Sunday, December 26, 2010

Quando em cima eh embaixo, esquerda eh direita e para frente eh para tras.
When up is down, left is right and forward is backward.


Quando em cima eh embaixo, esquerda eh direita e para frente eh para tras.

Semana passada, parti para mais uma aventura: voar num aviao de acrobacias Yak-52. Chamar o Yak-52 de aviao eh o mesmo que chamar um Lada de carro. Ele nao inspira nenhuma confianca, principalmente voando numa temperatura de -12C. Mas, alem do pensamento positivo, resolvi acreditar no meu mantra: se nao caiu ateh agora, nao vai ser comigo que vai cair.
O Yak-52 eh minusculo. E tem que ser assim para facilitar as manobras. Para uma pessoa do meu tamanho (e de ressaca) significa ficar esmagado entre o chao e o vidrinho da cabine, se esforcando para nao empurrar o manche com a perna. Tarefa simples.
Depois de ser chumbado ao assento por um cinto-de-seguranca sextuplo, vieram as instrucoes: ao atingir a altitude correta, eu vou explicar a manobra, voce confirma que entendeu, eu faco a manobra e pergunto como eh que voce estah se sentindo. Ok? Ok.
Lah fomos nohs. Ganhamos altitude e a diversao comecou.
“A primeira manobra que nohs vamos fazer se chama Cnjfktoort, vamos descer a 45 graus, completar um looping, virar 180 graus sobre o nosso eixo, voar invertido no segundo looping e girar 180 graus sobre o eixo retornando aa posicao original. Ok?”
Sem entender nada, mas disposto a tentar, respondi: Ok.
A partir do “ok” tudo passar a ser relativo. Aas vezes, a Terra estah em cima e o ceu embaixo. Aas vezes, a Terra estah aa esquerda e o ceu aa direita. Aas vezes a Terra eh uma grande parede aa sua frente. Aas vezes voce soh ve ceu para onde quer que olhe. E vice-versa. Tudo isso acompanhado de uma pressao de ateh 3G no pescoco e no estomago (Ressaca, lembra?).
Completada a primeira manobra, a pergunta: “Como voce estah se sentindo?”
“Otimo”, respondi.
Segunda manobra: “Otimo.”
Terceira: “Bem.”
Quarta: “Ok.”
Quinta: “Mais ou menos.”
Sexta: “Acho que eu preciso tomar um cha.”
E nos preparamos para aterrissar… Bem, isso foi o que eu pensei…
Ele fez um rasante na pista e completou mais um looping lateral, a 45 graus do chao, voando invertido, etc. Foi o suficiente para eu ficar literalmente azul.
Aterrissamos e passei as 5 horas seguintes num processo de pura concentracao: inspira, expira, nao vomita. Inspira, expira, nao vomita.
Passado o mau estar e a ressaca, comi uma lasanha e comecei a planejar quando eh que eu vou fazer a proxima estripulia.

Hora de ir para o Brasil.

________________________________________________________


Last went I took part in a new adventure: to fly in one of those acrobatic Yak-52 planes. Of course, calling the Yak-52 a plane is the same as calling a Lada a car. It does not look or feel very safe, especially flying at a temperature of -12C. But besides all my positive thinking, I decided to put some faith in probability: if it didn’t crash till now, it won’t crash with me.
The Yak-52 is extremely small. It must be like that for agility reasons. But for someone my height (and hungover), that means being crushed between the seat and the cabin “window”, with an almost impossible task of leaving room between your legs for the control stick. Easy...
After being literally fused to the seat by a sextuple seat belt, there came the instructions: once we reach a certain altitude, I’ll explain the maneuver we’ll be doing, you confirm you understand what we’re doing, I complete the maneuver and ask how you are feeling. Ok? Ok.
And there we went. We gained altitude and the fun began.
“The first maneuver we’re going to do is called Cnehrhhtnsksjd, we gonna go down at a 45 degrees angle, do a full loop, turn 180 degrees on our axis, fly upside down during the second loop and turn 180 degrees on our axis and return to the initial position. Ok?”
Did you understand any of it? Cause I didn’t. But that wouldn’t make any difference, so I just answered: OK.
Once you say “Ok” everything becomes relative. Sometimes Earth is above you and the sky below you. Sometimes Earth is to your left and the sky is to your right. Sometimes Earth is a big wall in front of you, sometimes all you can see is the sky. And vice-versa. All of that followed by a crushing force of up to 3 Gs in your neck and stomach (Did I mention I was hungover?).
Once we completed the first maneuver, he asked: “How are you feeling?”
“Fantastic.” - I answered.
Second maneuver: “Great.”
Third: “Feeling good.”
Fourth: “Ok.”
Fifth: “So so...”
Sixth: “I think I need to sit and drink some tea.”
So we prepared for landing... At least that’s what I thought...
He flew very close to the ground only to complete a last loop, a lateral one, flying at a 45 degrees angle, inverted, etc. I was enough for me to turn blue.
We landed and then I had a 5 hour process of pure concentration: Inhale, exhale, do not throw up. Inhale, exhale, do not throw up.
Once I started feeling better and not hungover, I had a lasagna and started planning my next adventure.

Time to go to Brazil.



The before and after pics...

Wednesday, December 22, 2010

Minha primeira vez.


First Class.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Apesar da quantidade de mulheres na foto e de ter me sentido um pouco inseguro no dia, esse post nao tem nada de sexual. Eh apenas uma breve descricao da minha primeira experiencia como professor. A MGIMO, uma das universidades mais prestigiosas da Russia, me chamou para dar um curso de uma semana sobre propaganda.
O problema (alem de arrumar tempo, claro) eh que eu nao sabia o que os alunos esperavam de mim. Nao sabia se eles tinham interesse pela profissao, se jah cursavam algum curso de marketing, se conheciam algum termo do ramo ou mesmo se estavam estagiando na area. E justo o tema principal das minhas aulas (trabalhar com foco no brief/resolver o problema em questao), quase vai por agua abaixo por causa disso. Afinal, como preparar um curso de uma semana se voce nao sabe com quem estah falando (publico alvo), o que voce pode oferecer de novo para eles (beneficio) e como fazer com que eles se interessem pelo que voce considera importante (estrategia)?
No final das contas, optei por fazer o que eu fiz no paragrafo anterior: criei uma relacao entre a vida real e a propaganda, para que o curso fosse interessante, mas tambem tivesse utilidade pratica para os alunos, independetemente da material que estivessem cursando ou da profissao que tivessem escolhido.
Aparentemente deu resultado. As pesquisas de opiniao disseram que o curso “foi o mais proveitoso de todo o semestre” e “talvez a unica razao para ir aa faculdade naquela semana”. Fiquei feliz e mais confiante para uma proxima empreitada.
Se voce achou que o post estah vangloriando demais as minhas habilidades como professor, nao leve em consideracao: eu escrevi assim de proposito. Eh para a minha mae. Ela precisa acreditar que eu sou realmente aquilo que ela pensa: “Meu filho eh o melhor do mundo".
Se voce nao eh minha mae, pule para o proximo post.

Fui.

Monday, December 20, 2010

A cidade que soh vira aa direita.

Ha algumas semanas, Moscou parou. Nao eh metafora, eufemismo ou hiperbole. Moscou parou. Todas as vias, em todas as direcoes, em todos os cantos. A foto eu tirei de fora do carro, ao lado de um monte gente que conversava e aproveitava a parada para fumar um cigarro. Sim, eles tambem eram motoristas.
Eu demorei 4 horas para chegar em casa. Com navegador. Com a funcao “avoid traffic” ligada. Com sorte. E com muita vontade de ir ao banheiro. Se eu nao tivesse muito auto-controle, teria que fingir que a chuva entrou no carro.
Transito nao eh assunto novo por aqui, mas com tanto tempo disponivel (afinal, a bateria do meu iPhone morreu nos primeiros 15 minutos), eu resolvi pensar nas razoes de tamanho caos. Uma das razoes eu jah falei por aqui: quando acontece um acidente (por mais idiota que seja), os motoristas tem que deixar o carro exatamente na posicao em que o acidente ocorreu. Uma, duas, aas vezes, tres pistas fechadas por horas. Claro, porque o transito para e nem a policia consegue chegar...
Mas passemos para a minha revelacao: em Moscou voce soh pode virar aa direita. Isso reduz suas possibilidades de fugir ou coordenar o transito pela metade. E se uma das ruas fecha (por qualquer motivo), 100% das opcoes estao fechadas. Isso acontece porque Moscou eh uma cidade redonda e sem trevos. Ou seja, se voce estah no lado de dentro dos aneis, voce soh pode virar para a direita, em direcao ao centro, jah que as 9 pistas opostas nao podem parar para voce. Se voce estah do lado de fora, a situacao eh a mesma: soh dah para sair. E qualquer retorno soh pode ser feito virando aa direita, aa direita e aa direita. O que seria muito mais rapido se voce virasse UMA VEZ para a esquerda.
Mas nao sou eu que vou resolver os problemas de uma das maiores cidades do mundo, ne? Vou arrumar um recarregador portatil para o meu iPhone para aguentar as proximas horas nesse transito.

Fui.

Wednesday, November 10, 2010

Limpar banheiro de homem. Na Russia, isso eh trabalho de mulher.


Toilet.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Uma das coisas que voce vai notar, caso vah a um banheiro publico na Russia ou na Ucrania, eh a presenca de mulheres enquanto voce USA o banheiro. E nao estou falando das cabines: estou falando do urinol.
Quantas vezes nao dei de cara com uma dessas damas enquanto botava o equipamento de volta na caixa de ferramentas? No comeco, me sentia meio encabulado, como se eu tivesse feito algo errado (usar o banheiro). Com o tempo (e vendo que elas nao mostravam a menor reacao), me acostumei aa presenca delas no banheiro. Afinal, pense bem: quando suas calcas estao arriadas, eh melhor ter um homem ou uma mulher atras de voce? Ahn?

Fui.

U2 embaixo d'agua.


Impressive production.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Demorei para escrever, mas nao esqueci. Ateh porque a passagem do U2 pela Russia foi inesquecivel. Eu nem sou fan da banda, mas quase virei... Em geral, ir a shows de bandas que eu nao amo eh uma atividade estranha: eu nao canto as musicas, comeco achar incomodo ficar em peh e espremido pela massa, quero ir ao banheiro e, muito em breve, ir para casa. O show do U2 teria tudo isso, mais chuva e frio, mas eu nao arredei peh. Talvez por eles estarem a tanto tempo na estrada, eu conhecia todas as musicas. Sem excecao. A producao eh fascinante e eu ouvi falar que eles tem 4 desses palcos viajando para dar conta de todas as datas da turne. O show tem ligacao com o espaco, videos e um monte de discursos sociais vazios que soam extremamente convincentes durante o show. Nao vou me alongar muito nesse post. Soh vou recomemdar a voce nao perder esse show, caso ele passe pela sua cidade.
Daqui, posso dizer que cantar "Beautiful Day" com mais de 70.000 pessoas embaixo de uma chuva torrencial foi uma experiencia incrivel.

Fui.

Tuesday, October 19, 2010

Sim, existe coisa pior que o Festival de Moscou: ser jurado no Festival de Moscou.

Os trabalhos premiados no Festival de Moscou voce provavelmente nunca vai ver. E nao eh porque sao “fantasmas”, como nos outros festivais. O problema eh que os trabalhos sao Russos e, normalmente, ruins demais para sequer fazer parte do shortlist de qualquer outro festival. Um dos problemas eh a panelinha/amizade entre os donos de agencia, que querem premiar trabalhos terriveis como modo de agradar colegas de profissao. O outro problema eh que os jurados nao querem pensar. E isso eh fundamental num festival de propaganda.
Mas vamos comecar pelo comeco.
O Festival de Moscou estava comemorando 20 anos este ano. O fato de voce nunca ter ouvido falar nesse Festival jah dah uma ideia de quao serio ele eh. Na falta de termo melhor, eh uma piada. Para comecar, metade dos jurados nao trabalha em criacao. Para completar, mais da metade nao fala ingles. Ou seja, discutir ideia e conceito, ou simplesmente ouvir a opiniao do Presidente do Juri (Sua Excelencia Jean-Remy Von Matt, fundador da Jung Von Matt), nao era possivel. No primeiro intervalo, Jean-Remy me disse: “Em geral, o clima eh tao tenso nesses festivais. Aqui nada eh levado a serio. Todo mundo parece estar se divertindo.”
E estavam mesmo.
Faziam piada com o trabalho dos outros, votavam em trabalhos ruins soh porque eram “engracados”, bancavam os criticos serios para eliminar trabalhos internacionais. Ridiculo.
Ateh aqui, o amadorismo estava todo nas costas dos jurados, mas o pior ainda estava por vir.
Apos julgar uns 150 trabalhos de TV e mais uns 100 de midia impressa, comecou o martirio. Esse ano foram criadas categorias “sociais”. 9 categorias para ser mais exato: campanha beneficiente, campanha beneficiente nao realizada, Russia Saudavel, campanha beneficiente regional, campanha beneficiente em midias alternativas, Young Creatives, Estudantes, Parodias e Fotografia. Essas campanhas eram gratuitas e nao tinham nenhum criterio. Nao havia SEQUER um brief para criacao. Se, as vezes, jah eh dificil entender um anuncio quando voce conhece o produto, imgine quando nao existe nem mensagem. Meu anuncio favorito era um gordinho dando uma enterrada numa cesta de basquete colocada no meio da selva, sob o titulo “Eu encontrei a minha paz. Encotre a sua.” Um total de 450 pecas nao pagas e sem nexo, versus 250 pagas e que dao ao Festival o minimo prestigio que ele ainda tem.
Se a ditadura soubesse do Festival de Moscou, a vida deles seria muito mais facil. A tortura pela qual eu passei deixa marcas indeleveis na mente, mas nao produz nenhum hematoma ou evidencia fisica. Duas sessoes de 15 horas cada foram suficientes para que eu confessasse abertamente: se voce sente o minimo orgulho pelo seu trabalho, jamais mande ele para o Festival de Moscou. Nunca mais vou fazer parte deste juri. Juro.

Fui,

A

Monday, September 20, 2010

Bem-vindo a Montenegro. Mesmo que voce nao se sinta bem-vindo em Montenegro. Welcome to Montenegro. Even though you might not feel welcome in Montenegro.


Top view of Budva.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Montenegro eh um desses paises que voce nunca vai colocar na sua lista de prioridades. Eh um pais pequeno, cercado de paises um pouco maiores e mais famosos que te oferecem praticamente a mesma coisa: tempo bom, praia e um pouco de cultura. Para quem mora na Russia, os dois primeiros motivos sao suficientes para uma visita. Ainda mais quando eles estao a 3 horas de distancia de Moscou, por um preco razoavel e em horarios extremamente convenientes. Mas esse post eh sobre um aspecto menos interessante de Montenegro: a qualidade do servico.
O sorriso do guarda na imigracao me deu uma falsa ideia do que estaria por vir durante a minha curta estadia por lah. Acho que eles acreditam piamente que a primeira impressao eh a que fica porque a segunda foi terrivel. Me aproximei do balcao de informacoes do aeroporto para saber qual seria o melhor meio de transporte ateh Budva. Para comecar, esperei a moca terminar sua ligacao que soava extremamente importante a julgar pelo que ela ria.

Eu: Bom dia, qual eh o melhor meio de transporte ateh Budva?
Ela: Taxi.

Eu: Para quem estah sozinho eh mais barato do que alugar um carro?
Ela: Nao sei. Pergunte no guiche onde se aluga carros.

Silencio.

Olhando para aquela cara de quem parecia estar chupando um limao azedo, agradeci a gentileza e me retirei. Achei um taxista que me pareceu decente e segui para Budva.
Alem de me cobrar 30 Euros a mais do que o normal, o taxista quase matou nos dois umas 3 vezes. Pelo menos ele pediu desculpa pelo susto depois de cada semi-acidente.
Ao chegar no hotel, outra surpresa… Ops, pera ai, preciso reescrever esta frase. Ao chegar no melhor hotel SPA de Budva, cuja diaria custa 300 Euros, outra surpresa: meu quarto nao estava pronto. Nem o meu nem o de outros 12 hospedes. E nao estamos falando de early check-in: eram 2 da tarde.

Eu: Jah entendi que o meu quarto nao estah pronto. O que eh que voces vao me oferecer em troca?
Eles: O senhor pode deixar suas mala aqui e esperar em uma das 3 piscinas enquanto o quarto fica pronto.

Eu: E quanto tempo voces precisam para arrumar o quarto?
Eles: De 20 minutos a uma hora. Nos vamos ateh o senhor assim que ele estiver pronto.

Aleluia. Eles viriam ateh mim: suado depois de 3 horas de voo, mais uma hora de taxi assassino e vestido embaixo de um sol de 35C. Que privilegio.

Entre outros exemplos, vale ressaltar um que resume a qualidade de servico que eu encontrei por lah. A rua da praia estah sempre cheia de turistas, mas curiosamente a barraca de sorvete estava vazia. Achei que eu estava fazendo um favor para a mulher de comprar o meu sorvete lah. Ela me serviu e falou: “Um Euro e vinte centavos.” Eu dei uma nota de 20 Euros e qual nao foi a minha surpresa ao ver a reacao da moca. Uma cara de desgosto e odio. Parecia que eu tinha para uma freira tirar a roupa.

Se nao fosse a impressao geral que o servico me causou, diria que Montenegro eh uma opcao ideal de turismo. Paisagens maravilhosas, mar limpo, sol e ceu azul. Tudo isso temperado com historia, gente que fala Russo e a uma distancia minima de Moscou. Se Bosnia, Serbia ou Albania estiverem no seu roteiro de viagem, de uma esticada ateh Montenegro. Hmmm. Eh, acho que vai ficar para outra vez.

Fui.
_______________________________


Montenegro is one of those countries that will rarely figure at the top of anyone’s destination list. It’s a small country, surrounded by slightly bigger and slightly more famous countries that offer almost the same: good weather, beaches and a bit of culture. If you live in Russia, the first two reasons are more than enough for a visit. Especially when they are only 3 hours away, for a reasonable price and very convenient flight times. But this post is about a less interesting aspect of Montenegro: the quality of service.
The welcoming smile from the passport control officer gave me a false idea of was about to come. They are probably firm believers that “first impressions are the most lasting”. In my case, it lasted exactly 2 minutes. As soon as I walked into the arrivals terminal, I headed towards the information desk to find out what was the best way to get to Budva. First, of course, I had to wait for the lady to finish her call, which sounded extremely work related judging by her laughter.

Me: Good morning, what is the best way to get to Budva?
Her: Taxi.

Me: Even if I’m alone? Maybe it’s cheaper to rent a car?
You: I don’t know. Ask at the rent-a-car counter.

Silence.

Looking at the face of someone who seemed to be sucking bitter lime, I decided to thank her for her attention and leave. I then found a taxi driver who looked decent and left to Budva. Besides charging me 30 Euros more than usual (as I later found out), this driver almost got us killed 3 times. At least he apologized after each semi-crash. At last, I arrived at the hotel… Hmmm, let me rephrase that. I arrived at the best SPA hotel in Budva, with daily rates of 300 Euros and what did I get? More bad news. My room wasn’t ready. Neither mine, nor the rooms of 12 other people. And we’re not talking about early check-in. It was 2PM already.

Me: I understand my room is not ready yet. How will you compensate me for this?
Them: You can drop your bag here and wait next to one of the 3 swimming pools while we clean the room.

Me: And how much time you need to clean the room?
Them: Between 20 minutes and one hour. We’ll let you know as soon as it’s ready.

Wow. They would let ME know. Me = sweaty from a 3 hour flight, plus one hour in the killer taxi and still dressed under a 35C sun. What a privilege.

Among other examples, there’s one more worth highlighting. It sums up the level of service I met in Montenegro. The pedestrian street by the shore is always full of tourists. Funny enough, the ice-cream stand was empty. I thought I was doing the owner a favor by buying an ice-cream from them. The lady gave the ice-cream and said “One Euro, twenty cents.” I gave her a 20 Euro bill and, to my surprise, she almost took the ice-cream back. How dare I demand that much change for one ice-cream. She looked at me with such disgust… It was as if I had asked a nun to take off her clothes.

If it wasn’t for the service, I’d say Montenegro is an ideal tourist destination. Beautiful landscapes, clean water, sun and blue sky. Add to that a bit of culture and people who understand Russian, just a short flight away from here. So, if Bosnia, Serbia or Albania are part of your next trip, make sure you plan a little visit to Montenegro. Hmmmmm. Understood. Ok, maybe next time…

Friday, August 06, 2010

As ultimas semanas em Moscou.


Morning in Moscow.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Se voce entendeu o duplo sentido da frase acima, pode pular para o proximo blog. Se voce eh um pouco mais devagar, ou nao tem assistido TV, nem lido nada nos ultimos tempos, continue lendo.
Nas ultimas semanas, a temperatura em Moscou nao cai abaixo dos 30 graus. Eh recorde de temperatura atras de recorde de temperatura. Outro dia fez 41 na sombra. Inacreditavel. Mas esse post nao eh sobre a temperatura por aqui: eh sobre uma das consequencias da onda de calor.
Moscou estah cercado por vegetacao e combustiveis naturais. Quando a temperatura sobe demais, esses combustiveis entram em combustao e incendeiam tudo que estah ao redor. Sem chuva, ambos permanecem em combustao. Ha semanas... Moscou estah afundada numa nuvem de fumaca que soh piora a cada dia (eu quase nao consigo ver o predio do outro lado da rua).
Eh um cenario apocaliptico, que jah faz as pessoas comentarem que o fim pode estar mais proximo do que parece e que estamos vivendo as ultimas semanas. Entendeu?

Fui. Cof. Cof.

Thursday, July 29, 2010

“In the dark… For a while now… I can’t stay…”

Ha algumas semanas eu fui a um restaurante chamado "V Temnote" (“No Escuro”, em russo). Eh parte de uma rede mundial de restaurantes criados para estimular os seus sentidos. Voce pode ler mais sobre o conceito da rede aqui.
Como voce deve saber (afinal, voce estah LENDO este texto), a visao eh nosso sentido mais apurado. Eh atraves dele que nos guiamos pelo mundo, fazemos escolhas e avaliamos o mundo ao nosso redor. O que fazer quando essa cachoeira de informacao seca e voce tem que apelar para a audicao, o tato, o olfato e, ao criar coragem, o paladar? A resposta eh: muita coisa. Tudo aquilo que nohs consideramos normal desaparece. Voce nao sabe o que eh que estah no seu prato, como cortar a cominda, se ela estah quente ou fria, se eh uma entrada ou um prato principal e, principalmente, se aquilo que estah na sua mao eh comida ou decoracao da mesa.
A bem da verdade, tirando (em parte) a lambuzeira que eh comer no escuro, comer eh a parte mais simples e trivial do processo. O que o seu corpo experimenta a partir do momento em que voce entra no restaurante eh quase indescritivel. Nao existe sequer luz de emergencia. Durante os primeiros 15 minutos, seus olhos correm em todas as direcoes procurando qualquer fonte de luz. Eh cansativo demais. As vezes, voce tem a impressao de estar vendo coisas, igual aas pessoas que sentem coceira no peh depois de amputar a perna. Quem sofre de claustrofobia nao pode nem pensar em jantar nesse lugar.
Uma vez que seus olhos desistirem de enxergar, eh hora de usar as maos e os ouvidos para entender um pouco mais do ambiente ao seu redor. Quantas pessoas estao jantando ali naquele momento? Onde eh que voce estah sentado? Perto da parede? Do corredor? Onde estao os talheres (inuteis), a cesta de paes, o copo (cheio ou vazio?) e as garrafas de bebida?
Depois desse exercicio, eh hora de descobrir o que voce vai comer. As unicas opcoes que voce tem antes de entrar sao: carne, frango, peixe ou vegetariano. A partir dai, boa sorte. Eh mao no prato e nariz na comida (muitas vezes literalmente). Nao ver o que se come reduz draaaasticamente o apetite. Gula simplesmente nao existe num ambiente assim. Eu estava completamente satisfeito depois da salada.
Um dos aspectos mais interessantes do restaurante eh a companhia que voce leva para lah. Uma vez que nao ha necessidade de encenar e nao existem “silencios desconfortaveis”. Silencio eh silencio. Eh quase como se todo mundo sempre andasse de oculos escuros. Sem o olho no olho, tudo se torna mais leve. Talvez ateh verdadeiro. Tem que experimentar para ver.

Alem de estimular os sentidos, No Escuro eh tambem uma licao de humildade. Todos os funcionarios sao cegos. Essa inversao de papeis eh extremamente interessante. De repente, voce nao consegue andar do lobby do restaurante ateh a sua mesa sem o auxilio de uma pessoa que voce nunca julgou essencial na hora de se orientar. Eu adorei.

Nao sei se a segunda vez eh tao interessante quanto a primeira. Espero que ela seja um pouco mais prazeirosa, para que eu possa curtir mais a culinaria e os sentidos que eu uso tao raramente no dia-a-dia.

Fui.

A

Tuesday, June 01, 2010

Bem-vindo ao chao.


Knee on the ground.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Diz o ditado que do chao nao passa. Mas ninguem explica quao complicado eh chegar ao chao (de proposito e sem se machucar). Por isso, depois de 17 anos pilotando motos, resolvi aprender a pilotar uma moto. Nao eh facil.
Para comecar, tudo que eu pensava ser certo estava errado e, tudo que eu pensava ser errado, eh a mais pura verdade. Para passar da teoria aa pratica, fui para Calafat, na Espanha, estudar com a melhor escola que existe: California Superbike School.
O primeiro dia foi o dia de quebrar paradigmas: acelerar em curva, ignorar os instintos, ensinar os olhos a enxergar de novo, etc. Cada uma das 5 sessoes de teoria eh seguida de 20 minutos na pista, com um instrutor na sua cola (ou na sua frente) falando o que e como fazer.
Logo na primeira sessao, a primeira surpresa. Durante as primeiras 3 sessoes de pista (1 hora de pilotagem), a moto deveria permanecer em 4a marcha e eh proibido usar os freios. Essas palavras foram seguidas de riso. Um riso que foi se transformando num riso nervoso (aqueles que voce solta quando estah com medo e finge que estah tudo sob controle). Depois de alguns segundos, todos ficaram quietos e foram checar os equipamentos antes de ir para a pista.
Lah fomos nohs: 32 alunos, montados em 32 motos com no minimo 100 cavalos, rodando numa pista que ninguem nunca tinha rodado. Logo na saida dos boxes, a primeira curva. Fechada. E todos atras do instrutor a 80km/h. Assim que chegou a curva, pensei: “F***u. Mas se as outros motos nao cairam, nao vai ser a minha que vai cair”. E ela deitou sem medo nenhum, com calma e suave. Essa mesma curva, ao final do segundo dia, eu jah estava fazendo a 100km/h. A quantidade de tracao que esses pneus tem eh INCREDITAVEL.
Nao vou entrar em detalhes sobre todos os exercicios porque, para a maioria dos 6 leitores do blog, nao sao interessantes. Soh vou falar de mais 2 momentos “F***u” que eu passei ao longo dos dias. O primeiro foi num exercicio de visao periferica, quando eu passei o ponto de curva e passei reto numa curva a 130km/h. Entrei na caixa de brita e lembrei das palavras que o instrutor tinha falado ao longo do dia: “A moto seria muito mais feliz sem nohs. Ela sabe para onde ir e como ir. Nao tente intervir”. Tirei o banco do assento, larguei o guidao e, aos trancos e barrancos, a moto passou ilesa pelo obstaculo. Amazing.
O segundo momento foi muito mais prazeiroso. Foi quando, numa das curvas, eu deitei mais do que o usual e senti o joelho raspar no chao. A reacao imediata foi tirar o joelho. Mas quase na mesma velocidade, senti uma alegria incontrolavel e baixei o joelho ainda mais. Fazer uma curva com a moto deitada no chao eh uma sensacao indescritivel. O duro agora eh sentar no escritorio, olhar as fotos e saber que tem gente que vive disso...

Fui.

Thursday, May 13, 2010

Mais um dia vitorioso.

Dia 9 de maio foi o aniversario de 65 anos do final da 2a Guerra.
Aqui ele eh chamado de Dia da Vitoria.
E foi mesmo.
Mais um dia de descanso.
Mais um dia com o tempo perfeito (eles bombardeiam o ceu, como voce sabe).
Eu consegui acordar e ir para perto da Praca Vermelha tendo dormido 2 horas.

Pelo que eu percebi, a celebracao desse ano foi extremamente especial pelo aniversario de 65 anos, mas tambem por ser (provavelmente) o ultimo grande jubileu com veteranos ainda vivos.
Vamos ver o que eles vao fazer ano que vem.

Fui.

Tuesday, May 04, 2010

Bem-vindo ao Japao. Welcome to Japan.

Para ser bem sincero, eu nao sei por onde comecar a escrever esse post. Apesar de ser um antigo sonho, ir para o Japao foi uma viagem para dentro de mim mesmo e uma festa para os sentidos. Meu chefe, que morou lah, disse: «Andreas, ir para o Japao eh o mais proximo que voce pode chegar de ir para outro planeta sem sair da Terra». Nao podia ser mais verdade.
Por isso, esse post vai ser uma avalanche de comentarios, emocoes e sensacoes que eu tive durante a viagem. Meu roteiro foi o seguinte: Toquio, Hiroshima, Miyajima, Kioto, Nara e Fujikawaguchiko. Foi um roteiro escolhido quase ao acaso, mas que me mostrou um pouco de cada faceta do Japao: tradicao, cultura, natureza e historia. Sugiro voce fazer o mesmo.
Apesar do roteiro (ou talvez por causa dele), nao vou separar o post por cidades: vou falar sobre algo maior, que eh estar nesse arquipelago intra-terrestre.

Para comecar, o que eh o Japao? O Japao eh uma terra de contradicoes. Eh um lugar onde voce pode estar cercado dos mais modernos arranha-ceus e, de repente, a 20 metros dali, estar num templo de 1000 anos, no meio das arvores no mais completo silencio. Onde as pessoas que estavam a honrar seus antepassados, saem para uma slot machine house, com centenas de caca-niqueis gritando e piscando sem parar. Onde ha maquinas para tudo: limpar seus oculos, secar guarda-chuvas, comprar cigarro, bebidas e ateh comida quente. Onde as coisas custam caro, mas o metro te devolve 10 centavos, caso voce nao tenha usado tudo que depositou no cartao. Onde dinheiro eh feito de papel bom e eh mais aceito que cartao. Onde poucos falam ingles (bem), mas todos estao prontos para te ouvir e te ajudar o quanto for necessario. Onde as pessoas gostam de voce pelo que voce eh e nao pelo que voce tem. Onde voce eh livre para vestir o que quiser (literalemente), mas todos os trabalhadores usam terno. Onde todos parecem voar a peh, de trem ou de metro, mas tudo eh feito com calma e cerimonia. Onde todos pensam em todos, mas respeitam as diferencas (sem inveja). Onde os trens voam a 300 quilometros por hora, mas nunca chegam 1 segundo mais cedo do que o previsto. Nem mais tarde (a media anual de atraso dos trens eh 0.3 minutos). Onde voce cruza o pais (a bordo desses mesmos trens) quase no mesmo tempo que voce precisa esperar para comer o sushi do Sushi Dai, no mercado de peixes em Toquio. Onde toda a comunicacao publica eh feita por meio de ilustracoes infantis, mas as criancas tem educacao e maneiras de adultos. Onde tudo eh entregue a voce frente a frente com as duas maos, seguido de uma reverencia (os vendedores saem de tras do balcao para entregar as compras). Onde a natureza nao eh apenas bonita, mas tambem parte da vida cotidiana (Macacos, tartarugas, cervos, etc. Todos vivem livres pela cidade). Onde se fala sobre o Monte Fuji com o mesmo respeito que outros paises falam de Deus. Onde a sexualidade eh contida no ambito publico, mas nao condenada ou escondida. Nao existe certo ou errado, moral ou imoral. Tudo eh certo desde que voce e a outra pessoa queiram fazer. Nao ha falta de pudor ou falsa moral pois todos sao livres e responsaveis pelas proprias escolhas. Eh o pais onde todas as pessoas vivem com um celular na mao, mas voce soh ve duas marcas: Soft Bank e Apple. Onde tudo eh perfeitamente embalado e, normalmente, tao saboroso quanto. Onde voce deve que experimentar de tudo que aparecer pela frente, dormir pelo menos uma noite num Ryokan (hoteis tradicionais), viajar de trem bala, se sentir pequeno perto do Monte Fuji, deixar a historia e a tradicao mudarem o jeito que voce pensa. Para melhor. Eh um pais onde os templos nao tem santos ou decoracoes, pois voce «reza» para os seus antepassados e nao para santos ocos, que nao sao nada mais do que mitos esculpidos em madeira e cobertos de ouro. Onde o jardim mais famoso tem apenas pedras cercadas de cascalho pois o jardim de verdade estah dentro de voce.

Independente de tudo isso, saiba que a experiencia que voce vai ter no Japao vai depender do Japao que voce trouxer consigo na mente e no coracao.

Fui.

A

PS – Assista Lost In Translation, caso ainda nao tenha visto.




To be honest, I don't know how or where to start this post. Even though going to Japan was an old dream, the trip itself happened inside of me and it was a feast for the senses. My boss, who lived in Japan, told me: «Andreas, going to Japan is the closest you can get to going to another planet without leaving Earth». He couldn't be any closer to the truth.
That's why this post will be an avalanche of comments, emotions and sensations I've felt during the trip. I went to the following cities: Tokyo, Hiroshima, Miyajima, Kyoto, Nara and Fujikawaguchiko. The selection was quite random, but it gave a good picture of each remarkable thing about Japan: tradition, culture, nature and history. I suggest you do the same on a first trip to Japan.
But despite the cities I went to (or maybe because of them), I decided to make a general post about the country. About something greater, which is being in those intra-terrestrial islands.

For starters, what is Japan? Japan is a land of contradictions. It's a place where you can be surrounded by the most modern skyscrapers and then, suddenly, 20 meters from there, be inside a 1000 year old temple, in a forest, embraced by the utmost silence. Where people who were honouring their ancenstors, go straight to a slot machine place, where hundreds of machines shout and beep and blink their lights. Where you have machines for everything: cleaning your glasses, drying your umbrella, buy cigarettes, drinks and even hot meals. Where things are expensive, but the metro will give you 10 cents back in case you didn't use up all your credit. Where money is made of good paper and it's more accepted than cards. Where very few people speak English (well), but eveyone is ready to listen and to go out of their way to help you. Where people like you for what you are and not what you have. Where you are free to wear whatever you feel like (literally), but every single employee wears a suit. Where people seem to fly by foot, bus or train, but everything is done slowly as part of a ceremony. Where everyone thinks about everyone, but respect difference (without envy or jealousy). Where trains fly at speeds over 300 km/h, but are never ahead of time. Or behind (last year's average delay was 0.3 minutes). Where you can cross the country (in these very same trains) in the same time it takes you to get a place at Sushi Dai, inside Tokyo's Fish Market. Where all public announcements are made in the form of childish illustrations, but the children are as polite and well behaved as adults. Where everything is handed to you, with both hands, followed by a bow (shop vendors will leave the cashier and walk around the counter just to hand you your items). Where nature is not only beautiful, but part of everyday life (mokeys, turtles, deers, etc. All live freely in the cities). Where you speak of Mount Fuji with the same respect other countries talk about God. Where sexuality is not explicit in public, but also not condemned or hidden. There's no right or wrong, moral or immoral. Everything is right if you and the other party wants to do so. There's no false moral because people are free to choose and responsible for their choices. It's a country where everyone has a phone in their hands 24/7, but you only see 2 brands: Soft Bank and Apple. Where everything is beautifuly packed and tastes just as good. Where you must try every food you come across, sleep at least one night at a Ryokan (traditional hotel), ride the bullet train, feel small next to Mount Fuji, let history and tradition change the way you think. For the better. It's a country where temples have no saints or decoration because you pray for your ancestors and not hollow icons, which are nothing more than myths sculpted in wood and covered in gold. Where the most famous garden has nothing but rocks surrounded by smaller rocks because the real garden is inside of you.

Despite all that, be sure that the experience you will have in Japan will depend on the Japan you take there with you, inside your heart and your mind.

Cheers,

A

PS – Watch Lost In Translation, in case you haven't done so yet.

Friday, April 23, 2010

De volta a Minsk.


When I'm Old
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Logo depois de Dublin, voltei para Minsk. Fomos para lah comemorar o aniversario do Rondon, que mora aqui em Moscou tambem. Nao eh preciso dizer que tendo dois dias para celebrar, o resultado foi duas ressacas. E uma cabeca careca.
Ao voltar da balada, pensei (e todo mundo concordou) que era hora de ver que aparencia eu teria caso ficasse careca. Ideias daquelas que soh fazem sentido bebado, aas 5 da manha. Sem mais.

Fui.

A

Bem-vindo a Dublin.

Antes de comecar, devo dizer que estou retornando ao antigo formato. O motivo eh simples: os poucos leitores com os quais eu me importo sao brasileiros e querem texto. Logo, no more English (essa eh a unica frase desse post que os estrangeiros vao entender). Vamos lah.

A sensacao que eu tive ao chegar na Irlanda foi a mesma que eu tive ao chegar ao Cazaquistao: "Caramba, nao eh nada do que eu imaginava". O erro, neste caso, nao se deve a um filme (Borat). Talvez mais ateh pela ausencia de um filme. A posicao geografica, a lingua e a tradicao dos pubs, me fez pensar que Dublin era uma mini-Londres. Nada disso.

Para comecar, em Dublin nao se fala soh Ingles. Se fala Ingles e Irlandes, que eh uma lingua descendente dos Celtas (que colonizaram a ilha muito antes dos Ingleses invadirem), e TODAS as placas estao escritas nas duas linguas. Dublin, apesar de ser a maior cidade da Irlanda, eh uma cidade extremamente aconchegante. Dah para fazer tudo a peh e, nao por acaso, voce vai acabar trombando com as mesmas pessoas nas principais vias de pedestres umas 3 vez por dia. Acredite.
Fazer a peh, para mim, contudo, nao significa esquecer dos fatores climaticos, que parecem nao afetar os Irlandeses. Nos dias que eu estive por lah, apesar do Sol, a temperatura estava na faixa dos 5C. Mesmo assim, todo mundo estava na rua de camiseta e shorts. Parecia pegadinha. A qualquer hora, eu estava esperando alguem chegar e dizer: “Ok. Pode relaxar. Olha ali para a camera e de um tchau”. Mas acho que o Silvio Santos eh uma realidade ainda mais distante para eles.

Outra coisa que eu senti em Dublin foi que, mesmo apaixonados por briga, os homens (bebados ou nao) sao menos confrontadores dos que os Ingleses que eu vi em Londres. Se cutucados, saia da frente. Mas, em geral, me pareceram mais afim de barulho e diversao do que violencia.

Dublin tem uma serie de locais historicos que valem a pena conhecer. Nao vou perder tempo falando de cada um deles porque voce vai achar todos eles em qualquer Guia Turistico. Soh sugiro nao perder o pequeno Museu dos Impostos e da Alfandega. Fica atras da Royal Chapel, no Dublin Castle. Eh uma portinha quase invisivel, mas o museu (gratuito) tem varios artigos engracacos, como a privada para traficantes de cocaina. Olha a foto no Flickr.

Uma coisa que voce nao vai ver em nenhum Guia Turistico eh a falta de educacao dos Irlandeses no cinema. TODO MUNDO joga TUDO que sobrou no chao. Pipoca, bala, refrigerante, sanduiche. Todas as fileiras do cinema ficam tomadas de lixo no final de cada sessao. A foto no Flickr nao faz juz aa impressao que voce tem pessoalmente. Eh ateh dificil entender de onde vem essa “tendencia”.

Alem do cinema, foi em Dublin que eu fiz o meu primeiro barbeado profissional. Nao, minha barba nao ficou mais fechada: continua rala e miseravel. O que eu chamo de barbeado profissional eh ser barbeado por um barbeiro. Vale muito a pena. Leva uma meia hora, mas eh quase uma massagem. Toalha quente, cremes, pincel, navalha... Ops... Eh, a parte da navalha da um certo medo, mas eh experiencia. Tem que arriscar.

Uma coincidencia maravilhosa foi a passagem da Dave Matthews Band por Dublin exatamente nas datas que eu estava por lah. Melhor do que isso foi saber que, fora dos EUA, os shows dele sao ainda melhor. Imagine: eu cheguei ao O2 Arena (em Dublin tambem tem) 40 minutos antes do show. Como do lado de fora tudo estava muito calmo, imaginei que teria que me esmagar para chegar perto do palco. Passei pela seguranca e fui para a pista. Na pista (juro para voces), devia ter umas 70 pessoas. Espalhadas. Assistindo ao show de abertura. Comprei uma cerveja e me acomodei em frente ao palco. A pulga atras da orelha comecou a cocar demais quando faltavam 10 minutos e o lugar nao dava sinais de que ia encher. Perguntei: Tem outro palco aqui? Ou a DMB vai tocar aqui mesmo? A resposta foi um simples: Eh aqui mesmo. Assim que o show comecou, notei que o lugar estava quase cheio. Devia ter umas 500 a 1000 pessoas. NADA para o tamanho do lugar. Curti o show de quase 2 horas e meia em frente ao palco e ainda peguei a palheta do Dave. Inacreditavel. Agora jah sei que Dublin eh melhor do que Londres ateh nisso.

Fui.

A

PS - Mesmo em Dublin, dentro da fabrica, a Guinness continua ruim pra cacete.

Sunday, March 28, 2010

Tripping: Amsterdam.



Fui comemorar o Dia Dos Homens (23 de fevereiro) em Amstedam.

I went to Amsterdam to celebrate Men's Day (23rd of february).

A

Thursday, March 18, 2010

Key West, Miami and Lambo.



Passei por Miami para filmar a nova campanha de Orbit.

I was in Miami last month to shoot the new Orbit campaign.

A

Novo formato - New Format.

Resolvi fazer um teste para agilizar as atualizacoes do blog: video. Ao inves de achar tempo para escrever, edito um video com as coisas mais importantes e faco um resumo visual. Me diga o que voce acha do novo formato, por favor.

I decided to do a test, in order to speed up the updates in the blog: video. Instead of looking for free time to write, I just edit a video with the most important facts and make a visual summary of it all. Let me know what you think of the new format, please.

Friday, February 19, 2010

Ano Novo Inesquecivel. Por mais que eu tente apagar da memoria.


Bad News (Fireworks).
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Quase dois meses jah se passaram desde que eu fui para o Brasil celebrar Natal e Ano Novo. Mas soh agora consegui arrumar tempo para atualizar o blog. Coisas da vida.
O que contar a respeito da minha passagem pelo Brasil que voce ainda nao sabe? Hmmm… Talvez o cruzeiro de Reveillon.
Fazia tempo que eu queria fazer um cruzeiro. Fiz aquele que voce viu aqui no blog (entre Finlandia e Suecia), mas era soh um dia e quase nao deu para curtir o barco em si. Dessa vez deu.
Cruzeiro nao eh o tipico destino turistico de brasileiro. Brasileiro gosta de variedade e liberdade. Cruzeiro eh coisa de turista Americano ou Europeu que quer o maximo de diversao e alimentacao com o minimo de movimentacao. Ou mais precisamente, como revelou a pesquisa da Royal Caribbean, sao para os:

Overfed,
Newlywed,
Almost dead!

Mesmo nao fazendo parte de nenhum desses grupos, adorei. Se tem uma coisa que eu gosto eh conseguir fazer o maximo de coisas que eu gosto no periodo de um dia. No navio, por ter tudo aa mao, comida sempre disponivel, areas diversas e atividades proibidas em terra (casino), eu consegui achar tempo para fazer tudo que eu queria: estudar Russo, ir na academia, tomar sol, jogar poker, fazer massagem, dancar, etc. O tempo que sobrava entre as atividades, eu usava para comer e dormir. Some tudo isso ao lucro que eu tive no poker durante o cruzeiro (veja o que eu fiz no proximo post) e voce diria que esta foi a melhor viagem do mundo.
Ha Ha Ha. Senta que lah vem a historia (voce jah deve estar sentado, mas essa frase sempre adiciona um pouco de suspense aa narrativa).
Tudo comecou no dia 28 de dezembro, quando um dos responsaveis pelo bar se aproximou do nosso grupo e perguntou: “Voces nao querem garantir a champanhe do reveillon e comprar agora?” Como nao vimos nenhuma desvantagem, resolvemos comprar. Compramos 2 garrafas de Veuve Clicquot e nao pensamos mais no assunto. Dia 31, fomos jantar e nem sinal da champanhe. Durante o jantar, a unica coisa que nohs notamos foi que nosso barco nao parava de navegar para cima e para baixo da Baia de Copacabana. Lah pelas tantas, veio o primeiro banho de agua fria.
Imagine a voz de um Noruegues tentando ser afavel: “Ladies and Gentlemen, unfortunately, due to reasons I cannot understand, our ship has been moved to a different position. I hope we can see anything during the fireworks. Enjoy your dinner.”

(Silencio total no navio.)

Logo depois, veio o Diretor do Cruzeiro, Leo Papa, num tom mais malaco, tipico de quem quer se ausentar de culpa: “Senhoras e senhores, por motivos que nao podemos compreender, a Marinha brasileira estah nos ameacando. Disseram que vao usar a forca caso nao aceitemos colocar o barco mais longe da orla.”

(Mais silencio.)

O silencio era mais nas outras mesas do que na nossa (nohs ainda estavamos pensando nas garrafas que nao chegavam). O motivo de tanto silencio era que o Vision Of The Seas (nosso barco) tinha sido anunciado como “O navio com a melhor vista dos fogos de Copacabana”. E o que estava para acontecer era uma castrofe de proporcoes inimaginaveis…

Mas voltemos ao que importa: eu. Apos o jantar, resolvemos ir ateh a recepcao do navio para entender o que estava acontecendo com a champanhe. Ao chegar lah, vimos uma multidao gritando com a equipe do navio. Pensamos que o problema era a champanhe ateh alguem dizer: “Que champanhe? Voce nao viu onde nosso barco estah?”

Foi entao que resolvemos ir ateh o deck para entender o que estava acontecendo. Para nossa surpresa, o que vimos nao foi a esplendida orla de Copacabana, mas um petroleiro e um barco da marinha com um holofote virado para nohs. De onde estavamos (basta ver a foto), nao deu nem para OUVIR os fogos. Se para nos a desgraca foi pouca, para outros nem tanto. Teve gente que MORA em Copacabana e comprou o pacote com um ano de antecedencia para ver os fogos de frente. Gente que veio de for a do pais, de outras partes do Brasil, etc. Nao aa toa, o resto do Cruzeiro foi quase um motim contra o capitao e a Royal Caribbean.

E, caso voce nao tenha se esquecido de mim, ainda tem a champanhe. A explicacao foi quase tao simploria quanto a do capitao: “Desculpe, mas a Veuve Clicquot acabou. Nohs nao contamos corretamente o numero de garrafas.” Como se fosse facil de engolir. Eu comprei as garrafas dia 28 de dezembro. Qual eh a dificuldade de nao vender as garrafas? Amazing…

O que vai acontecer com a Royal, se vamos receber qualquer tipo de compensacao, se vai acabar em pizza, eu nao sei. Soh sei que mais uma vez consegui uma historia inesquecivel para contar.


Fui.

Monday, January 11, 2010

New York. Old York. Always York.


Up close...
Originally uploaded by Andreas Toscano.

Sold out? Don't think so.
Originally uploaded by Andreas Toscano.

Mumbai, NJ.
Originally uploaded by Andreas Toscano.

Rio De Janeiro, NJ.
Originally uploaded by Andreas Toscano.

The Master.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Dizem que depois de morar um tempo em Nova Iorque, a cidade penetra em voce e nao sai nunca. Tipo um virus que estah sempre na sua corrente sanguinea e, de vez em quando, resolve atacar. A vantagem de Nova Iorque eh que o comichao nao aparece porque um dia voce bebeu demais e fez algo duvidoso com alguem mais duvidoso ainda: ele aparece porque a cidade tem tudo que voce gosta em abundancia e variedade.
Por sorte, quando a coceirinha comecou, pintou um trabalho para fazer em Nova Iorque. Como era uma campanha grande, nos tivemos que ir bem antes da filmagem e voltar depois da edicao. Isso, em outras palavras, significa: tempo para curtir o que a cidade tem para oferecer.
A primeira parada, logo no primeiro dia, foi o Gotham Comedy Club, para ver um pouco de stand up comedy. Por sorte (como sempre), era noite com estrelas, apresentado pelo ator Anthony Anderson, com direito a shows do Tony Rock (irmao do Chris Rock) e outros. Isso foi soh o aquecimento para o dia seguinte.
Segundo dia, segunda-feira, dia de ver um dos meus maiores idolos ao vivo: Woody Allen. Apesar de nao ve-lo fazendo o que ele faz de melhor, passar a noite a meio metro dele se divertindo foi inesquecivel. Ele ainda teve chance de fazer algumas piadas, apesar da timidez. Clique aqui para ver ele ao vivo.
No terceiro dia, por sorte, aconteceu o show de lancamento do novo disco do John Mayer. Os ingressos se esgotaram em 10 minutos e eu nao tinha o meu, mas resolvi dar uma de brasileiro e comprar na porta. Como eu nao sabia o quanto os ingressos custavam, me propus a gastar US$XX e entrar no show. Logo na esquina, um figura se aproximou e ofereceu um ingresso. Vendo que mais para frente jah ficava perto da seguranca, resolvi comprar. Me custou 2/3 do US$XX. Achei que tinha feito um bom negocio ateh chegar na porta e ver a luz vermelha do aparelhinho do seguranca. FAKE. Toca a procurar o figura. Obviamente, ele jah tinha sumido. Achei um grupo de cambistas e eles me prometeram ir ateh a fila comigo por 1/3 dos US$XX. Concordei e, dessa vez, entrei. No final, o valor acabou sendo exatamente o que eu tinha me proposto a pagar e assisti a um show que eu queria ver ha anos.
O quarto e quinto dia foram dedicados ao trabalho. Tivemos filmagem das 7h da manha aas 21h em ambos os dias. Foi puxado, mas a producao compensou muito. No salao de festas de um hotel mequetrefe de Nova Jersey, eles recriaram um boteco brasileiro e um palacio indiano. Pode ver nas fotos. Eh inacreditavel o que eles fizeram. E como brasileiro e indiano nao falta em Nova Iorque, o casting tambem foi perfeito.
De volta aa diversao, era hora de ver a pessoa mais importante. O mestre, o incomparavel (nas palavras dele): Jerry Seinfeld. Para isso, tive que pegar 4 horas de onibus ateh uma reserva indigena onde fica o casino de FoxWoods, o maior do mundo. O cassino, apesar do tamanho, eh aquela coisa brega que americano adora: um Beto Carrero World depois de tomar bomba. Mas nao importa porque eu estava lah par aver Jerry Seinfeld. Eu e o mundo. Auditorio lotado e uma atmosfera comum que soava assim “nao acredito que eu vou ver o Seinfeld”. Todo mundo tinha um meio sorriso nos labios, se entreolhando como cumplices de um crime prestes a acontecer. Ele, claro, deitou e rolou em nos, sabendo que qualquer coisa que ele dissesse seria seguido de risos e palmas sem fim. Parecia um magico numa festa da AACD, de tao facil. Ah, antes que eu me esqueca, eu tambem tive problemas com o ingresso lah. Apesar de ter comprado com antecedencia, me ferrei. Comprei pelo site o ingresso mais caro, na fileira C, asento 14. Pensei “to na boca do palco”. Haha, ledo engano. Era C14 do balcao. Dali, o Seinfeld ficaria menor do a bola de futebol da arquibancada do Morumbi. Voltei da recepcao e comprei outro. Coisas da vida.
Para fechar a viagem, resolvi ir ao show do Robin Williams, que voltou depois de uma cirurgia no coracao. Ao assistir o show, entendi a razao do enfarte: ele fala 128 palavras por segundo, com uma media de 45,7 piadas por minuto. Voce mal consegue acompanhar o raciocinio dele. As vezes, voce ri porque estao rindo ao seu lado, enquanto seu cerebro tenta processar a antepenultima piada que voce ainda nao entendeu. Mas eh impressionante. E vale a pena. Eu nao era fan dele, mas virei depois do show (Opa!, Virei fan! Soh isso!). Se voce estiver em Nova Iorque, matando a saudade, o comichao ou pela primeira vez nao perca. Se perder, nao tem problema: garanto que voce volta para lah.

Fui.