing city due to fatigue. It all began with the flight: I arrived at 3h in the morning. From there to the hotel I lost another hour of sleep. To make matters worse, there was an idiot at the hotel reception discussing the difference between booking a room and paying for one (he thought the booking confirmation was proof of payment). Another 45 minutes of agony (I had to be at the track at 8h). Flight, little sleep, riding, heat. I think I could sum up the weekend like this: airport-taxi-hotel-taxi-track-hotel-taxi-track-taxi-airport. The only picture I got from the city was a building under construction next to the hotel. But don’t worry: soon I’ll write a second post full of pictures of Kazan.

PS - Just so you understand the difference between us mortals and a pilot, click here. While we are more than happy to scrape our knees on the road, they think it’s normal to scrape their elbows.

Wednesday, September 12, 2012

Bem-vindo ao Monte Elbrus, o pico mais alto da Europa.
Welcome to Mount Elbrus, Europe's highest peak.


Breathtaking.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Atingir o topo do Monte Elbrus não é fácil. Muitos dos que vem para cá não conseguem alcançar o último dos 5642 metros de altitude. A razão é simples: não dá para saber como o seu corpo vai responder ao ar rarefeito antes de chegar lá e, principalmente, não dá para saber quais vão ser as condições climáticas no dia da subida.
O que é possível (e necessário) fazer é tentar se aclimatizar ao máximo. Para isto são feitas algumas subidas mais curtas nos dias que antecedem a subida final.
As duas primeiras destas subidas acontecem ao redor de Tcheguet e Teskol, vilarejos na base do Elbrus de onde partem todas as excursões. É lá também que você aluga todo o equipamento especializado: machados de gelo, garras para as botas, etc.
A primeira subida preparatória é no Monte Tcheguet, com 2900 metros de altitude. Apesar da inclinação acentuada e do sol, a subida não exigiu muito de ninguém (talvez por isto seja a primeira). Nesta época do ano, a neve já foi substituída por muito verde e muitas flores selvagens, que dão cor à montanha. As atracões principais deste dia ficaram por parte da placa que indica o começo da zona militar (próxima à fronteira com a Geórgia) e por conta do Monte Dongus Orun. Além de ser quase 1500 metros mais alto que o Tcheguet, o monte tem muitas geleiras (umas delas parece o número 7) que, de tempos em tempos, se partem e emitem um som parecido com o de um trovão pelo vale.
A segunda subida parece mais assustadora do que a primeira. Afinal, é preciso recomeçar do zero e atingir os 3100 metros de altitude do Monte Terskol. Para piorar, o tempo estava chuvoso. Depois da primeira hora, ficou claro que a subida seria mais fácil do que a do dia anterior. A inclinação é muito menos acentuada e o piso é muito mais firme. As atracões do dia ficaram por conta da cachoeira Trança de Moça e do observatório que fica a quase 3000 metros de altitude. No caminho ainda é possível ver uma antiga clinica psiquiátrica (de fora não passa de uma casinha de madeira). Cientistas soviéticos construíram a clínica ali porque acreditavam que o ar rarefeito podia curar esquizofrenia. Vai saber.
O terceiro dia começa com um passeio de bondinho até 3500 metros de altitude. Dali, é preciso subir mais 200 metros até o acampamento base. O local é conhecido como "Barris" (Botchiki, em russo) porque os alojamentos são cilindros enormes de metal, com 6 camas cada. Bem, chamar aquilo de cama é um tremendo elogio. Na verdade, cada barril tem 6 prateleiras, mal feitas e mal cuidadas, onde você joga o seu saco de dormir e desmaia depois de cada caminhada.
Depois de colocar tudo nos dormitórios, é hora de partir para a terceira subida de aclimatização. É uma subida curta, até 4100 metros de altitude, onde fica o Refúgio 11. Este lugar é um alojamento antigo que pegou fogo e foi reformado. Hoje em dia o local é usado apenas por aventureiros hardcore, que curtem um pouco de nostalgia. Apesar de curta, esta subida é muito importante pois é o primeiro teste em neve e altitude extrema. Felizmente, nosso grupo não teve problema nenhum.
O quarto dia mistura um pouco de tudo: altitude extrema, longa duração, exposição ao clima e uso de equipamento especializado. Nós saímos do acampamento base às oito da manhã usando botas de plástico, garras, proteção contra as garras e uma mochila com todo o resto: roupa extra, comida, água, etc. O objetivo era atingir os 4650 metros de altitude da encosta Pasturrovka (exatamente 1000 metros a menos que o topo) em 4 horas de caminhada. Apesar do frio e do vento, o grande problema foi o sol. O ar rarefeito não filtra os raios solares e a neve reflete luz por todos os lados. Ou seja, a pele exposta corre risco de queimaduras severas enquanto a parte coberta parece uma sauna. Encontrar um equilíbrio seguro e confortável é uma tarefa árdua. E caso você consiga encontrar o tal equilíbrio, ele não dura muito. Em questão de minutos, o vento aumenta, começa a nevar forte e o sol (assim como você) fica coberto por uma névoa espessa. Fica difícil ver 2 metros adiante. Hora de trocar de roupa de novo. E rápido porque o frio é absurdo. Uma hora depois da última troca de roupa, alcançamos os 4650 metros de altitude. Felizmente todos do nosso grupo chegaram bem. Voltamos, almoçamos e desmaiamos até o jantar.
O quinto dia é o dia de descanso. É o dia que você tem para planejar a subida ao topo: que horas começar, que estratégia seguir, quanto de provisões levar, etc. Tudo isto depende da previsão do tempo e das condições da trilha. No nosso caso, as condicões eram as menos favoráveis: neve fresca (que dificulta a caminhada) e vento forte (que obriga você a vestir mais roupas).
O sexto dia é o dia "D". Dia do tudo ou nada já que não há tempo para uma segunda tentativa. Devido ao mau tempo, fomos aconselhados a subir até 4600 metros num trator. Isto reduziria a subida em aproximadamente 3 horas e meia e nos daria mais chances de chegar ao topo antes das condições piorarem ainda mais. Com este plano em mente, decidimos tomar café-da-manhã às 2h da manhã e partir às 3h. Devido à ansiedade, poucos conseguiram dormir ou tomar café. Às 3h da manhã, contudo, estavam todos prontos para partir munidos de lanternas na cabeça para enxergar naquela escuridão. Aqui começa o desafio de verdade.
O primeiro problema foi que eu estava usando muita roupa e quase fritei dentro do pequeno trator, onde estavam empoleiradas mais 10 pessoas. Quando alcançamos a altitude desejada, eu estava prestes a vomitar. Mas como não havia tempo a perder, começamos a subida. A neve e o vento eram constantes, mas permaneciam em níveis aceitáveis. As primeiras duas horas de subida foram tranqüilas e, logo, o sol apareceu à nossa direita. Neste momento, fizemos a primeira parada e pude finalmente olhar para trás. Simplesmente inacreditável. Indescritível é a melhor palavra para descrever o que eu vi. Estávamos uns 200 metros acima das nuvens e o cume das montanhas vizinhas era a única coisa que despontava naquele mar de algodão. O sol dava um tom alaranjado à neve que cobria os picos e o vento insistia em mudar a paisagem ao nosso redor com uma velocidade impressionante. O vento era tão forte que, muitas vezes, a trilha deixada pelas pessoas que iam à minha frente sumia antes de eu passar.
Conforme o sol subia, os desafios aumentavam. O ar ficava cada vez mais rarefeito, o calor dentro da roupa aumentava, o vento ficava cada vez mais forte e, em poucos minutos, a neblina. Algumas dezenas de metros acima a visibilidade caiu para zero. Literalmente. Para qualquer lugar que você olhasse, só se via branco. Um branco sem profundidade. Parecia que estávamos mergulhados num mar de leite. O jeito era seguir lentamente e olhar bem onde a pessoa que ia à sua frente havia pisado.
O ritmo nesta parte da caminhada era um passo a cada 3 segundos. Passo a passo a passo a passo a passo a passo a passo a passo a passo a passo a passo a passo a passo a passo a passo a passo a passo... Foram aproximadamente 8400 passos neste ritmo. Você entra literalmente num estado zen de consciência. É preciso administrar a passada, a respiração, a temperatura do corpo e a mente, que teima em procurar algo mais para fazer.
Quanto mais subíamos, menos otimista nossos guias iam ficando (nosso grupo acredita que eles sabiam que seria impossível chegar ao topo naquele dia, mas isso não vem ao caso). Quando atingimos 5300 metros de altitude, o vento ficou ainda mais forte (sensação térmica de -20C), com alto risco de avalanches. Foi então que nosso guia principal, Abuh (que já escalou o Everest duas vezes), disse que teríamos que retornar à base imediatamente. A maioria das pessoas do nosso grupo e do grupo que vinha logo atrás tentou negociar, encontrar um meio termo, mas nestas circunstâncias os guias assumem uma postura de risco zero. Quem quiser prosseguir, independente da opinião dos guias, deve assinar uma cláusula isentando eles, a organização e todos os envolvidos de qualquer responsabilidade em caso de acidente. Como ninguém estava disposto a se tornar mais uma vítima do Monte Elbrus (morrem mais pessoas lá do que no Everest), fizemos meia volta e começamos a pior parte da jornada: a descida. O corpo cansado de tanto exercício, a mente exaurida pela falta de oxigênio, o calor insuportável (o céu abriu a partir dos 4800 metros de altitude) e o risco de queimaduras de sol, transformaram 2 horas e meia de descida em quase 4 horas de tortura. Eu litralmente me desesperei uma hora, achando que aquilo nunca iria acabar. Fui o ultimo a chegar no acampamento base. Cheguei me arrastando, usando somente uma camiseta que estava por baixo de tudo. Entrei no meu barril, cai na cama e desmaiei.
No dia seguinte, discutimos a experiência que tivemos no dia anterior, fizemos as malas e retornamos ao hotel em Tcheguet. Para compensar o sofrimento dos últimos dias, tivemos um almoço delicioso, com espeto de frango. Parece bobagem, mas comer carne depois de quase 5 dias à base de carbohidratos (porque o corpo não digere nada muito complexo em altitude extrema), é realmente uma recompensa. Arriscaria dizer que foi um dos melhores frangos que eu comi na vida. O fotógrafo trouxe as fotos da subida. Alguns hesitaram em comprar as fotos já que não tinham alcançado o topo, mas no final entenderam que aquilo era o registro de uma viagem inesquecível e não de uma missão falida. Compramos alguns suvenirs, jantamos e, às 6:30 da manhã, partimos de volta para o aeroporto de Águas Minerais (Mineralnye Vody), onde pegaríamos o avião para Moscou.
E pegamos.
Senão não teria escrito este post.


Reaching Mount Elbrus’ summit is not an easy task. Many who go there never set foot on the last of its 5642 meters of altitude. The reasons are quite simple: you never know how your body will react to thin air until you get there and, above all, you never know what the weather will be like when you try to get there.
What you can (and should) do is prepare yourself by acclimatizing beforehand. That’s why people usually do a couple of shorts ascents before the final one. The first two of these acclimatization ascents happen around Cheguet and Terskol, two villages next to Mount Elbrus from where most excursions leave. There, you’ll also find rental shops where you can get all the specialized gear: ice axes, crampons, etc.
The first ascent happens at Mount Cheguet, where we reached 2900 meters of altitude. Despite the steep trail and the sun, the hike didn’t demand much from anyone (maybe that’s the reason why it is the first one). At this time of the year (June), much of the snow has been replaced by greenery and wild flowers that give color to the mountain. The main attractions of the day were the sign that shows where the military zone starts (close to the border with Georgia) and Mount Dongus Orun. Besides being almost 1500 meters higher than Mount Cheguet, this mount has lots of glaciers attached to it (one of them resembles the number 7). Every few minutes these glaciers crack, sending a thunder-like sound throughout the valley.
The second ascent looks a bit more scary than the first one. After all, you have to restart from the same point and reach 3100 meters of altitude at Mount Terskol. To make things worse, the weather was a little rainy and cold. After the first hour, it was clear that the climb would be much easier than the first one. The trail is not that steep and a lot less slippery. The main attractions of the day were the Maiden’s Braid Waterfall and the Observatory located at almost 3000 meters of altitude. On the way to the top it’s also possible to spot an old psychiatric clinic (a small cabin to be honest). Soviet scientists built it because they believed that thin air could cure schizophrenia. Who knows?
The third day starts with a cable-car ride to 3500 meters of altitude. From there, you need to hike another 200 meters uphill to reach base-camp. The place is known as “Barrels” (Bochki, in Russian) because they transformed huge metal cylinders into lodging, with 6 beds each. Well, calling them “beds” is a compliment. To be perfectly honest, each barrel has 6 poorly made and poorly maintained shelves, where you basically throw your sleeping bag and crash after each hike.
Once you have settled down, it’s time for the third acclimatization ascent. It’s a relatively short climb up to 4100 meters of altitude, where the Refuge 11 is located. This is an old lodging which burned down once and was somewhat renovated. Now the place is used by really hardcore climbers who appreciate a bit of nostalgia. Despite being a short ascent, this one is fundamental as it’s the first test on snow and thin air. Happily, everyone in our group did well.
The fourth day has a bit of everything: extreme altitude, endurance, exposure to the weather, and special gear. We left base-camp at 8 in the morning wearing plastic boots, crampons, gaiters, and a backpack with all the rest: more clothes, food, water, etc. The goal was to reach 4650 meters of altitude at the Pastukhovka Cliff (exactly 1000 meters below the summit), in 4 hours. Even though it was extremely cold and windy, the greatest challenge was the sun. Thin air doesn’t filter solar rays and the snow reflects the light from all possible angles. If you leave your skin exposed, it is very likely to get severely burnt. If you decide to cover it, you feel like walking inside a sauna. Finding a safe and comfortable balance between the two is a Herculean task. And even if you manage to find such balance, it won’t last long. In a matter of minutes, the wind gets stronger, it starts to snow pretty heavily, and the sun (as well as yourself) is covered by a thick fog. It gets hard to see around 2 meters ahead. Time to change clothes again. And fast because it’s fricking cold there. One hour after our last change of clothes we reached our goal. Again, happily, everyone in our group got there. We got back, had lunch and crashed till dinner time.
The fifth day is rest day. It’s a day dedicated to planning the final ascent: what time to get up, when to start, which strategy to follow, how much provisions to take, etc. All the answers to these questions are weather related. In our case, the forecast was the least favorable: a lot of fresh snow (makes hiking almost impossible) and strong winds (makes you wear/carry more clothing).
Day 6 is “D” day. It’s all or nothing day, as there’s no time for a second attempt. Due to the extreme weather conditions, we were advised to go back to Pastukhovka on a snowcat. That would save us 3 and a half hours of hiking, increasing our chances of reaching the top before things got any worse. With that plan in mind, we set breakfast for 2 in the morning, in order to take off at 3h. Due to the overall anxiety, very few were able to sleep or have “breakfast”. At 3 o’clock sharp though, everyone was ready and geared up to start. We had head-lamps to help us walk in the dark. And that’s were the real challenge begins.
For starters, I was wearing too many layers of clothing and almost fried inside the tiny snowcat, where 10 other people where sitting (and breathing the same oxygen). When we got to the desired altitude, I was about to throw up. But since there was no time to waste, we started walking. The snow and the wind were constant, but bearable. The first two hours went by quite smoothly and, soon, the sun appeared on the horizon. At this moment, we did our first stop and I could finally look back. Simply breathtaking. Indescribable is probably the best word to describe what I saw. We were about 200 meters above the clouds and the other peaks were the only thing popping out of that sea of cotton. The sun had painted orange the snow at the very top of each mountain and the wind insisted on changing the landscape faster than I could memorize it. In fact, the wind was so strong it kept erasing the track left by the person walking ahead of me before I could stepped on it.
As the sun rose, the challenges increased. The air got thinner and thinner, the heat inside the clothes got more and more intense, the wind got stronger and stronger, and inevitably a thick fog came down on us. A couple of meters uphill and the visibility dropped down to zero. Literally. No matter where you looked, all you could see was white. A white with no depth. It felt like we were swimming in milk. The only solution was to walk slowly and to keep the person ahead of you in sight.
The pace during this part of the ascent was 1 step every 3 seconds. Step by step by step by step by step by step by step by step by step by step by step by step by step by step by step by step by step by step by step by step by step by step by step by step... I took around 8400 steps at this pace. In order to get through, you have to get into a zen state of mind. You have to control the pace, your breathing, your body temperature, and your mind that keeps looking for something else to do.
The higher we got, the less optimistic our guides became (our group believed they knew it’d be impossible to reach the summit that day, but that doesn’t matter any more). When we got to 5300 meters of altitude, the wind got even stronger (wind chill of -20C) with high probability of avalanches. That’s when our main guide, Abuh (who climbed the Everest twice), told us we’d have to turn around and go back. Most of the people in our group and in the group coming right after us tried to negotiate, to find some sort of compromise. Waste of time. In these situations, all guides adopt a risk free posture. Those who want to proceed without the guide must sign a clause that exempts them, the organizers and everyone involved of any responsibility in case of accident. Since no one was too keen on becoming the next victim of Mount Elbrus (more people die here than on the Everest), we all turned around and started the worst part of the journey: heading down. Our bodies were exhausted from all the exercise. Our minds were not functioning well due to the lack of oxygen. All that combined with an unbearable heat (the sky cleared around 4800 meters of altitude) and the risk of sun burns transformed a 2-hour hike down into 4 hours of torture. I literally despaired at some point, thinking it would never end. I was the last to get back. I got to base-camp dragging myself, wearing only a t-shirt I had under all the other gear. I entered my barrel, fell on the bed and fell asleep immediately.
On the next day, we discussed what we had experienced the day before. We then packed our bags and got back to the hotel in Cheguet. To make up for all the suffering, we had a delicious lunch of chicken on the skewer. It sounds silly, but eating meat after 5 days eating only carbs (because your body doesn’t digest anything too complex in high altitude) feels like a real reward. I’d risk saying it was one of the best chicken I’ve ever had in my life. After lunch, the photographer brought us the pictures of our ascent. Many hesitated to buy them because we hadn’t reached the top. Then, they understood that they were the documentation of an unforgettable trip more than the evidence of a failed attempt, and bought them. We bought a couple of souvenirs in the local market, had dinner and, at 6h30 in the morning, made our way back to Mineral Waters (Mineralnye Vody), where we’d take our plane back to Moscow.
Which we did.
Otherwise I wouldn’t have written this post.

Thursday, September 06, 2012

Cannes 2012. Quase lá.
Cannes 2012. One step closer.


Among the best. At last.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Dizem que nenhum publicitário pode ser completamente feliz sem um Leão de Cannes. Teve até uma campanha este ano que falava exatamente isso (veja aqui). Como eu ainda não ganhei, não posso dizer nem se isso é verdade, nem o quão mais feliz eu poderia ser. Mas isso não vem ao caso.
O que importa é que este ano eu quase cheguei lá. E com um único trabalho: uma mala direta de Greenpeace. Com ela, conseguimos um dos poucos short-lists da Rússia (que, aliás, teve o melhor ano de sua história). Segundo um dos jurados da nossa categoria, a peça tinha ganhado um Leão de Bronze, até que um jurado da Bélgica disse ter visto algo parecido em seu país e os caras mataram a peça. Que seja. Fica a meta para o próximo ano e a charge do genial Rondon Fernandes em nossa (veja aqui). Valeu, Ronda.
Fora isso, Cannes foi Cannes. Aquela alegria no meio do ano. Aquela chance de reencontrar amigos, colegas, ex-colegas, futuros colegas, futuros ex-colegas, etc. Nem indo ao Brasil eu consigo ver tanta gente. E curtir tranquilo, já que todo mundo está perto, vai nas mesmas festas e segue a mesma rotina.
Acho que só mesmo um publicitário consegue curtir Cannes sem mencionar as palavras Riveira, Cote D’Azur, Rosé, Villa e Glamour.

:)

Some say that no one working in advertising can be entirely happy without a Cannes Lion. There was even a campaign this year telling people that (check it out). Since I have never won one, I can’t tell whether this is true or not, or even how happier I could possibly be. But that doesn’t matter at the moment. What matters is that this year I got one step closer to it. And with a single entry: a flat mail for Greenpeace. It got one of the few short-lists for Russia (that mind you had its best year ever). According to one of the jurors in out category, our work had won a Bronze Lion till a juror from Belgium remembered seeing something similar in his country and they decided it was better to kill the idea. So be it. The goal is set for next year. As a bonus, I got a cartoon from the great Rondon Fernandes portraying our misfortune (check it out). Thanks, Ronda.
Other than that, Cannes was Cannes. That short happy break in the middle of an always tough year. A great chance to meet friends, colleagues, ex-colleagues, future colleagues, future ex-colleagues, etc. Not even in Brazil I get a chance to see so many people. And enjoy them without rushing somewhere else because we all lodge close to each other, go to the same parties and follow the same routine.
I think only (m)Ad Men enjoy Cannes without the need to ever utter the words Riviera, Cote D’Azur, Rosé, Villa and Glamour.

:)

Sunday, September 02, 2012

Euro Copa em Kiev.
Euro Cup in Kiev.


Fan Zone totally packed.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Eu morei um ano e meio em Kiev e escrevi mais de 100 posts a respeito da minha vida por lá. Confesso que, depois disso, fica difícil escrever algo original sobre a cidade. Por sorte, Kiev tem recebido cada vez mais eventos internacionais. Isso me dá motivos para retornar e assunto para o blog. O útlimo desses eventos foi a Euro Copa que me surpreendeu em vários sentidos. Nem todos positivos.
Para começar, fiquei surpreso com o atraso de 7 horas no meu voô. Isto porque seis anos atrás eu já tinha escrito um post sobre a pontualidade da AeroSvit (veja aqui) e nada mudou. Ao menos, pelo que eu fiquei sabendo, eles perderam a licensa para voôs internacionais depois da Euro Copa.
Também fiquei surpreso com a falta de hotéis na cidade. Parece que nada foi construído desde que eu saí de lá (e ainda fecahram o hotel Dnipro).
Mas fiquei ainda mais surpreso quando o dono do apartamento que nós alugamos nos devolveu mais de 400 Euros que, segundo ele, foram cobrados incorretamente.
Fiquei surpreso com a “Fan Zone”, tanto pelo tamanho e pela estrutura quanto pelo inconveniente que ela criou. Eles basicamente fecharam a principal avenida da cidade por 2 semanas. Você não imagina o caos que era ir cruzar a cidade de carro. Em compensação, lá dentro tudo funcionava: barracas de comida e bebida, espaço para andar, clima de festa e telões enormes espalhados por todos os lados.
Fiquei muito, mas muito surpreso com o novo Estádio Olímpico. Parecia que eu estava em outro país. Tudo tão limpo, bonito, morderno e organizado. Não lembra em nada o antigo estádio soviético onde eu assisti as entediantes finais do Campeonato Ucraniano.
Para concluir, fiquei surpreso com a vitória da Ucrânia sobre a Suécia. Parecia roteiro de filme. Jogo de abertura. Em casa. Duas torcidas vestindo as mesmas cores. Um duelo de duas estrelas: Ibrahimovic e Shevchenko. A primeira no auge da carreira, a segunda prestes a se aposentar. Visitantes na frente com gol de Ibrahimovic. Virada histórica do time da casa, com 2 (DOIS!) gols de Shevchenko, o herói da casa.
Simplesmente inacreditável.
Por outro lado, a Ucrânia nunca me decepcionou.
E continua dona de um grande pedaço do meu coração.

UKRAINA, VPERED!

I lived in Kiev for a year and a half. During that time, I wrote over 100 posts about my life there. I must confess that, after that, it gets harder and harder to write something new about the city. Luckily, Kiev is hosting more and more international events. Which gives me reasons to come back and material for the blog. The last event was the Euro Cup which surprised me in many senses. Not all positive.
For starters, I was surprised by the 7-hour delay in my flight. And that’s because 6 years ago I wrote a post about AeroSvit’s punctuality (read it here) and nothing has changed. At least (from what I heard), AeroSvit lost its international license after the Euro Cup.
I was also surprised by the quantity of available room in the city. It seems like no hotel has been built since I left (and they closed down Hotel Dnipro).
But I was even more surprised when the owner of the apartment we rented for the weekend gave us back around 400 Euros, which he told us were “incorrectly charged”.
I was surprised by the Fan Zone, by its size and structure as well as the torment it created. Basically, they closed down the city’s main avenue for 2 weeks. You cannot imagine how hard it was to cross the city by car. On the other hand, for those who were in it, everything worked. There were more than enough food stands, room for walking, a very welcoming atmosphere and giant screens all over the avenue.
I was very much extremely surprised by the new Olympic Stadium. It seemed like I was in another country. Everything was so clean, beautiful, modern and organized. It didn’t resemble at all the old Soviet stadium where I watched the boring finals of the Ukrainian Championship.
Last, but not least, I was surprised by Ukraine’s victory over Sweden. I was like in the movies. Opening match. Home game. Fans wearing the exact same colors. A duel between 2 lonely stars: Ibrahimovic and Shevchenko. The first at the peak of his career, the second on the brink of retirement. Sweden up with a goal by Ibrahimovic. A historic turn of events: 2 (TWO!) goals by Shevchenko, the local hero.
Simply unbelievable.
But to be honest, Ukraine never let me down.
And it still owns a big part of my heart.

UKRAINA, VPERED!

Sunday, August 26, 2012

20 horas em Kishinev.
20 hours in Chisinau.


Cosmos Hotel
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Eu adoro viajar e conhecer lugares novos. Mesmo quando isso acontece sem querer. Foi o caso de Kishinev, Modálvia.
Quando eu resolvi ir para Istambul encontrar o pessoal de Kiev, decidi comprar minha passagem usando milhas da Aeroflot. Infelizmente, o vôo de volta estava lotado e eu tive que achar uma passagem para voltar para Moscou. A opção mais barata era da AirMoldova, com escala em Kishinev. Eles tinham dois vôos: um com escala de uma hora e meia, outro com escala de 20 horas que, por alguma razão desconhecida, custava 200 rublos a mais.
Como eu queria chegar rápido em Moscou, resolvi checar mais um site de passagens. Mesma coisa: vôos caros e escalas tenebrosas. Conformado, voltei ao site inicial, cliquei no vôo mais barato e comprei a passagem. Quando chegou o e-mail de confirmação, notei que a chegada estava marcada para segunda-feira ao invés de domingo. Voltei ao site outra vez e, para minha surpresa (e desgosto), os preços haviam mudado no tempo que eu gastei olhando o outro site. Tentei mudar minha passagem, mas o preço para mudar era 3 vezes mais alto do que o que eu tinha pago pela passagem. Vai entender.
Quando vi que não tinha mais o que fazer, corri para o booking.com e reservei um hotel em Kishinev. Com um lugar para dormir garantido, passei no tripadvisor.com para ver o que fazer por lá. Aqui começa a parte engraçada da viagem: ao invés de 10 coisas para ver na cidade, haviam apenas 6. Como se isto não bastasse, a segunda delas era uma visita ao shopping center Malldova, onde (segundo a descrição) "escadas rolantes de primeira classe me transportariam rapidamente de andar para andar com facilidade".
A aparente falta de atracões justifica o baixo número de turistas que, por sua vez, justifica o baixo preço do taxi. Assim que eu aterrissei, saquei o equivalente a 100 dólares na moeda local e saí à procura de um táxi. Assim que o primeiro taxista me abordou, me preparei para a usual batalha de preços que acontece na Rússia e na Ucrânia. O preço inicial sugerido foi 10 Euros. Não sei se por dó, por choque ou por não saber a distancia até o centro, achei imoral barganhar. Partimos rumo ao hotel Cosmos (nome de hotel ultracomum deste lado do mundo).
Enquanto íamos para o hotel, minha percepção sobre o turismo em Kishinev foi se confirmando. O motorista me perguntou "O que você veio fazer aqui?" e eu respondi "Conhecer a cidade." Ele me olhou com uma cara de surpresa, como se eu tivesse xingado a mãe dele.
Chegando ao hotel, não tive mais dúvidas quanto ao número de turistas que passam por aqui. Perguntei à recepcionista se ela tinha um mapa da cidade e ela me deu um guia de ruas de plástico (não dobrável!). Olhando para aquele monte de quadrados e nomes de ruas, perguntei "O que eu não posso deixar de ver aqui na cidade?" A resposta dela foi mais curta do que a lista de atrações do tripadvisor.com: "Você pode caminhar pela avenida principal..." Com este plano mega-excitante adiante, subi para o meu quarto deixar minhas malas.
Meu quarto parecia uma exposição no museu luxo soviético: couro branco com acabamento dourado por todos os cantos. Para completar, minha cama ainda tinha um aparelho de som embutido na cabeceira (veja aqui). Impagável.
Depois de alojado, saí à procura do que fazer. Comecei caminhando pela a avenida principal (Karl way), como indicado, e logo dei de cara com a primeira aventura.
Para quem não sabe, há um ano eu comecei a viajar com o Tonny Blue (clique aqui para adicioná-lo no Facebook), um cachorro de pelúcia que assumiu vida própria online e deixou minhas fotos muito menos parecidas com cartões-postais. Uma das fotos foi na frente de um prédio governamental, cuja calha é a boca de um leão. Coloquei o Tonny na frente do leão, tirei a foto, guardei o Tonny e me preparei para retomar o passeio. No que eu virei, dois policiais me abordaram e perguntaram o que eu tinha colocado no cano. Enquanto eu tentava explicar em russo o que era Tonny Blue, um dos policiais foi verificar a calha. Como a história parecia estranha demais, resolvi mostrar a foto e tirei o Tonny da mochila. Me considerando um total idiota, mas convencidos de que eu não era nenhum terrorista, me mandaram sair logo dali.
E foi o que eu fiz, mas 5 minutos mais tarde eu já estava no meio de outra aventura. A avenida central estava fechada para corridas de carro à la "Velozes e Furiosos". Um dos pilotos não conseguiu frear depois da linha de chegada e voou em cima da multidão. Por sorte, um dos carros que já tinha corrido estava parado entre a pista e a platéia. Ele absorveu o impacto e evitou uma tragédia de verdade.
O resto da "viagem" foi bem típica: praças, monumentos, fotos e pouco sono. Mas, para 20 horas, Kishinev proporcionou muito mais histórias do que eu poderia ter imaginado.

Fui.

I love traveling to unusual places. Even when it happens by accident. Which is how I ended up in Chisinau, Moldova.
When I decided to go to Istanbul to meet my friends from Kiev, I decided to use my Aeroflot miles to buy the ticket. Unfortunately, the return flight was already full and I could only get the first leg for free. The cheapest one way flight from Istanbul to Moscow was with AirMoldova, with layover in Chisinau. They had two options: one with a 90-minute layover, and one with a 20-hour layover that for some strange reason cost 200 rubles more.
I still had hopes I could get a direct flight to Moscow, so I decided to check one more site. Same thing: expensive tickets and scary layovers. Resigned, I went back to the first site, clicked on the cheapest option and bought the ticket. When I received the confirmation e-mail, I noticed that the arrival was schedule for Monday instead of Sunday. I went back to the site (again) and saw that, to my surprise and disgust, the prices had changed during the time I was checking the other site. I tried changing my ticket, but the price to do so was 3 times higher than the ticket itself. Go figure.
Once I realized that there was nothing else to do, but stay in Chisinau, I went to booking.com and got myself a place to stay. After that, I went to tripadvisor.com and started looking for things to see and do in the capital. Here's where things get really funny. Instead of the usual "10 things to see and do", there were only 6. As if this was not enough, number 2 was a visit to the Malldova Shopping Center, where (according to the description) "First class escalators whisk you from floor to floor with ease."
The apparent lack of attractions probably explains the small number of tourists which probably explains why taxis are so cheap here. As soon as I got to the airport lobby, I withdrew the equivalent to US$100 in the local currency and went looking for a taxi. The first taxi driver approached me and I prepared myself for the price battle that usually takes place in Russia and Ukraine. The price he suggested was 10 Euros. I don't know if I felt sorry for the guy, or shocked to hear such a low price, or maybe because I didn't know the distance to the city center, but the fact is that I felt it would be immoral to bargain. So there we went, final destination: Hotel Cosmos (one of the most common hotel names on this side of the world).
As we were driving to the hotel, my assumptions about tourism in Chisinau were becoming reality. The taxi driver asked me "What are you here for?" to which I answered "Tourism." He looked at me with such a surprised face, as if I had just called his mother names.
Once I got to the hotel, all my doubts about the number of tourists coming here were gone. I asked the receptionist for a city map and she gave me a road map made of plastic (not foldable!) . Looking at the squares and street names, I asked "So what should I see in the capital?" Her answer was almost as short as tripadvisor.com's list: "You can walk down the main avenue..." With such an exciting journey ahead, I went to my room to drop my bags.
My room was like an exhibition at the Soviet Luxury Museum, if there ever was one: white leather and golden details everywhere. To make things ever more interesting, my bed had a small stereo system mounted in it (check here). Priceless.
After dropping my bags, I went looking for things to see and do. I started walking down the main avenue (Karl's Way), as suggested, and quickly experienced my first adventure in the Moldavian capital.
For those of you who don't know, about a year ago I started traveling with Tonny Blue (click here to add him on Facebook), a plush toy that has his own life online and that made my pictures look less like postcards. One of the pictures I took was in front of a public building that has a gutter in the shape of a lion. I put Tonny in front of the lion, took the picture, and started walking again. 2 steps later, I was approached by 2 cops. They asked in Russian "What did you put in the pipe?" As I tried to explain in Russian who Tonny Blue was, one of them went check if the gutter wasn't obstructed. Considering how absurd the whole story sounded, I decided to show the picture and took Tonny out of my backpack. Considering myself retarded, but convinced that I was no terrorist, they told me in unison to get the hell outta there.
And get out I did, but 5 minutes later I found myself in the middle of my second adventure. The main avenue had been closed for some kind of street race very similar to the ones in "Fast & Furious". One of the pilots didn't manage to brake after the finish line and flew into the crowd. Luckily, one of the cars that had already raced was parked next to the crowd and took the blow. It absorbed all the impact and avoided a real tragedy.
The rest of the "trip" was very typical: squares, monuments, pictures and very little sleep. But for a 20 hour layover, Chisinau offered me much more stories than I could ever imagined.

Cheers.

Monday, August 20, 2012

Final-de-semana em Istanbul. Ou deveria dizer em Kiev?
Weekend Istanbul. Or should I say Kiev?


The old gang.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Istanbul é uma das minhas cidades preferidas e um dos meus melhores amigos mora lá. Mas dessa vez, o motivo da visita foi outro: reencontrar a turma que morava em Kiev 6 anos atrás. Apesar disso, o reencontro foi inesperado para a maioria dos envolvidos. Como assim? Já vou explicar.
Mert está morando em Istanbul. Paul e Olga estão morando no Canadá e vieram visitar Mert. Marc, que hoje mora em Ankara (Turquia), resolveu encontrar com os três. Até aí, todo mundo sabia de tudo.
Quando os quatro confirmaram, Joe, que hoje mora em Amman, resolveu que iria, mas pediu para o Mert manter a ida dele em segredo.
Daí, em cima da hora, eu também resolvi ir e Mert resolveu manter a minha ida em segredo para todo mundo.
Sexta à noite, Mert e Joe estavam num bar quando eu cheguei. Como quem não quer nada, pedi licença para Joe. Ele ficou mega surpreso com a minha chegada e começou a fantasiar quem mais poderia aparecer por lá.
Sábado de manhã, Marc chegou na casa do Mert (onde todos estávamos hospedados), e foi recebido por todos. A bem da verdade, ele não pareceu nem um pouco surpreso com a nossa presença. :(
Em poucas horas, Paul e Olga chegariam em Istambul. Mert e Marc combinaram de encontrar com eles num parque à beira do Bósforo. Eu e o Joe sentamos em bancos separados, junto com alguns locais. Após a recepção inicial, os cinco começaram a caminhar e me viram sentado. Abraços, ois e sorrisos mais tarde, retomamos a caminhada. Alguns metros adiante, Joe aparece. Surpresa geral. O que era para ser uma parada a caminho do Canadá acabou virando uma reunião da antiga turma de Kiev.
Para mim, a reunião ainda valeu uma visita ao Palácio Dolmabahce, que eu já tinha tentado visitar umas três vezes e não tinha conseguido. Recomendo muito. Apesar de ser menor do que o Topkapi, os exageros na decoração são maiores: corrimãos de cristal, fontes dentro da sala, candelabros de 5 toneladas, etc. Nada lá segue qualquer padrão de normalidade. Você vai ver. Mas só se você for até lá ver porque é proibido tirar fotos.

Fui.

Istanbul is one of my favorite cities in the world and one of my best friends lives there. Despite that, the reason I went there this time was a new one: to meet the people that lived in Kiev 6 years ago. The reunion was unexpected for most of the participants though. How is that possible? Let me explain.
Mert lives in Istanbul now. Paul and Olga live in Canada and decided to visit Mert. Marc is living in Ankara (Turkey) and thought he might as well fly and meet them. Up to this point everyone was aware of everyone else's plans.
When all four had agreed to meet, Joe (who now lives in Amman) decided to join, but asked Mert to keep it a secret from the rest. Then, out of the blue, I decided to go as well and Mert decided it would be fun to keep it as a secret as well.
On friday night, Mert and Joe were in a bar when I arrived. I entered the bar and casually asked Joe if he would excuse me 'cause I needed space to order a drink. He was so surprised, he started wondering who else might show up.
On saturday morning, Marc arrived at Mert's house (where we were staying) and was greeted by all of us. To be honest, he didn't look at all surprised by our presence. :(
In just a few hours, Paul and Olga were supposed to arrive in Istanbul. Mert and Marc agreed to meet them in a small park by the Bosphorus. Me and Joe sat in separate benches, next to some locals. After meeting and greeting, all 5 started walking and saw me sitting there as if it was the most normal thing in the world. Many hugs, kisses and hellos later, we all restarted walking only to meet Joe a couple of steps ahead. Total surprise. What was supposed to be a layover on the way to Canada became a formal reunion of the old Kiev crew.
To make things better, we decided to visit the Dolmabahce Palace, which I had tried to visit several times before. I highly recommend it. Even though it is smaller than the Topkapi, the excesses in the decoration are much bigger: crystal handrails, fountains in the middle of living-rooms, 5-ton chandeliers, etc. Everything seems to have been planned with complete disregard to normality. You'll see. But only if you actually go see since it's forbidden to take pictures inside the palace.

C ya.

Saturday, July 28, 2012

Bem-vindo a Nijniy Novgorod (e Bor).
Welcome to Nizhiniy Novgorod (and Bor).

Diga a algum conhecido russo que você está indo para alguma cidade russa e a reação vai ser sempre a mesma: "Que diabos você vai fazer em ____________________?” Aqui você pode colocar o nome de qualquer cidade russa, com exceção de Moscou e São Petersburgo. Isto dá uma idéia do quanto os russos acreditam no potencial turístico de suas cidades menos importantes.
Mas como minha tarefa é conhecer melhor a Rússia, o único preconceito é em relação ao tempo de vôo. É ele que determina a melhor época para visitar cada cidade. Como Nijniy Novgorod fica a menos de duas horas de vôo, deu para encaixar a viagem num final-de-semana que estava livre. E foi o que eu e um amigo meu fizemos.
A chegada foi igual à chegada em qualquer cidade da Rússia: aeroporto pequeno, milhares de taxistas se oferecendo, negociação de preço e uma longa corrida até o centro. Como também normalmente acontece, ficamos num hotel ultrasoviético, ao lado de uma estátua do Lenin e à beira do rio.
Mas as semelhanças acabam por aqui.
Para começar, Nijniy Novgorod não fica à beira de um só rio, mas no encontro de dois rios (Oka e Volga). Nijniy Novgorod não é plana como a maioria de suas irmãs. A cidade é um entrelaçado de escadarias e ladeiras para todos os lados. Um dos pontos turísticos mais famosos é (não por acaso) uma escadaria que liga o nada a lugar nenhum.
Por ser uma das cidades mais antigas da Rússia, não falta o que ver por lá: dezenas de igrejas e monastérios, prédios históricos e um Kremlin (fortaleza) maravilhoso. Apesar do conteúdo ser o mesmo dos outros Kremlins (muralha, igrejas, memoriais da segunda guerra, etc.), o estado de conservação e a variedade das construções dentro do Kremlin de Nijniy Novgorod justificam ir até lá.
O mesmo não se pode dizer de Bor.
Bor é uma pequena cidade vizinha, ligada a Nijniy Novgorod por um moderno bondinho. Moderno, mas não muito prático. Além da lentidão da fila, o caixa tem um aviso enorme onde se lê:
Não vendemos bilhetes de ida e volta. A volta deve ser comprada em Bor.
Não demorou muito para entender o porquê: se você tivesse o bilhete de volta, você não ficaria um segundo na cidade. Além de não ter nada para visitar por lá, o desembarque acontece no meio de uma praça decadente e nada acolhedora. A única diversão por lá é ficar vendo a cara de decepção de quem desce do bondinho. Primeiro ao ver o que é Bor, depois ao ver o tamanho da fila para comprar o bilhete de volta (sem falar que ela anda 2 vezes mais devagar do que a primeira).
Nijniy Novgorod teve seus altos e baixos, e mais um monte de histórias engraçadas que eu prefiro contar a você pessoalmente. Valeu a ida, mas não justifica uma volta. Dá para entender por que meus colegas russos preferem ir para o exterior e não para o interior.

Fui.

Whenever I tell a Russian colleague that I am traveling to a Russian city, the reaction is always the same: “What the hell will you do in _________________________? You can fill in the gap with any Russian city, except Moscow and St. Petersburg. This gives you an idea of how confident Russians are in the touristic potential of their less important cities.
But since my task is to get to know Russia as a whole, the only thing that prevents me from going somewhere is the flight time (it has to fit my schedule). Nizhiniy Novgorod is less than 2 hours away by plane. Which means I could fit it in a free weekend I had. And so we (me and a friend) went.
Our arrival was pretty much identical to our arrival in any Russian city: small airport, tons of taxi drivers shouting, price negotiation and a long ride to the center. As usual, we stayed at an ultra-soviet hotel, next to a big Lenin statue and a big river.
But the similarities end here.
For starters, Nizhiniy Novgorod isn’t a city by the river, but a city on the junction of two big rivers (Oka and Volga). Nizhiniy Novgorod isn’t flat like most of its Russian sisters. The whole city is covered by a network or stairways and hills. That might explain why one of the most famous touristic attractions of the city is a stairway that connects nothing to nowhere.
Nizhiniy is one of the oldest cities in Russia. Which means you won’t run out of things to see and do. There are at least a dozen churches and monasteries, lots of historical buildings, and a gorgeous Kremlin (fortress). Despite the fact that all Kremlins are essentially the same on the inside (a wall, some churches, war memorials, etc.), the state of conservation and the variety of the structures inside Nizhniy Novgorod’s Kremlin definitely make the trip there worth the effort.
The same can’t be said about Bor.
Bor is a small neighboring city, connected to Nizhiniy Novgorod by a modern cable-car system. Modern, but not very practical. Besides the slow cashiers, there’s a big sign at the cash desk that reads:
We don’t sell return tickets. Your return ticket must be bought in Bor.
It didn’t take long for us to understand why: if they sold return tickets, no one would ever spend time in Bor. There’s absolutely nothing to see or do there. Plus, you arrive at a decadent and very unwelcoming square. The only fun there seems to be looking at people’s reactions when they step out of cable cars. Their immediate deception when they see Bor, and a second (even bigger) deception when they see the line to get their return tickets (not to mention that it is 2 times slower than the first one).
Nizhniy Novgorod had its highs and lows, plus a lot of funny stories that I would rather tell you in person. It was worth going, but it’s not worth going again. It almost justified why my Russian colleagues prefer international to domestic destinations.

C ya.

Tuesday, July 17, 2012

Bem-vindo a Madrid. Uma dessas cidades que você não cansa de visitar.
Welcome to Madrid. One of those cities you don't get tired of visiting.

Antes desta última visita, eu já havia estado em Madrid duas vezes. Mas tirando o Museu do Prado e a Guernica, eu não saberia dizer precisamente o que faz de Madrid uma cidade tão especial. É verdade que eu sou mais de metrópoles do que de cidades à beira-mar. Enquanto a maioria das pessoas que eu conheço prefere Barcelona, eu sou fã de Madrid. E, desta vez, eu fiz questão de anotar os porquês.
Para começar, Madrid é mais limpa e organizada do que Barcelona (andar pelas Ramblas me dá arrepios só de pensar). É uma cidade onde você se sente bem logo que chega.
Bom, Madrid tem o Museu do Prado, mas também tem o Reina Sofia e dezenas de outros museus e centros culturais. Tem restaurantes sensacionais a preços incrivelmente baixos (será que é só para quem vem de Moscou?). Tem a Gran Via, onde você pode caminhar e ver todos os outros turistas. Madrid tem parques maravilhosos, onde você pode fazer de tudo (talvez até o que você deve estar pensando agora): eu vi desde casais em barquinhas de remo até um casamento indiano. Se você gosta de futebol, Madrid ainda tem o estádio Santiago Bernabeu, uma obra de arte em termos futebolísticos. O acesso é tão bem planejado que as arquibancadas enchem 5 minutos antes do jogo começar e esvaziam com a mesma velocidade.
Como se isso tudo não fosse suficiente, Madrid hoje é o lar de muitos amigos meus: ex-colegas de faculdade, ex-colegas de trabalho e até colegas de Moscou que estavam fazendo intercâmbio.
Espero que eu tenha dado motivos suficientes para você substituir sua viagem a Barcelona por uma ida a Madrid. Garanto que você não vai se arrepender.

Fui.

Before this last visit, I had already been to Madrid twice. But except for the Prado Museum and the Guernica, I wouldn't be able to put a finger on what exactly is so special about this city. I must say that I'm more of a metropolis than a city-by-the-sea type of person. While most people I know love Barcelona, I'm prefer Madrid. And during this visit, I made sure to write down why?
For starters, Madrid is cleaner and much more organized than Barcelona (the very thought of walking down the Ramblas gives me the creeps). It's a city where you feel good the moment you step out of the plane.
What else? Well, Madrid has the Prado, but it also has the Reina Sofia and a dozen different museum and cultural centers. It has sensational restaurants with even more sensational prices (or is it because I come from Moscow?). It has the Gran Via, where you can walk and spot all other tourists. Madrid has amazing parks, where you can do whatever you want (even what you are probably thinking right now): I saw things that ranged from couples in small rowing boats to an Indian wedding. If you like football, Madrid has the Santiago Bernabeu stadium, a masterpiece in football terms. The access to the seats is so well planned, that the bleachers fill up 5 minutes before kick-off and empty at a similar pace.
Besides all that, Madrid is the current home of many old friends: ex-colleagues from university, ex-coworkers and even colleagues from Moscow who were working abroad for a while.
I hope I have given you enough reasons to replace Barcelona for Madrid on your next trip. I bet you'll love it.

Cheers.

Wednesday, July 11, 2012

Bem-vindo ao fim do mundo. No escuro e no claro.
Welcome to the end of the world. In the dark and in broad day light.

A razão pela qual eu estive duas vezes em Oslo (além de ter uma amiga querida lá), foi o fato de que é impossível ir para Svalbard sem passar por lá. Eu estive lá uma vez no começo de fevereiro, para ver a aurora boreal, e outra em maio para curtir a paisagem.
Mas é melhor ir por partes. Antes de falar das diferentes estações, é preciso falar um pouquinho Svalbard. Esta ilha é o ponto habitado mais ao norte do mundo. É o ultimo pedacinho de terra antes da camada de gelo que cobre o oceano Ártico. Apesar de seguir as leis da Noruega, Svalbard é território internacional. Qualquer pessoa, de qualquer país, pode morar lá. Na ilha moram aproximadamente 2000 pessoas de 42 nacionalidades diferentes. Basta chegar e respeitar duas regras simples:
1) Você é responsável por se sustentar enquanto estiver lá.
2) Quando você for embora, não deve haver qualquer evidencia que você passou por lá.
Conseguindo fazer isto, você é bem-vindo a morar num dos lugares mais espetaculares da Terra. E não é pelo fato de lá não se pagar impostos.
Svalbard é um desses lugares que força você a reconhecer sua insignificância em relação à natureza e o quão à mercê dela você está. Assim que você pisa fora do aeroporto e vê uma placa de trânsito alertando sobre a presença de ursos polares, seus instintos mais básicos entram em ação. Você vive em constante estado de alerta, sabendo que qualquer passo em falso pode ser o ultimo. Para se ter uma idéia de quão sério o assunto é, saiba que é proibido sair dos limites do povoado sem um rifle. E é bom saber usar. Os últimos visitantes que morreram, perderam a vida porque não conseguiram usar a arma propriamente.
Mas os ursos não são nada se comparados com o clima. Em questão de minutos (2 no caso do passeio que eu fiz), um dia ensolarado se torna uma tempestade de neve onde não é possivel sequer saber onde fica a linha do horizonte. Abençoado seja o inventor do GPS. Para um passeio de 10 horas que eu fiz, nós levamos comidas para 5 dias. Ou seja, não é brincadeira. Mas o risco iminente de morte não é a única coisa que deve marcar você. As paisagens e planícies sem fim fazem com que você se sinta como um grão de areia no fundo do oceano. A última vez que eu tive uma sensação assim foi nos Fjords da Nova Zelândia.
Agora vamos às especificidades de cada temporada. Devido à sua extrema latitude, Svabard passa 6 meses do ano sem ver o Sol. Depois, a partir de 8 de março, quando o sol aparece pela primeira vez no horizonte, são 6 meses de dia, já que o sol não desce mais até o inverno seguinte.
Minha primeira passagem por lá foi no inverno. 24 horas de noite. Mas, apesar do que você pode estar pensando não estava frio. Devido à massa de ar frio sobre a Europa, todo o ar quente estava sendo desviado para o Pólo Norte. Eu sai de Oslo sob uma temperatura de -25C e aterrissei em Svalbard sob amenos +4C. No começo, achei que era sorte. Que eu poderia curtir o lugar mais extremo do mundo com roupa de outono. Ledo engano. Não deu para curtir nada. Devido ao fato de a neve ter derretido, eu não pude andar de snowmobile, não pude passear de trenó puxado por cachorros, não pude ver o barco Luz do Norte (http://www.noorderlicht.nu) preso no gelo e, por pouco, não vi a aurora boreal (que era o motivo principal da viagem).
Estava claro que os Deuses não estavam do nosso lado. Para completar, o transfer que eu tinha pago e deveria nos buscar não apareceu. Normalmente, eu não me importaria muito, mas, em Svalbard, o aeroporto é um pequeno salão que FECHA pouco depois que as malas passam pela esteira. Ou seja, fiquei no meio do nada tentando me virar.
Sem muito o que fazer, os dias passaram com muita comida, bebida, algumas caminhadas pelo povoado e uma visita ao museu de Svalbard. Os poucos restaurantes são ex-ce-len-tes e dei sorte (talvez a única da viagem) de estar lá no final de semana do Festival de Jazz (http://www.polarjazz.no). É o final de semana mais agitado por lá.
Apesar de não ter visto muito, o lugar me causou uma impressão muito forte e meio inexplicável. Mas não era o suficiente. Na ultima noite, sentei na frente do hotel, resoluto de que não iria embora sem ver a aurora boreal. Depois de uma hora e meia (e 10 dedos congelados), senti que a temperatura começou a cair. Em pouco tempo, o céu abriu e uns lampejos verdes começaram a tomar o céu. Eu estava tão cansado e tão fissurado no meu método de visualização, que não sabia dizer se aquilo era realidade ou se eu estava alucinando. Levantei e, gritando, abordei os primeiros coitados que passaram: "Está acontecendo mesmo ou estou vendo coisas." Um pouco assustados pelo meu estado, responderam na maior calma: "Está acontecendo."
Sai correndo para uma área mais escura, atrás de uma casa, onde dava para ver melhor. Tirei umas fotos e comecei a apreciar o espetáculo mais lindo da natureza. Mas a luz do vilarejo continuava atrapalhando. Parei um taxi e pedi para ele me levar para o ponto mais afastado dali (o que não é muito considerando que a ilha tem um total de 20 km de asfalto). Chegando lá, a aurora boreal já tinha acabado. Para compensar um pouco da decepção, visitei a entrada do Banco Global de Sementes, uma fortaleza cravada na rocha, que contém sementes do mundo inteiro para o caso de um holocausto. O interessante é que os países de origem da semente são donos dela e nenhum outro país pode acessá-la. Ali, ainda vi uma raposa polar e ouvi uma frase que talvez eu nunca mais vá ouvir: "Não se afaste mais de 2 metros do carro porque não dá para ver ursos polares no escuro."
Foi a chave de ouro que fechou a primeira passagem pelo Pólo Norte e me deixou com muita vontade de voltar.
E voltar foi o que eu fiz. Exatos 2 meses depois da primeira visita, lá estava eu de novo. Agora com o telefone de um taxista local e pronto para encarar decepções. Mas desta vez foi o contrario. Céu azul, temperatura na casa dos -10C, muita neve e 24 horas de sol por dia.
No primeiro dia, fiz um passeio de trenó puxado por huskies. Pela primeira vez, pude ver quão vasta é a paisagem polar. Planícies e montanhas cobertas de neve salpicada de renas polares e pegadas de ursos. O passeio dura aproximadamente 2 horas e é extremamente relaxante. Tirando os peidos dos cachorros, você não tem nada com o que se preocupar. Isto porque o trenó vai onde os cachorros querem, quando eles querem e na velocidade que eles querem. Sua única preocupação é não esquecer de usar o freio-de-pé, que está lá para evitar que você morra congelado no meio do nada porque os cachorros decidiram correr atrás de uma raposa.
Pensando bem, você tem algo com o que se preocupar: acordar (ou dormir) antes do passeio. Como está sempre sol, você nunca sabe que horas são e seu corpo sempre acha que é hora de fazer algo. Prepare-se para dormir picado e em horários inéditos.
No segundo dia, fiz o passeio de snowmobile. Neste passeio, você finalmente tem a chance de sair do ultimo pedaço de terra da Terra e se aventurar na camada de gelo, onde moram os ursos polares. Neste ponto, o snowmobile oferece uma proteção dupla: ele é mais rápido que os ursos (chega a 80km/h) e faz um barulho insuportável. O ponto alto do passeio é a parada para o almoço na Baía de Mohnbukta, cercado de focas, icebergues e uma geleira de 25 metros de altura. O gelo é tão puro que o azul que ele reflete parece vir de lâmpadas de néon. A comida não é tão impressionante quanto a paisagem, mas pelo menos é divertida. São pratos desidratados, embalados a vácuo, feitos para durar uma vida (ou salvar uma). Apesar das paisagens inesquecíveis, este passeio não é só alegria. Depois de 10 horas dirigindo sobre um piso instável, seu corpo vai doer em lugares que você nem sabia que tinha músculos. É cama na certa.
Depois dos passeios "oficiais", fiquei de fazer uma sessão de snowboard com um amigo brasileiro que mora lá, mas acabou não dando certo. O que quer dizer que eu tenho mais um motivo para voltar. Svalbard que me aguarde.

Fui.

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The reason I went to Oslo twice over the past couple of months (besides having a dear friend there) is that it is impossible to go to Svalbard without stopping there. I was there once in February to see the Aurora Borealis and then in May to enjoy the landscape.
But one thing at a time. Before I talk about the different seasons, I need to give you a bit of information about Svalbard. This little island is the northernmost inhabited place on Earth. The last bit of land before the ice cap that covers the Arctic Ocean. Despite abiding to the Norwegian legislation, Svalbard is an International Territory. Any person, from any country, can live there. The island has a constant population of about 2000 people from 42 different nationalities. All you need to live there is to arrive and to respect 2 simple rules:
1) You have to provide for yourself while living there.
2) When you leave, there should be no signs that you were ever there.
If you can do that, you are welcome to live in one of the most spectacular places on Earth. And not because it is a tax free zone.
Svalbard is one of those places that constantly remind you how insignificant you are to Nature and subject you are to her will. As soon as you step outside of the airport and see the traffic sign warning you about the presence of polar bears, your most basic instincts kick in. During your whole stay, you'll stay in a constant state of alert, knowing that any false step could be your last. Just to give you an idea of how serious the situation is, it is forbidden to venture outside the village without a rifle. And you better know how to use it. The last visitors who died did so because they weren't able to handle it properly.
But bears are harmless if compared to the weather. In a matter of minutes (2 in the case of the excursion I did), a sunny day can turn into a snow storm where you can't even tell where the horizon is. Bless the inventor of the GPS. For the 10 hour snowmobile excursion I did, we took food and provisions for 5 days. It's no joke. But the imminent risk of death is not the only thing that will keep you humble there. The majestic landscapes make you feel like a grain of sand at the bottom of the ocean. The last time I felt something similar was inside the fjords in New Zealand.
Now let's talk about the specificities of each season.
Due to it's extreme latitude, Svalbard doesn't see the sun for 6 months. Then, around the 8th of march, the sun appears in the horizon for the first time and doesn't set again until the beginning of autumn.
My first time there was during winter. 24 hours of night. But contrary to what you might be thinking, it wasn't cold. Due to a high pressure cold air mass (or something like that), hot air was being diverted to the North Pole. I left Oslo under a freezing -25C temperature and landed in Svalbard under a welcoming +4C. At first, I thought I was lucky to experience the North Pole under such conditions. Then, I understood that I was as far from lucky as I was from civilization. Because of the temperature, the snow had molten which means I wasn't able to ride the snowmobile or the dog sled I had already paid for. I couldn't go see the boat Northern Light (http://www.noorderlicht.nu) stuck in the ice cap and I ran a big risk of not seeing the northern lights (which was the main reason for the trip in the first place).
It was clear that things weren't going well for us. To make things worse, the transfer that was (paid and) supposed to pick us up at the airport never showed up. Ordinarily, I wouldn't mind much. But in Svalvard the airport is a small room for bag collection that CLOSES once the bags are out. We had been abandoned in the middle of nowhere and had sort things out somehow.
With a lot of free time to kill, the days were soon filled with a lot of food, drinks, eventual strolls around the village and a visit to the Svalbard museum. The few available restaurants are simply superb and we were lucky (maybe the only time in this trip) to be there during the Jazz Festival (http://www.polarjazz.no). It's the most activity-packed week of the year.
Even though I was unable to see much of the island, Svalbard caused a very strong and, to some extent, inexplicable impression on me. But it wasn't going to be enough. I needed to see the Northern Lights. So, on the last night, I sat down in front of the hotel determined not to leave until I had caught at least a glimpse of it. After one and a half hours of staring to the sky and 10 frozen fingers, I felt the weather started to changed. The sky cleared and the temperature dropped about 5 degrees. In a couple of minutes, some waves of green light started to light up the sky. I was so tired and fixated on my visualization techniques that I could no longer tell whether it was really happening or if I was hallucinating. I jumped out of the chair and started shouting at some people walking by: "Is it really happening or am I seeing things?!?" A bit scared by my attitude, but completely unimpressed by the phenomenon, they answered: "Yes, it is happening."
I immediately ran to a darker place, behind a house, to get a better view. I tried taking some pictures as I witnessed nature's most beautiful event. But the conditions were terrible, so I jumped into a taxi and asked him to take me as far as he could from the village (which is not much, considering that they have only 20 kilometers of asphalt in the island). As soon as we got to the end of the road, the Aurora Borealis was gone. To compensate for the "sadness", I visited the entrance of the Seeds Bank, a fortress deep inside the mountain that contains seeds from all over the world should a worldwide holocaust ever happen. What's interesting about the bank is that each country owns its seeds and no other country can access them. As I walked around the entrance, I saw a polar fox and heard a sentence I might never hear again: "Don't move more than 2 meters away from the car because I can't see polar bears in the dark", said the taxi driver. It was the perfect ending to my first experience in the North Pole, an experience that left me wanting more.
And more is what I quickly got. Just 2 months after my first visit, I was back there. This time with the phone number of a local taxi driver and ready to face disappointments. But they didn't come. I was welcomed by clear blue skies, a -10C temperature, a lot of snow and 24 hours of sun every day.
On the first day, I went dog sledging. For the first time, I could see how vast the polar landscape is. Endless fields and mountains, covered in snow sprinkled by polar reindeers and polar bear tracks. The expedition lasts about 2 hours and is extremely relaxing. I dare say that except for the constant farts coming out of the dogs' asses there's nothing to worry about. That's because no matter what you do, the sledge will go where the dogs want, when the dogs want and as fast as they want it. Your only tool is the foot brake. It is there to fully stop the sledge and prevent you from dying frozen in the middle of nowhere because the dogs decided to chase a fox.
On second thought, you do have something to worry about: waking up (or getting some sleep) before the ride. Because the sun never sets, you never know what time it is and your body always thinks it's time to do something. Expect to get very little sleep at very unusual times.
On the second day, I did a snowmobile expedition. This one allows you to finally leave the last bit of land on Earth and venture yourself over the Arctic Sea, where polar bears live. There, the snowmobile works as a double defense mechanism: it's much faster than the bears (it does up to 80 km/h) and makes an unbearable noise. The nicest part of the tour is when you stop to have lunch at Mohnbukta Bay, surrounded by lazy seals, icebergs and a 25 meter-high glacier. The ice there is so pure that the blue color it reflects seems to come from some sort of neon light inside of it. The food you'll get during lunch is not as impressive as the surroundings, but at least it's fun. It's dehydrated, vacuum-packed, survival kit kind of food. Despite the unforgettable sights and landscapes, this is no joy ride. After 10 hours riding over uneven surfaces, your body will be sore in places you didn't even know existed. I bet you'll fall flat in your bed and sleep like a rock.
Once I was done with all the "official" tours, I decided to do a snowboarding session with a Brazilian friend that lives there, but things didn't work out as planned. Which means I have yet another reason to go back. See you soon, Svalbard.

Cheers.

Sunday, July 08, 2012

Bem-vindo a Oslo (negativo e positivo)
Welcome to Oslo (negative and positive)


Oslo Opera House
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Nos últimos meses, eu tive a chance de conhecer 2 Oslos bem diferentes. A primeira é fria, chuvosa e coberta de neve. A segunda é ensolarada, verde e cheia de gente alegre.
Das cidades escandinavas que eu conheço, Oslo me parece a menor de todas. Ela não tem a beleza de Estocolmo ou a paixão pelo design de Helsinki. Mas isto não quer dizer nada porque a cidade parece ter mais vida e mais cultura do que suas irmãs nórdicas. A razão para isso talvez esteja na paixão pelo esporte e no gasto do governo com arte.
Na Oslo de inverno, você vai ver gente praticando esqui cross-country por todos os lados e, em todas as ruas, você vai topar com alguém carregando esquis ou uma bolsa com equipamento de hóquei. Esta atividade toda parece uma tentativa para compensar o frio úmido e o vento cortante que atravessa qualquer roupa.
Na Oslo de verão, os esquis são substituídos pelo equipamento de qualquer esporte que não requer gelo ou neve. Parece que a cidade toda está indo correr ou voltando da academia. Aliás, parece não, é isto mesmo que está acontecendo.
Nas duas Oslos, você vai ver obras de arte (literalmente) espalhadas por todos os lados. Isto porque o governo designa 5% dos impostos para a produção artística.
No verão ou no inverno, você pode comer o melhor peixe da sua vida (recomendo e muito o restaurante Fiskeriet). Peixe fresco é tão abundante aqui que sushi custa menos que pizza.
Aproveite para ir a um dos muitos mercados de 2a mão no final de semana. Eu não quis comprar nada, mas vi muita coisa bacana a preço de peixe fresco.
Oslo deixou um gosto bom na memória e a Noruega (muito parecida com a Nova Zelândia em termos de geografia) tem muita coisa bonita para se ver.
O que significa que eu estarei de volta em breve.

Fui.

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Over the past couple of months I had the chance to get to know 2 very different Oslos. The first one is cold, rainy and covered in snow. The second one is sunny, green and full of happy people.
Of all the Scandinavian capitals I know, Olso seems to be the smallest one. It's not as beautiful as Stockholm or marked by design, like Helsinki. But that doesn't mean much because the city seems to be more lively and full of culture than its Nordic sisters. The reason for that is probably in their passion for sport and in the money the government spends on art.
In winter Oslo, you'll see people practicing cross-country ski everywhere and you are likely to bump into people carrying skis or hockey bags in every street. All this activity seems like an attempt to compensate for the humid cold and the merciless wind that seems to penetrate all kinds of clothes.
In summer Oslo, the skis are replaced by any kind of sport equipment that does not require snow or ice. It seems like the whole city is going for a run or coming back from the gym. Actually, it doesn't only seem like it, that's exactly what's happening.
In both Oslos though you'll see art scattered all over the city (literally). That's what happens when the government designates 5% of all taxpayers' money to the production of art.
In winter or summer, you'll be able to eat the best fish of your life (I highly recommend a restaurant called Fiskeriet). Fresh fish is so abundant here that sushi costs less than pizza.
Save some time to go to one of the many flea markets during the weekend. I decided not to buy anything, but I did find a lot of cool stuff for the price of fresh fish.
Oslo left a sweet taste in me and Norway (very similar to New Zealand in terms of geography) has countless beautiful spots to visit.
Which means I'm definitely coming back soon.

C ya.