Friday, October 31, 2008

Como eh que voce sabe?


From my window I can see.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Esse eh mais um post da serie "para voce que nao trabalha em propaganda". Explicar o que um criativo faz eh uma das coisas mais dificeis do mundo. Isso porque, na verdade, nosso trabalho soh existe na nossa cabeca. Nosso trabalho eh criar. Assim como quem pensa que um artista pinta ou esculpe (e nos nao somos artistas), o comum eh pensar que nos (literalmente) filmamos o comercial, quando na verdade nos pensamos O QUE filmar. Como sempre, comeco a divagar sobre algo que nao eh o assunto principal.
Bem, o que eu queria dizer eh que muita gente pergunta "De onde vem as ideias?" ou "Como voce sabe que as pessoas pensam assim?" ou "Como voce sabe que as pessoas vao entender isso?". A resposta eh simples: porque as pessoas falam para nos. Em propaganda, voce tem direito a um reality show muito melhor do que o Big Brother. Chama-se Focus Group. A gente reune as pessoas com o perfil que nos interessa, coloca elas numa sala e senta atras de um espelho. Enquanto o pessoal se mata para explicar em linguagem leiga o porque de terem gostado de uma ideia, nos comemos bolo com cha.
Num mundo ideal, esse tipo de teste nos daria todas as respostas. No mundo real, eh quase o contrario. Para comecar, as pessoas que estao livres numa quarta-feira aa tarde para conversar sobre um comercial durante 2 horas nao sao as pessoas do tipo (hum, como dizer...) empregadas e com salario. Isso quer dizer que nao sao as pessoas mais inteligentes (caso estivessem empregadas antes). Alem disso, elas tem que racionalizar uma emocao. Imagine responder aa pergunta: Por que voce ama sua mae?

- Bem, ela sempre cozinhou para mim, nunca me bateu e eh honesta.

Nao tem nada a ver com a realidade. Voce ama ela simplesmente porque ela eh ela e pronto. Soh que o cliente nao pensa assim. Ele acha que se um idiota falar que amarelo eh feio, o comercial tem que ter mais azul e assim vai.

Independente disso, eh uma experiencia muito bacana e ajuda voce a entender um pouco como o consumidor pensa e ve seu produto. Seria otimo se todo mundo pudesse ter seu momento mosquinha na sala. Imagine um paciente com doenca venerea atras desse espelho apos a consulta.

Medico: Usou a privada do estadio, o cacete...

Fui.

Thursday, October 16, 2008

Entrando em outra.


Hello, BBDO.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Eu literalmente entrei de cabeca na nova agencia. Logo na primeira semana, aprovei os melhores filmes do ano, descasquei uns pepinos que estavam emperrados, ganhei a (temporaria) confianca dos funcionarios e deixei minha marca. Esse ultimo ponto tem seus pros e contras. Se por um lado o baixo escalao adorou, por outro, virou ponto de discussao entre a chefia.
Eh o seguinte... Eu cheguei na semana em que a reforma da agencia vai comecar e fiz uma festa de boas-vindas/adeus escritorio. No embalo da alegria e da tequila, o pessoal resolveu derrubar uma das paredes (que seria derrubada anyway). No embalo da alegria e (no meu caso) do uisque, a ideia pareceu fazer sentido e deixei acontecer. Ok, ok, eu tambem entrei na farra.
Do nosso ponto-de-vista, foi uma experessao inocente de alegria e libertacao. Para quem viu a fita de seguranca, sem musica e sem alcool, foi um ato de vandalismo e loucura. A "galera" achou bom. A diretoria achou bom... que ninguem se machucou. Eu tambem. Achei que ia ser demitido na primeira semana. Se fosse o caso, pelo menos iria sair com o a cabeca erguida. E cheia de cal.

Huh.

Saindo de uma.


Adeus, LOWE.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Essas ultimas semanas foram bem corridas. Novo trabalho, carro, documentos, futebol, etc. Mal deu para respirar. Agora, vou entrar num ritmo mais humano de vida. Pelo menos espero.
Vamos ao que interessa. Acabou. A loucura de atender 15 clientes, com 15 submarcas e 15 campanhas anuais acabou. Apesar de ter um fundinho de alivio, a despedida foi bem triste para ambos os lados. Nao eh facil largar um lugar onde voce nao atingiu as metas que estabeleceu. E nao foi facil para eles largar alguem que trazia um sorriso na cara todos os dias (para o Russo, quem sorri sempre eh louco). Mas tinha que acontecer. Agora eh cultivar as amizades e os contatos que valem a pena e deixar o resto para tras.
Igual assistir um balao que escapou da mao de uma crianca: por mais triste que seja, nao deixa de ser bonito.

Fui.

Friday, October 03, 2008

Sem transito? Sem problemas.


Lampada magica.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Semana passada, comprei um carro. Resolvi ter um pouco mais de independencia por aqui. Mas, assim que voce pensa em carro, pensa em transito que, em Moscou, eh assunto serio. Soh que isso soh vale para os nao-politicos ou para os nao-abastados.
Os politicos aqui tem uma luzinha azul em cima do carro que permite a eles fazerem o diabo no transito (nao que as pessoas jah nao facam isso normalmente). Eles podem andar na contramao, na calcada, mandas CET pro inferno, etc. E como tudo por aqui (Russia e Brasil), basta dar um jeitinho: eh pagar um cafezinho (ou vodka) para alguem e tudo certo. O carro da foto, por exemplo, nem tem placa especial. O problema eh que a quantidade de carros com essa luzinha ai tah atingindo um patamar meio surreal. Daqui a pouco, todo mundo vai ter esse treco. Ai vai ser engracado: todo mundo parado, com a luzinha acesa e a sirene rolando. Moscou vai ser uma grande discoteca ao ar livre. Eh fogo. Acho que eu vou comprar uma dessas pra mim. Ou nao...

Fui.