Sunday, December 31, 2006

A terra do "Desculpe" e do "Va Se F*^%r!"
The land of "Excuse Me" and of "F*%k You!"

Nova Iorque eh um mar de gente. E nesse mar tem peixe de tudo que eh tipo. A maioria parece barracuda: mau encarado e bravo. Aqui, todo mundo se tromba literalmente. Ninguem olha por onde anda e ainda gosta de (tentar) passar por cima dos outros. Eh sair de casa para sentir uma trombadinha (ainda nao levaram minha carteira) e um "Desculpe" meio cuspido, quase inaudivel, seguido na mente por um "FDP", claro. Como se nao bastasse, a paciencia do Nova Iorquino esta sempre a ponto de explodir. Eh falar um "a" e nego ja manda todo mundo se f&%$r. Eh quebra-pau (verbal) pra todo lado: na rua, no metro, fila, bar, nao importa. As discussoes sao tao comuns que eu resolvi comecar a gravar (muitas sao hilarias). Clique aqui para ouvir a primeira. A traducao eh essa:

Velho bebado: Voce eh um homem ou uma mulher?
Mulher gorda: Mulher!

Velho bebado: E eu sou homem!
Mulher gorda: Entao se comporte como um homem!

Velho bebado: Entao sou gay. Eu levo no rabo! Eu levo no rabo!

Sem mais, bom Ano Novo a todos.

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New York is a sea of people. And in this sea there are all kinds of fish. Most of them are like barracudas: fearsome and aggressive. Here, you bump into people all the time literally. No one looks where they're going and actually try to walk over people. As soon as you leave your house, you'll feel a shoulder on your back and a spit "Excuse Me", barely loud enough to be heard, followed by a "Motherf$%^r" inside the mind, of course. If that's not enough, there's also the ready to explode temper of the New Yorkers. All it takes is one word to hear people sending everyone to hell and worse places. It's a constant (verbal) fight: in the streets, in the subway, buses, lines, bars, whatever. The fights are so common that I decided to record them. Click here to listen to the first one. The sound's pretty clear, but if you need help, here it is:

Drunk hobo: Are you a man or a woman?
200lb woman: I'm a woman!

Drunk hobo: Well, I'm a man!
200lb woman: Then behave like a man then.

Drunk hobo: Well, I'm gay. I take it up the ass! I take it up the ass!

That's all. Happy New Year for all of you.

Saturday, December 23, 2006

N(o/a)mes & Slogans.


Chocolate do Careca.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Pra fazer sucesso em NY, voce tem que ser diferente. Qualquer coisa que tenha um diferencial (por mais tosco que seja), vale mais. No caso dos produtos, isso significa maior volume de vendas e, no caso dos estabelecimentos, filas na porta ou precos mais altos.
A solucao para muitos produtos/lugares "commodities" eh criar um nome ou slogan que dificilmente possa ser imitado. Vou apenas citar os exemplos (ja traduzidos) porque acho que esse assunto eh meio auto-explicativo. E acho que voce vai rir tanto quanto eu quando caminho por Nova Iorque.
Um exemplo de nome para restaurante eh o "Gostoso O Suficiente Para Comer" (Good Enough To Eat). Nao sei de onde veio a ideia, mas acho que voce vai concordar que isso seria nivelar por baixo a comida, nao? Eles pensaram: "Acho que se oferecermos algo que eh gostoso o suficiente para ser comido as pessoas deixarao de comer plastico, nao?"
Jah no quesito slogans, a chocolateria Max Brenner vence: "Chocolate Feito Pelo Careca" (Chocolate By The Bald Man). Acho dificil imaginar quantas pessoas acham chocolate mais apetitoso pelo fato de ter sido feito por um careca. A nao ser no quesito higiene, claro. Dificilmente voce vai encontrar cabelo no seu chocolate, ne?
Entre os nomes de produto, nenhum bate o "Nao Acredito Que Isso Nao Eh Manteiga!" (I Can't Believe It's Not Butter!). Eh um substituto para manteiga, mais saudavel, mas aparente tao parecido com o produto original que nem o pessoal do departamento de marketing acreditou. Parece aqueles nomes do Brasil que o escrivao coloca a primeira coisa que ouve dos pais na hora do registro.
Dos slogans, fico com o do cha Tazo: "A Reencarnacao Do Cha" (The Reincarnation Of Tea). A ideia de que o cha morreu pra mim jah eh hilaria o suficiente. Acho que nem preciso entrar nos detalhes metafisicos da questao.

E por ai vai...

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To be successful in NY, you have to be different. Anything that has a differential (no matter how ridiculous it is), is worth more. For products, that means bigger sales volume and, for establishments, bigger lines at the door and higher prices.
The solution for most usual products/places is to create a name or a slogan that will hardly be imitated. I'll just mention some examples because this subject is pretty much self explanatory. And I believe you'll laugh as much as I do when walking around in New York.
An example for names of places has to be "Good Enough To Eat". I don't know where the idea came from, but I think you'll agree with me that this sets the bar really low for food standards, right? They must have thought: "I believe that if we offer people something that's good enough to eat, they definitely stop eating plastic, don't you?"
Moving to slogans, Max Brenner's chocolate shop deserve the award: Chocolate By The Bald Man. I find it hard to believe that people would think his chocolate is better because it's made by a bald man. Except when you talk about hygiene, of course. I mean, you probably won't find any hair in your chocolate, right?
Among product names, none is whackier than "I Can't Believe It's Not Butter". It's a butter substitute, healthier than butter, and (apparently) it's so close to its generator that not even the marketing department could believe. It looks like some names in Brazil, where the notary public just writes down anything the parents blurt out when he's writing.
From product slogans, I'll take Tazo tea's as the best: "The Reincarnation Of Tea". The very idea of dead tea is hilarious enough. I don't think I'll have to talk about the whole metaphysics of this matter.

And so on...

Wednesday, December 20, 2006

Gostosa passando em frente aa construcao.
Hottie walking by the construction site.


One way street: Gay St.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Apesar da Parada Gay do Brasil ser a maior do mundo, homossexualismo ainda eh tabu no pais. Dificilmente voce entraria num escritorio de advocacia e veria dois advogados de maos dadas como se nada estivesse acontecendo. Alias, acho que se voce visse isso, dificilmente daria seu caso (sem trocadilho) a eles.
Aqui eh difierente: ao inves de caminhar na Paulista num dia especifico, eles se caminham em todo o canto a toda hora. E aqui, eles sao realmente livres para curtir a opcao deles. Nao tenho nada contra, mas tem uma coisa que me irrita que eh o olhar "vem pra Caixa voce tambem, vem". Eles nao entendem que um homem alto e forte possa ser heterossexual. Pelo menos em NY.
Depois de um tempo caminhando, eu entendo a reclamacao de todas as mulheres de classe no Brasil. Abre aspas. "Meu, os caras olham para a minha bunda sem a menor vergonha e ainda fazem aquela cara de vem comigo". Eh exatamente isso que eu penso aas vezes. Tem uns caras que olham tanto que eu ate checo se nao esqueci de vestir as calcas antes de sair de casa. Mas fazer o que, ne?

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Although the Brazilian Gay Parade is the biggest in the world, homosexuality is still a taboo in the country. You'd hardly ever see two men holding hands in a law office as if nothing was happening. And if you did, I bet you wouldn't let them go over your delicate issues (no pun intended). Here it's all different: instead of walking down the Paulista avenue on a specific date, they walk everywhere all the time. And here they are really free to enjoy their option. I have nothing against other people's orientation, but there's something that annoys me and that is the "you-don't-know-what-you're-missing-and-I-can-show-you" look. They can't understand how a tall strong man can be heterosexual. At least in NY.
When I go out for a walk, I understand what classy women complain about. Open quotation marks. "Men look at my ass with no constraint whatsoever and still give me that "I'm horny" look." That's exactly what I think sometimes. Some men stare so much that I have to check and see if I didn't forget to wear my pants before I left home. But what can I do, right?

Monday, December 18, 2006

Buracos misteriosos.
Mysterious holes.


Buracos na rua...
Originally uploaded by Andreas Toscano.
O asfalto de NY nao eh lah aquelas coisas, mas tem muito menos buracos que o de SP. Aqui, os buracos sao abundantes na calcada. Na frente de quase todos os estabelecimentos comerciais tem um (com um cadeado gigante, claro). O motivo eh simples e pratico: acesso direto aa cozinha ou aa dispensa/estoque.
A unica coisa digna de nota, alem de nunca ter reparado isso em outras cidades, eh que esses buracos dao um som engracao ao caminhar. Voce da tres passos no concreto (quase) em silencio e dois passos estrondosos na tampa de metal.

Atendendo ao pedido da minha irma, coloquei a foto do predio dos Friends e a casa de madeira (com meu predio ao lado) no Flickr.

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The asphalt in NY is far from ideal, but has less potholes than the one from Kiev. Here, the holes are more abundant on the sidewalks. There's one in front of almost every establishment (with a big lock, of course). The reason is simple and practical: direct access to the kitchen or the storage room.
The only thing worth noticing, besides the fact that I've never seen this in other cities, is the fact that those holes provide a walking tune. You take three quiet steps over the concrete and two noisy ones over the metal doors.

Answering my sister's request, I've uploaded the pictures of the Friends' building and the wooden house (next to my building) to my Flickr.

Tuesday, December 12, 2006

Usando Dolares.
Using Dollars.

Apesar de ja ter viajado muito e ter lidado com dolares diariamente na Ucrania , comecei a estranhar o fato de, agora, o Dolar ser minha moeda corrente. O Dolar sempre teve um que de viagem, de moeda internacional. Andar com dolares tinha, ao mesmo tempo, um ar de status e de turismo. Era como saber que se estava viajando. Mesmo na Ucrania, o Dolar me fazia sentir um pouco turista.
Devido a isso (talvez), eu gastei mais do que precisava nos primeiros dias. Voce se sente viajando e se esquece um pouco de que quando o dinheiro acabar, voce nao vai voltar pra casa, trabalhar e juntar mais dinheiro. O que voce tem eh o que voce tem.
Agora que jah me habituei, acho divertido ver como tantas nacionalidades habitam o solo sobre os mesmos olhos protetores do Sr. George Washington. Ou Benjamin Franklin se voce for mais afortunado.

Mudando de assunto, queria completar o assunto sobre o meu apartamento. Parece que alem de estar bem localizado, com um preco bom e um apartamento impecavel, eu tambem faco parte do roteiro turistico da cidade. Comecei a notar que de quando em quando havia um grupo de turistas em frente ao meu predio, com um guia gritando um monte de coisas.
Descobri que o meu predio fica na frente do predio onde "moravam" os Friends da serie e o predio ao lado do meu eh a casa de madeira mais antiga de NY. Brincadeira?

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Although I have traveled a lot and that have dealt with Dollars during my whole time in Ukraine, I find it a bit strange now that Dollars are my current currency (no pun intended). The Dollar always had a traveling or foreign connotation. Dollars conveyed the idea of status and tourism at the same time. It was like being sure to be on a trip. Even in Ukraine, the Dollar always made me feel a bit like a tourist.
(Maybe) Because of that, I spent more than needed during my first days here. You feel like you're traveling and forget that, now, when the money runs out, you're not going home to work and make more money. What you've got is what you've got.
Now that I've gotten used to that, I find it amazing how so many nationalities can live under the caring eye of father George Washington. Or Benjamin Franklin for the more fortunate.

Changing subjects, let me add a few things about my apartment. It seems that not only I live in a cool street, paying a "fair" rent and in a recently refurbished apartment, but also that I'm part of the city's attractions. Recently, I noticed that groups of tourist always gather in front of my building to listen to the shouting guide. Then, I found out that I live across the street from the building where the Friends "lived" in the sitcom and also that the town house next to my place is the oldest wooden house in Manhattan. How cool is that?

Thursday, December 07, 2006

Corra porque o filme jah vai... Acabar.
Run. The movie is about to... End.

Quando eu tinha meu site de cinema no Brasil, costumava ler criticas dos filmes estrangeiros antes de eles chegarem ao pais. Acho que usava a mesma fonte dos outros criticos brasileiros, porque sempre havia alguma mencao ao fim de semana de abertura do filme e quanto ele tinha faturado no fim de semana de abertura e fim de semana de abertura pra lah e pra ca. Nunca tinha entendido essa obsessao americana. Bem, isso ateh mudar para cah.
A obsessao com o sucesso e os numeros de um filme no fim de semana de abertura tem uma razao simples: o filme (muito provavelmente) nao vai ter um segundo fim de semana para recuperar o investimento. Isso mesmo: eh uma semana e acabou. Mesmo filmes grandes, esperados, como o filme de Clint Eastwood cotado ao Oscar. Flags Of Our Fathers, assim como muit(issim)os outros some de cartaz antes mesmo de voce saber que ele entrou em cartaz.
Isso acontece porque o numero de lancamentos eh enorme e os blockbusters normalmente tomam conta de varias salas num mesmo cinema. Tem um cinema em Times Square, por exemplo, com 16 salas e apenas 5 filmes em cartaz. Semana que vem, mudam todos os filmes.
Confesso que estou feliz com a oportunidade de ver todos os filmes que eu deixei de ver na Ucrania (motivo). Mas o pessoal dos estudios precisa lembrar que, alem de vontade, eh preciso ter tempo para ir ao cinema. Porque se voce perder, nao adianta chorar sobre a pipoca derrubada...

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When I had my movie website in Brazil, I used to read the foreign movies' reviews before they started playing there. I think I had the same sources as some of the Brazilian critics because there was always a line regarding the opening weekend and how much the movie made during the opening weekend and opening weekend this and that. I never understood this fixation with the opening weekend Americans have. Well, that was before I moved here.
The fixation with the success and the figures of the opening weekend has a simple explanation: there might not be a second weekend to get the money invested back. That's right: one week and it's over. Even big, awaited movies, like Clint Eastwood's Oscar (probably) nominated one. Flags Of Our Fathers, like (many) others stops playing before you even realize they were playing. That's because the number of releases coming in every week is huge and blockbusters usually dominate most screening rooms. There's a cineplex at Times Square, for example, with 16 theaters for only 5 movies. Next week, they'll change all movies.
I must say I'm happy with the opportunity of making up for the lack of films in Ukraine (motherf****g Russian dubbing). But the owners of the big studios have to acknowledge that will is not enough, I need time to watch the movies. If you miss one, you can't cry over the spilled... popcorn.

Saturday, December 02, 2006

Gentileza? Soh pagando.
Kindness? Not for free.

Desde que eu cheguei aqui, notei que o povo novaiorquino nao eh muito de fazer favores. Tinha ouvido dizer que eles sao fechados (talvez achem que estranho eh sinomino de terrorista), mas nao a ponto de negar ajuda.
Apesar do pouco tempo, ja tive muitos exemplos. Vou citar os dois mais recentes. Os dois dizem respeito ao sistema de calefacao do meu apartamento, que estava desligado e era preciso remover um painel para acessar a valvula. Certo dia, acordo com o interfone tocando. Perguntei quem era e disseram que era da empresa que cuida do aquecimento central. Como o predio tem 2 portas, desci para deixar o funcionario entrar. Depois de entrar, o funcionario disse que estava lah a chamado do apartamento 4B, mas que ninguem atendia e, por isso, ele tocou no meu para poder entrar. Expliquei minha situacao e perguntei se ele podia me explicar como remover o painel quando acabasse o servico no outro apartamento. Resposta: NAO. Ou seja, contar comigo para entrar no predio, otimo. Ajudar, nem pensar...
Bem, passada a raiva, resolvi ligar para o dono do ape. Ele me disse (novamente) que talvez fosse soh questao de ligar o aquecedor e pediu para eu falasse com o zelador. Desci ao apartamento do zelador. Perguntei se ele podia subir um minuto para me explicar como remover o painel. Resposta: NAO. O dono que mande alguem...
O problema esta resolvido, mas eh estranho como os novairoquinos sao individualistas. Eu vou ate a esquina na vendinha de um mexicano e ele me ajuda com tudo. Acho que o altruismo necessario aa vida no terceiro mundo nao seria de todo mal aqui...

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Since I got here, I noticed that new yorkers aren't too excited about doing favors. I heard how reserved they were (maybe they think every strangers is a terrorist), but not to the point of denying help.
Despite the short time, I've experienced many examples of that. Let me tell you the latest two. Both have to do with my apartment's heating, that was off and needed to have its cover removed in order to be turned on. One day, I wake up with the buzzer buzzing like crazy. I asked who that was and someone told me it was the plumbing and heating company. Since the building has two doors, I went down to let the guy in. After that, the employee told me he was there to check the heating at apartment 4B, but since no one answered, he rang my buzzer to get in. I told him my situation and asked if he could show me how to remove the radiator's cover after he finished his job in the other apartment. His answer: NO. For him it's all right to count on me to enter the building. To help others in return, no way...
Once my anger was gone, I decided to call the landlord. He told me (again) that it might just be a matter of turning it on and asked me to talk with the super. I went down to the super's apartment. I asked him if he could come up for a minute and tell me how to remove the radiator's cover. His answer: NO. The landlord should send someone...
The problem is solved, but I find strange how much new yorkers are individualists. I go to the deli on the corner of my block and the Mexican helps me with almost anything. I believe the altruism necessary to live in a third world country would be a nice thing to have around here...

Wednesday, November 29, 2006

Primeiro mundo?
First world country?


Sem sinal...
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Quando voce pensa em Nova Iorque, logo a imagem de uma cidade que tem tudo o que ha de mais moderno vem aa sua cabeca. Bem, pelo menos aa minha. Achava que os servicos daqui estavam anos-luz aa frente dos servicos oferecidos em paises de "terceiro mundo". Me enganei...
A coisa mais basica da telefonia celular, por exemplo, ainda eh motivo de campanhas publicitarias: cobertura. As operadoras fazem propaganda para falar que a tecnologia deles gera menos queda nas ligacoes. MENOS, mas o problema ainda existe. Em Kiev, eh possivel conversar no Metro e, em certos pontos, entre estacoes. Aqui, voce desce 10 degraus e ja nao tem mais sinal nenhum (vide foto). Eh muito engracado ver empresarios apressados perderem o trem por nao poderem descer para a estacao com medo que a ligacao caia. Ainda mais num pais de "primeiro mundo".

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When you think of New York, the first thing that comes to your mind is a city that has the latest developments in all areas. Well, at least to my mind. I thought that services here were way ahead of the services offered in "third world" countries. I was wrong...
The most basic thing a mobile phone company can offer, for example, is still subject of many advertising campaigns: coverage. The carriers advertise that their technology generate less dropped calls. LESS, but the problem is still there. In Kiev, it's possible to talk in any metro station and, in some parts, between stations. Here, you have no coverage after going down 10 steps (pic).
It's funny to see desperate businessmen losing their trains because they cannot go down to the platform without causing the call to drop. Moreover in a "first world" country.

Friday, November 24, 2006

Carnaval em plena Broadway.
Brazilian Carnival on Broadway.


Carro alegorico.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Ontem foi feriado aqui: Dia de Acao de Gracas. Eh, provavelmente, o feriado mais importante nos EUA. Quase tao importante quanto o Carnaval para os brasileiros. Talvez por isso, sejam tao parecidos.
Como nao ia viajar, resolvi assistir aa famosa Parada da Macy's, que completou 80 anos em 2006. A parada eh a versao americana do Carnaval brasileiro. Alem da alegria, eh impressionante a semelhanca entre os dois: para (quase) tudo que existe no Carnaval, existe um primo (as vezes melhorado) na Parada do Dia de Acao de Gracas.
A primeira e mais obvia comparacao eh a presenca de carros alegoricos (foto). A diferenca entre os dois (alem das mulheres nuas) fica por parte da tracao. Ao inves de 6 sambistas subnutridos, uma pick-up enorme da GMC. Na Parada, obviamente nao ha Escolas de Samba, mas diversos Estados do pais mandam suas Bandas Marciais que equivalem aas Baterias. Detalhe: eles nao tem microfones e andam muito mais de 1 quilometro. A Parada, assim como o Carnaval tambem eh dividida em blocos. Apesar do numero de brasileiros aqui, nao tem nenhuma ala das Baianas. Para compensar, eles tem a ala das Cheerleaders. Outra semelhanca: aqui tambem tem uma dupla que passa entre os blocos. So que, ao inves do mestre-sala e da porta-bandeira, eh o mestre-lata e o porta-vassoura (uma dupla de lixeiros que vai limpando a rua durante o espetaculo). Nem mesmo os bonecos de Olinda escaparam. Diversos icones da historia americana tambem apareceram representados por bonecos com cabecas completamente desproporcionais. A unica coisa que soh tem aqui sao os baloes. De quando em quando passa um balao gigante de algum personagem famoso (Bob Esponja, Scooby-Doo, Pikachu, Sr. Cabeca de Batata, etc.), seguro por um monte de cabos nas maos dos participantes.
Apesar de nao ter o suingue do Samba, uma coisa da Parada serve de exemplo para o Carnaval no Brasil: eh uma festa realmente para o povo. Nao se cobra entrada dos espectadores e ninguem tem que usar camiseta da Budweiser para ser aceito no camarote. Ate porque nao existe camarote.

Tem foto de tudo isso no Flickr.

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Yesterday was holiday here: Thanksgiving. It is probably the most important holiday in the US. It's almost as important as Carnival for Brazilians. Maybe that explains the many similarities between them.
Since I wasn't going to travel, I decided to watch the famous Macy's Thanksgiving Day Parade, now on its 80th edition. The Parade is the American version of the Brazilian Carnival. Besides all the joy, it's amazing how similar they are: for (almost) everything you see in Carnival there's a (sometimes better) substitute in the Parade.
The first and most obvious comparison is the presence of Parade Floats (picture). The only difference between them (besides the naked women) is the traction. Instead of 6 undernourished samba dancers, a huge GMC truck. At the Parade you obviously won't find any Samba Schools, but many States send in their Marching Bands that equal the Baterias (drumming segments responsible for the rhythm). AND they have no microphones and walk much more than 0.6 miles. The Parade, just like Carnival, is divided in groups. Despite the number of Brazilian immigrants, there's no group of Baianas (Brazilian women famous for their dancing and clothing style). To compensate, they have groups of Cheerleaders. Yet another similarity: here there's also 2 people performing between the groups. Instead of the Mestre-Sala and the Porta-Bandeira (couple reponsible for bearing the flag of the Samba School), a couple of garbagemen cleaning the streets. Not even the Dolls of Olinda (famous for their huge heads) were forgotten. Many of the Historic Leaders of this country were represented by dolls with humungous heads. The only thing that you can find only here are the balloons. Every now and then, a huge inflatable balloon of a famous character (Sponge Bob, Scooby-Doo, Pikachu, Mr. Potato Head, etc.) will fly by, held by cables by a crowd.
Although they don't have the swing of Samba, the Parade has a characteristic that should pose as an example for Carnival in Brazil: it's definitely a show for the masses. There are tickets needed to watch it and no special Budweiser t-shirt needed to access the VIP area (in Brazil, the main beer factories build VIP areas and demand people to wear a specific t-shirt). But that's because there's no VIP area.

You can find pictures of all of the above at Flickr.

Tuesday, November 21, 2006

Horario? Anti-horario? Droga!
Clockwise? Counter clockwise? Damn it!


Fechadura americana.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Se voce eh americano, esse post nao deve ter a menor graca. Nem o menor sentido. Mas para quem passou a vida abrindo portas no Brasil e na Ucrania vai me entender. Em NY, o sistema de abertura de portas eh invertido: fechadura em cima, macaneta embaixo. Parece um detalhe bobo, mas a rotacao da chave tambem muda.
Em outras palavras, toda vez que voce vai trancar ou destrancar uma porta, voce tem que fazer uma pausa ou optar pela tecnica do acerto-erro. Ou seja, na sua cabeca voce pensa: para abrir eu fecho, para fechar eu abro. So que na hora, sua mao meio que ja sabe qual eh o correto e voce acaba sempre ouvindo a trava bater do outro lado. Sinal que voce errou. De novo.
Mesmo depois de muita tentativa, ainda nao consegui desenvolver uma maneira de apagar do meu cerebro o "conhecimento" adquirido em 28 anos de pratica. Estou pensando em colocar um adesivo na porta...
Por falar em portas, hoje vi uma placa hilaria na academia. Eles tem varias portas para saida de emergencia. Em todas elas existe uma trava alarme, que toca assim que a porta eh aberta. Hoje olhei mais de perto e vi que eles tem todas as informacoes em braile na porta. Deve ser uma questao de Lei Municipal, mas achar que algum cego vai ter tempo de ler as intrucoes numa emergencia antes de ser atropelado pela multidao eh querer demais. Ainda bem que tem o alarme para eles se guiarem, vale pelo sininho que tem na bola de futebol para cegos.

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If you're American, this post is not funny. And probably doesn't make any sense. But those who spent their whole lives opening doors in Brazil and Ukraine will understand me. In NY, the door locks are upside down: keyhole on top, doorknob on the bottom. It may seem like a stupid detail, but the key rotation also changes.
In other words, every time you're about to lock or unlock the door, you have to pause or choose to use the trial-error method. That means you have to think like this: to open, I lock. To lock, I open. But when you're about to turn the key, somehow your hand knows the right way and you hear the clinging noise of the lock behind the door. That means you're wrong. Again.
Even after extensive practice, I haven't been able to come up with a way to erase the "knowledge" obtained in 28 years of experience. I'm thinking about putting a sticker on the door...
Speaking of doors, today I saw a hilarious sign at the gym. They have lots of doors to be used as emergency exits. On all of them they put a device that triggers an alarm when the door is open. Today, I looked closer at the sign and noticed that all the information is also written in Braille. It must be some City Law, but to think that a blind man will have time to read the instructions in an emergency before the crowd has run over him is too much. At least it has the alarm to guide them, like the small bell they put inside the ball for blind people who play football.

Monday, November 20, 2006

Pronto pra mais uma?
Ready for a new one?

Cheguei (de novo) aa NY. Terceira vez esse ano, mas dessa vez eh pra ficar. Ou tentar ficar. Cheguei em pleno Halloween, com as ruas abarrotadas de gente fantasiada. Do aeroporto ateh o centro da cidade foram 25 minutos (ninguem). Da saida do tunel ateh o ape, 30 minutos. Nao sabia que Halloween era tao grande em NY. Imaginei que era uma coisa mais tranquila, feita em cidades onde ainda existem casas e vizinhancas mais calmas. Quando perguntei onde as pessoas faziam o "Trick or Treat", me responderam que qualquer loja ou estabelecimento valia como casa.
Depois da primeira aventura, era hora de achar "minha casa". Aluguei o apartamento mais barato de Manhattan aas cegas. Para minha surpresa, consegui um apartamento a uma quadra do Metro, num super bairro e recentemente reformado. Nem eu acreditei na minha sorte. Mas soh por comparacao, queria deixar claro que eu pago uma vez e meia o que eu pagava em Kiev num ape que eh metade (ou menos) do que o meu anterior.
Estava um pouco reticente quanto a escrever um blog em NY, achando que tudo que tem aqui tem ai, mas ja notei varias diferencas. Nao sei quanto tempo vou ficar (Visto, trabalho, etc.), mas vou postar o que vejo enquanto isso. Nao se preocupe, o que voce vai ver aqui, ninguem escreveu antes. Sera?
E welcome to America.
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Once again, I'm in NY. Third time this year, but now it's for good. At least, that's what I'll try. I arrived exactly on Halloween, with streets packed of people in costumes. The ride from the airport to Manhattan took me only 25 minutes (empty roads). From the tunnel to my apartment, 30 minutes. I didn't know that Halloween was such a big event in NY. I thought it was only celebrated in cities where you still have houses and quieter neighborhoods. When I asked the cab driver how Trick and Treat was done, he told me that any shop or establishment would do.
After the first adventure, it was time to find "my home". I had rented the cheapest apartment in Manhattan without even looking at it. To my surprise, I got an apartment that had been recently renewed, one block from the nearest subway station, in a very nice neighborhood. I couldn't believe my luck. Of course, I must admit that I paid one and a half times the rent I used to pay in Kiev for an apartment that's half (or less) the size.
I was a bit reticent about writing a blog in NY, thinking that there would be nothing interesting to talk about, but after a few weeks I changed my mind. I don't know yet if I'll make it here (VISA, work, etc.), but in the meantime I'll post what I see. Don't worry for what you see here is all new. Or is it?
And welcome to America.

Monday, October 30, 2006

Cartoes de desconto e...
Adeus, Ucrania.


Cartoes de desconto.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Aqui em Kiev, existe cartao de desconto para tudo. Eh tanto cartao, que eu simplesmente prefiro pagar o preco normal do que carregar todos eles o tempo todo. Cada restaurante tem um, cada casa noturna tem um, para eventos tem outro e ate em loja tem. O que, a principio, parece estrategia de marketing eh, na verdade, cegueira da marketing.
Digo isso porque nao ha nenhum tipo de pre-condicao para conseguir os cartoes (salvo raras excecoes). Voce pede e em 3 semanas recebe o cartao em casa. Mas eles tambem nao falam como conseguir, voce tem que descobrir por conta propria. Eles so te lembram quando ja eh tarde, antes da conta: "Tem cartao de desconto?". Da uma raiva.
Em geral (restaurantes), o desconto eh de 10%, mas pode chegar a 50%!!! Como eh que o cara lucra com um cliente desses eu nao sei, afinal o desconto eh para a mesa toda e nao apenas para o portador do cartao. No caso das lojas eh mais engracado ainda, tem loja que da desconto de 2%. Eh honesto, mas sinceramente nao eh um estimulo tao grande para te fazer andar um pouco mais, ne?

Fora isso, (para os que sabem e os que nao sabem) estou de mudanca. Estou escrevendo esse post do aeroporto de Kiev, pouco antes de embarcar para o meu proximo destino. Curioso?
Volte em breve. Nesse mesmo canal, nessa mesma internet.

Queria deixar aqui o meu (e o da minha mae) maior carinho e agradecimento a esse povo e essa terra maravilhosa, que sempre me acolheram com um sorriso no rosto. Sugiro a quem esteja considerando conhecer um pouco da cultura sovietica comecar por aqui. A Ucrania eh o pais mais "organizado" e "ocidentalizado" das ex-Republicas. Pelo menos essa eh a minha sensacao. Mas pode ser tambem que eu tenha me afeicoado.


Fui (de vez).

Tuesday, October 17, 2006

Kiev Underground.

Quando alguem disser que conhece Kiev, pergunte antes qual das duas. Pelo menos no centro da cidade, existe a cidade acima da superficie e a cidade subterranea. O que acontece eh que o centro de Kiev eh como um morro no meio de uma planicie. Para compensar o desnivel, eles cavaram para tudo que foi lado.
Os metros fora do centro, por exemplo, sao ao ar livre. Quando chegam perto do centro, entram em tuneis na altura do solo, o que faz do metro de Kiev o Metro mais fundo do mundo.
Mas o impressionante eh o mundo que existe abaixo da calcada que voce anda. Sao quilometros de galerias, lojas, restaurantes, etc. Eh um verdadeiro labirinto. Voce desce uma escadinha e sai do outro lado da cidade. Eles praticamente dobraram a area util para comercio no centro da cidade. Na verdade, mais do que duplicaram, porque embaixo da terra nao passa carro: da para encher de lojas.
Coloquei no Flickr uma foto do mapa que tem nas escadas de entrada. Sem eles, voce precisa conhecer muito a cidade subterranea para nao se perder. Eh uma das poucas cidades onde voce pode chamar o sujeito de topeira sem ofender. Piada fraaaaaca.

Bjs.

Tuesday, October 10, 2006

Vende mais que Coca-Cola.


Vende mais que Coca-Cola.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Se o Brasil tem o Guarana Antartica para brigar com o gigante dos refrigerantes (rima nao intencional), a Ucrania tem o Juivtchik. E a briga eh forte: mesmo sem propaganda o drink local vende mais que a Coca-Cola. Eh uma questao de tempo, claro, ateh isso mudar. Mas o curioso eh que o Juivtchik eh um drink sem muito apelo de venda.
Juivtchik eh um suco de maca com gas e semente de girassol, com cor de detergente (a garrafa transparente nao ajuda). Eu curto, mas entendo quem nao quer nem experimentar.
Acho que parte do apelo vem de um "feature" do produto: dizem ser bom para aliviar os sintomas da radiacao. Para quem vive a 200 km de Chernobyl, isso pode ser razao suficiente. Nao?


Fui.

Monday, October 09, 2006

Nem velozes, nem furiosos.


Furiosos?
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Ucraniano adora carro. Nunca vi um povo que mantem os carros tao limpos numa cidade tao cheia de poeira. Parece que os carros tem um campo de forca ao redor deles, impedindo que a poeira assente na lataria. Mas um olhar mais clinico vai revelar diversos Ucranianos de chinelo e baldinho aa mao, lavando carros na calcada.
O amor deles por carro vai mais adiante. Eles querem ter o carro mais exclusivo e "poderoso" da rua. Os ricos fazem isso de maneira simples: Ferraris, Hummers, Caddilacs, Maybachs, Bentleys, etc. Todos com rodas que mal cabem no para-lama. A galera de baixo vai para os acessorios. Ao inves de investir na manutencao do carro, eles investem no visual. O carro parece rapido ateh parado (ateh porque ele dificilmente passa de 60km/h). Voce mal reconhece os Ladas e Jigulis que passam na rua: rodas (em geral, calotas), pinturas, spoilers, aerofolios, entradas de ar (que nao levam ar a lugar nenhum), protetores de lataria e tudo mais que o dinheiro nao pode comprar. A unica coisa que eles nao poem eh insulfilm. Afinal, para que ter tudo isso no carro se ninguem pode ver quem esta dirigindo?

Fui.

Thursday, September 28, 2006

A volta mais longa do mundo (em todos os sentidos).
AKA Mania de Furar Fila.

Sim, estive longe e nao dei satisfacoes. Disse que ia sair de ferias e sai. Foram quase 2 meses em Nova Iorque, curtindo e matando a saudade da mulher amada. Voltei. Acho que por pouco tempo. A volta foi ainda mais demorada por causa da pontualidade da AeroSvit Ukrainian Airlines. Dessa vez, alem do usual atraso de 3 horas sentado dentro do aviao, o voo foi cancelado e remarcado para 2 dias depois. So para constar, eles tem uma porcentagem de 16% de voos saindo na hora e 53% saindo excessivamente atrasados (www.flightstats.com).
Mas o que me irrita mesmo eh a falta de educacao dos Ucranianos em fila. Na verdade, nao sei se posso chamar de falta de educacao pois nao sei se eles recebem instrucao nesse sentido. Que seja diferenca de educacao, entao. A questao eh que Ucraniano nao respeita fila. Nao importa o tamanho da fila nem o lugar. Pode ser na lojinha da esquina, onde voce provavelmente eh o unico na fila, ou no aeroporto, com 1000 pessoas na fila e policia olhando.
De qualquer modo, a pratica comum eh simplesmente andar ate o comeco da fila, entrar na frente do primeiro colocado e esperar ser atendido. Se o atendente ja estiver livre, eles simplesmente comecam a falar, ignorando a sua presenca no local. O mais engracado eh que ninguem faz nada (talvez seja comum) e, quando eu falo, eles fingem que eh algo rapido mesmo que estejam segurando uma lista de compras na mao. Vou falar para voces (ja que para eles nao adianta): se voce for entrar em fila na Ucrania, entre na frente de todo mundo.

E welcome back...

A.

Thursday, August 10, 2006

Fim de semana 100% Ucraniano.
Ou o post mais atrasado da Terra.

Se voce acessa meu blog esperando novidades, desculpe. Por dois motivos: pela demora para escrever e porque o que eu vou relatar aconteceu ha 3 semanas (ou seja, nao eh mais novidade).
Acontece que ha umas semanas, eu resolvi encarar um final de semana 100% Ucraniano. Meu dupla vivia me convidando para ir com ele e eu fui.
Pegamos o carro dele e fomos para uma Datcha (casa de campo) a 100 km de Kiev. Datcha eh o termo que eles usam para um pedaco de terra, com um pedaco de telhado e um pedaco de almofada para voce dormir. Em geral, eh heranca do avo do avo do avo da pessoa. E nao teve nenhuma reforma desde entao. A primeira coisa que chama a atencao (eu sei que isso tambem existe no Brasil) eh o banheiro. Eh igual ao banheiro das historias do Chico Bento: um quartinho de madeira no meio do jardim, com um buraco para... Bem, voce sabe...
Mas o final de semana Ucraniano tem algo peculiar: alcool. Esse eh o resumo do dia. Logo que chegamos, descarregamos o carro e nos sentamos no jardim com uma mesinha no meio. Eram 4 pessoas: eu, meu dupla, a namorada dele e o Garik (redator Russo que estah na foto). Preparamos Shashlik (churrasco), pegamos o pote de pickles e comecamos o ritual. A cada 5 minutos um brinde. Ura! E alcool goela adentro (Mae, sugiro parar a leitura aqui). Em 4 horas, consumimos nada menos que 4 garrafas de conhaque, 2 de vodka e uma de champanhe (eh assim que eles chamam qualquer espumante). O curioso eh que nao ficamos bebados. A tradicao Ucraniana de comer e beber suco junto com cada brinde eh ideal para isso. A tradicao Russa eh exatamente o contrario: nao se deve comer nada antes de acabar com a bebida. O problema eh que, uma vez feito isso, nao ha condicoes de comer depois.
Para completar, assim que esfriou, a mae do meu dupla trouxe um casaco de patchwork que ela fez. Por dentro eh cobertor e por fora sao retalhos. Eh super tradicional aqui e dizem que custa uma fortuna para estrangeiros. Sera?
Alem da vivencia, aprendi mais uma coisa curiosa sobre o antigo regime sovietico. Voce sabia que as casas de campo aqui sao chamadas de FAZENDA? Eh que assim que caiu o Muro, a primeira novela que passou na TV foi a novela brasileira Escrava Isaura. Serio. Foi o maior sucesso de todos os tempos em termos de audiencia. Depois disso, todas as datchas foram renomeadas com o nome de Fazenda. Muito engracado ver eles falando de Isaura e Senhores, etc.

Bem, como estou de ferias no momento, nao espere nenhum post ateh o dia 20 (no minimo).


Fui...

Friday, July 21, 2006

Kiev, polo de grandes shows. Nao?

Quase esqueci de contar essa historia. Como eu jah disse aqui, viver em Kiev eh culturalmente frustrante. Nao no sentido classico (musica classica, opera, teatro, etc.) da palavra, mas no sentido contemporaneo. Todos os filmes sao dublados em Russo, nao existe uma Fnac da vida para acompanhar as novidades e sao rarissimos os shows na capital. Ano passado, tivemos Moby e umas outras bandas decadentes e, esse ano, tivemos 50 Cent, Black Eyed Peas e... senta que lah vem a historia.
No comeco do mes, divulgaram que Roger Waters do Pink Floyd iria tocar aqui. Em pouco tempo, a cidade estava coberta de posteres anunciando o show e, em pouco tempo, colocaram os ingressos aa venda. Os ingressos iam de 15 dolares a 500 dolares (!) e as vendas parecem ter ido muito bem.
O problema comecou quando aparentemente os empresarios do artista descobriram que estavam anunciando e vendendo ingressos para um show que o artista nem sabia que ia acontecer (ateh porque ele tocaria na Alemanha na mesma data). Quando algum fan mais esperto checou no site que ele nem planejava passar pelo pais, comecou um certo escandalo. Como os Ucranianos sao "honestos", devolveram o dinheiro de todos os ingressos sem problemas (voce tinha que ir ateh o local, mas tudo bem).
Aparentemente, os organizadores queriam convercer Roger Waters a tocas aqui pelo simples fato de mostrat que X mil pessoas estavam dispostas a assisti-lo e que ele nao podia desapontar os X mil fans que jah tinham comprado ingresso. Nao deu certo.


Sem mais...

Tuesday, July 18, 2006

Para todos. Mais do que uma musica do Chico Buarque.


Leg Press.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Na Ucrania, voce nao precisa andar muito para encontrar tracos do antigo regime Comunista. Muitas vezes eh apenas uma estrela na fachada de um predio, mas outras eh uma coisa ha muito perdida: se preocupar em oferecer oportunidades iguais a todos. Hoje soa ateh hipocrisia dizer isso, ainda mais com um abismo social tao grande como o que existe aqui (e no Brasil).
Por outro lado, a Ucrania tem um dos menores (senao o menor) indices de analfabetismo do mundo. Fruto de um cuidado (ou medo) de que os membros do Partido Comunista pudessem ser vistos pelo Oeste como um bando de idiotas. Nao eram.
Outro cuidado que os Comunistas tinham era com o corpo. Acho que eles eram partidarios de Platao nesse aspecto: eh preciso cuidar do espirito, mas tambem do corpo. Eh preciso ouvir musica, mas tambem ir para a guerra. Mais do que "Pao e Circo", nutricao e instrucao. Fisicultura (em Russo soa igualzinho) era o lema e eles gritavam em alto e bom som durante qualquer competicao internacional. Hoje eles nao gritam, mas mantem a mentalidade. E o governo tambem.
Prova disso eh a academia e area de ginastica olimpica que voce tem no meio da cidade. Apesar de ser inteiramente construida com partes de fabricas e automoveis, a variedade de equipamentos eh incrivel. Melhor do que muita academia daqui ou dai. E estah tudo bem mantido e funcionando. Assim, como os jardins da cidade, eh possivel ver que existe a preocupacao de continuar oferecendo ao povo o que ele precisa para se manter em forma.
Eh curioso ver homens de 75 anos de exercitando com uma flexibilidade e uma disposicao de moleques. Mais curioso eh ver como os regimes sao antagonicos. No regime Comunista, as pessoas nao pagam para treinar e treinam. No regime Capitalista, as pessoas gastam uma fortuna com matricula, exame, carteirinha, mensalidade e nao vao aa academia nunca.


Fui (treinar).
Ps - Tem foto de alguns equipamentos no Flickr.

Monday, July 10, 2006

Nao adianta nem tentar.


TreinaLento.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Ha alguns dias, descobri que, quando eu falo que o povo daqui nao gosta de trabalhar, estou limitando um pouco o potencial dos meus colegas. Na verdade, eles nao gostam de nada que exija um esforco extra. Isso inclui aprender.
Semana passada teve outro treinamento para a agencia. O objetivo era ensinar ferramentas de criacao para os criativos e maneiras mais eficientes de escrever um briefing (pedido de criacao) para o pessoal do atendimento. Para isso, foi contratada uma empresa de Israel, chamada IST – Inventive Strategic Thinking. O nome jah dah um pouco da ideia de embromacao a que eles se propoem, mas, jah que eh para participar, vamos participar.
O conteudo era bem basico, coisa de primeiro ano de faculdade. Soh que como aqui nao tem faculdade de Propaganda, eles poderiam aprender algo. O erro comecou com a escolha de uma equipe que soh fala ingles, falando com uma plateia que nao fala. Some a isso o fato de ninguem estar a fim de "estudar" e de toda turma ter um piadista. Pronto: 2 dias inteiros no lixo.
Confesso que eu queria colaborar, ateh porque faria o dia passar mais rapido. Nao deu. A cada 2 minutos eles comecavam a falar em Russo, o instrutor se perdia, alguem (sempre o mesmo) soltava uma piada e BUM: mais 3 minutos para todo mundo ficar quieto de novo. Foi uma tortura. Sem falar que a comida do Centro de Convencoes era a pior do mundo. O pessoal da agencia falou que era comida tradicional sovietica. Eu disse que soh se fosse para os prisioneiros de guerra sovieticos. A carne parecia borracha. E nao soh pela textura: pela cor e pelo cheiro tambem. Tive (Hummmm) complicacoes gastrointestinais por dois dias.
Foi um lembrete de que se voce quer ensinar algo para os Ucranianos, eh melhor ficar em casa.


Fui...

Thursday, July 06, 2006

A falta que um porteiro faz.

Sim, ele sabe tudo da sua vida. Sabe quando voce chega em casa e com quem. Sabe se voce trocou de carro, se voce trocou de roupa, se trocou de parceiro, etc. E mais: nao tem o menor constrangimento de compartilhar essas informacoes com os demais condominos. Se esse eh o preco a pagar, acho pouco. Nao tem coisa melhor do que um filtro nao-educado na porta do seu predio.
A foto ao lado eh a minha caixa postal depois de uma semana. Todo dia alguem entra no predio (basta saber o codigo da trava) e entope todas as caixas com jornalecos, folhetos, catalogos, tabloides, adesivos e outras coisas que serviriam de papel higienico se nao fossem tao asperas.
E o problema nao acaba ai. O acesso facil tambem vale para gente que pede dinheiro, que vende coisas e, principalmente, para as Testemunhas de Jeova. Nao sei quem foi Jeova nem o que ele fez, mas com certeza tinha gente pacas olhando o que ele fez. Sao infinitos e insuportaveis. Nas primeiras vezes tentei dar uma de esperto e dizer que nao falava Russo. Haha. Em 3 segundos tinha um folheto explicativo em Portugues na minha mao. Dei uma de louco: agradeci e fechei a porta. Agora nem abro. Deixo eles tocarem a campainha ateh irem embora. Essa eh outra coisa que me assusta: aqui todo mundo ABRE a porta para estranhos, ve o que eles querem e DEPOIS fecham.
Raimundos, Zeniltons, Aristovaldos, onde estao voces quando o mundo precisa?


Fui.

Thursday, June 29, 2006

Varre, varre, vassourinha.

Tem coisas na Ucrania que desafiam a logica. A vassoura tipica daqui eh uma delas. Se por um lado eh logico que devemos manter as ruas limpas, por outro eh dificil entender o metodo escolhido: uma vassoura sem cabo.
Ninguem daqui conseguiu me explicar qual eh a vantagem (se eh que existe alguma) dessa vassoura. Do ponto de vista medico (nao que eu seja um), nao tem vantagem nenhuma. As pessoas tem que se curvar igual ao Corcunda de Notre Dame para poder limpar o chao. E o pior eh que eu acho que isso causa danos permanentes. Tem muitos idosos nas ruas que andam totalmente curvados, com o nariz quase no chao. Eh extremamente aflitivo e, na minha opiniao, poderia ser facilmente evitado.


Fui.

Tuesday, June 27, 2006

O Festival.


Welcome to Cannes Lions.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Ateh a semana passada eu achava que Cannes era obsessao de diretor de criacao brasileiro. Agora eu tenho certeza. Mas, pelo menos, entendi porque. Cannes eh literalmente o Oscar da propaganda: eh onde voce ve e eh visto pelo mercado. Apesar de haverem festivais mais respeitados, nao acredito que haja outro festival capaz de reunir tantos profissionais, donos de agencia, jornalistas, etc. Durante uma semana, voce eh obrigado a trombar com ex-colegas, ex-chefes, futuros colegas e futuros chefes. E tambem eh obrigado a falar de propaganda numa cidade que nao tem a menor cara de trabalho.
O choque comeca quando voce vai fazer sua inscricao: uma organizacao assustadora. No Brasil, voce arruma um convite e vai ver as pecas do Clube de Criacao. Lah, tem uns 30 balcoes com tudo informatizado. Eles fazem um cracha com foto e voce estah autorizado a frequentar o festival.
O Palais Du Festival eh outra coisa assustadora. Eh gigante. Tem sala, antesala, escada e elevador para tudo que eh lado (eh ateh dificil achar o local de cada palestra, exibicao, etc.). Deu para entender como eles conseguem sediar o Festival de Cinema lah.
Passada a estupefacao de terceiro mundo, comeca a parte profissional: tentar arrumar tempo para ver os 20.000 comerciais, anuncios, sites e o que mais tiverem mandado para o festival e, no meio disso tudo, arrumar tempo para ver as palestras e workshops dos bacanudos da propaganda (a maioria delas eh um lixo). Voce passar o dia dentro do Palais, pulando de sala em sala e perguntando o que estah rolando de interessante. Eh muito engracado ver que muita gente volta de Cannes (praia e sol) mais branco do que foi.
Para mim, o festival foi especialmente bom. Revi todos os brasileiros que estao espalhados pelo mundo, fiz bons contatos e ateh dei entrevista para site brasileiro. Como se nao bastasse, tive o prazer de participar do Young Creatives, uma competicao para profissionais ateh 29 anos. Foi estranho representar a Ucrania e competir contra os brasileiros, mas foi muito bom porque pouquissimas pessoas tem a chance de participar: sao soh 2 pessoas por pais e 35 paises por ano. No final, o Brasil ganhou. Espero que isso esteja ligado ao resultado da Copa de alguma maneira. Tem fotos dos bastidores no Flickr.
Como nao quero um post muito grande, vou resumir o resto como num comercial de 30 segundos. Performance do Brasil: fraquissima (o mundo cansou dos nossos fantasmas – pecas feitas soh para festival). Performance da minha agencia: mediocre (jah era esperado). Performance da Ucrania: mediocre (mais do que esperado).
Fico por aqui com uma certeza (ou um desejo): ano que vem vou estar lah de novo e, se tudo der certo, vou subir no palco dessa vez.


Fui.

Friday, June 16, 2006

As vantagens de ser estrangeiro em Kiev.


Guten Morgen.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Ser estrangeiro em Kiev eh muito diferente de ser estrangeiro em outras cidades do mundo. Ser estrangeiro em Nova Iorque, para um Nova Iorquino, eh uma coisa ruim, um invasor barato. Ser estrangeiro em Sao Paulo, para um Paulista, eh soh mais um. Em Kiev nao: aqui voce eh VIP, quase uma estrela. Semana passada aconteceram duas coisas divertidas por conta disso.
A primeira foi ser convidado para participar de um programa no canal M1 (a MTV local). Fui lah com meu Diretor de Criacao (foto) para falar sobre propaganda. Nao sei de quem foi a ideia (do programa) para fazer uma entrevista sobre propaganda aas 9h da manha num canal de musica. Anyway, valeu a experiencia. E a foto dah uma ideia a voce, leitor, das roupas dos Ucranianos. Quando eu falo que eh brega, eh BREGA mesmo.
A segunda foi ser convidado para conhecer a banda Black Eyed Peas. Eu curto a banda e, por isso, foi ainda melhor. Assim que acabou o show, eles disseram que fariam um encontro num loungezinho chamado Sochi. Assim que eles disseram isso, o celular de um amigo meu canadense tocou. Era o dono do lugar, convidando ele e quem ele quisesse (desde que fosse estrangeiro) para ir ao tal lugar. Chegamos lah e entramos sem pegar fila, com mesa reservada e o caramba. Tudo isso porque a banda, aparentemente, se sentiria mais a vontade com gente que fala ingles. Essa eh a unica razao que eu consigo imaginar porque meu amigo canadense nao tem 1 dolar furado no bolso (furado tambem). Tem uma foto lah no Flickr.
Hoje estou indo para o Festival de Propaganda em Cannes. Provavelmente nao vou atualizar o blog ateh domingo que vem. A menos que eu tenha uma noticia muito boa durante o evento. Espero que eu tenha.


Abrasssssssssssssss.

Tuesday, June 13, 2006

Kvas, o drink sovietico.


Galao de Kvas.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Tem gente que diz que cerveja nao eh bebida, eh pao liquido. Pode ateh ser, mas o Kvas eh mais: ele eh feito de pao. A receita tradicional eh simples: agua, pao e fermento. Coloque o pao na agua, deixe dissolver, adicione o fermento, deixe fermentar e pronto. O sabor eh parecido com o da cerveja, mas mais suave e quase nao alcoolico (chega a no maximo 2%).
O Kvas eh uma bebida tipica do verao Ucraniano. Basta aparecer o Sol para aparecerem os vendedores nas ruas. Nessa epoca do ano, voce encontra galoes como esse da foto espalhados por toda a cidade. Eh o caldo de cana do leste europeu: custa pouco e eh vendido em 3 tamanhos com direito a chorinho.
Apesar de ser um drink tradicionalmente sovietico, o Kvas eh muito mais antigo. Dizem que existe desde os tempos de Genghis Kahn. Ainda nao consegui descobrir se foi trazido pelos Mongois, contudo.
Hoje o Brasil estreia na Copa. Eh um bom teste para o Kvas. Vamos ver se assistir o jogo tomando um Kvas Ucraniano bate o prazer de assitir o jogo tomando uma Cerveja Brasileira.


Fui.

Monday, June 05, 2006

Serah que existe o verbo folhear em Russo?


Banca de jornal.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Isso que voce estah vendo eh uma banca de jornal Ucraniana. Soh tem dois tipos: esse e o cara que vende jornal numa mesinha dentro da estacao de Metro. Essa ai eh oficial e estah espalhada pela cidade toda. Eh o padrao.
O engracado dessas bancas eh que voce nao tem como tocar as revistas (ou qualquer outra coisa). O maximo que voce consegue eh olhar pela vitrine. E nao eh facil porque, alem do vidro, tem ainda uma grade de ferro para manter suas maos bem longe. Eh uma prisao de seguranca maxima para as palavras-cruzadas e os tabloides (praticamente as unicas publicacoes vendidas por aqui). Literalmente. A unica comunicacao com o mundo externo eh uma janelinha minuscula, igual de cela, onde voce diz o que quer.
Tudo bem que informacao eh poder, mas serah que precisa tanta seguranca? Serah que algo dramatico aconteceria se uma revista de fofocas caisse em maos erradas?


?

Thursday, June 01, 2006

Chernobyl. Uma vez na vida e outra na (talvez mais proxima) morte.


Welcome to Chernobyl.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Tem coisas que a gente faz na vida e nao sabe bem porque. Ir a Chernobyl eh uma delas. Apesar de ser um passeio unico, que ninguem que voce conhece vai fazer (tirando eu), nao eh um dos destinos mais interessantes para turismo. Sem falar na radiacao.
Para quem nao sabe, Chernobyl eh a cidade onde ocorreu o maior desastre nuclear de todos os tempos. No dia 26 de abril de 1986, um dos reatores explodiu devido aa incompetencia dos operadores e ao seu design fragil (modelo sovietico que foi abandonado). 100.000 pessoas foram obrigadas a abandonar a regiao na epoca e poucos voltaram depois.
Hoje, Chernobyl eh a maior reserva natural da Europa. Eh um contraste muito interessante. Voce vai para o local onde ocorreu uma catastrofe e encontra uma area verde enorme, com animais rondando livremente. Logo na entrada da area de exclusao, fomos saudados por 2 alces que estavam no meio da rua. Dizem que tambem eh possivel encontrar lobos e ursos por lah.
O passeio consiste em conhecer as pessoas que ainda moram nos vilarejos ao redor de Chernobyl, visitar o reator (conhecido hoje como cemiterio) e a cidade-fantasma de Pripyat, onde moravam cerca de 45.000 pessoas.
A primeira parte nao tem muito a ver com o desastre em si: eh apenas uma visita a um vilarejo, que poderia ser em qualquer canto da Ucrania. Os idosos de lah sao identicos aos do resto do pais.
A visita ao reator jah eh diferente. Logo na entrada da area de usinas tem uma torre de resfriamento gigante pela metade (daquelas que a gente ve na TV). Pouco depois, comeca uma sucessao de reatores. Sao construcoes enormes, que parecem grandes mesmo aa distancia. De longe eh possivel avistar o reator que explodiu e que, hoje, esta coberto por concreto para evitar a proliferacao de particulas nucleares (principalmente Cesio). Durante todo o trajeto, o guia carrega um medidor de radiacao. Proximo ao reator, a medicao atingiu 0,799. O nivel seguro eh 0,015.
Depois do reator, eh hora de conhecer a cidade-fantasma de Pripyat. Esse eh o ponto alto do passeio. Entrar numa cidade onde moravam milhares de pessoas e ouvir apenas seus proprios passos e os grilos eh uma experiencia inenarravel. O cinza dos predios soh eh quebrado pela vegetacao que estah tomando conta de tudo e pelas alegres pichacoes nos muros. Tudo estah exatamente como foi deixado em 1986, quando a cidade foi evacuada aas pressas. Nao ha condicoes de morar em Pripyat pelo menos por mais 300 anos. No parque de diversoes da cidade, por exemplo, o nivel radioativo chegou a 2,018. As pessoas que trabalham lah (militares, guardas, etc.) tem que trabalhar em turnos: 3 dias lah e 3 dias fora, ou 15 dias lah e 15 dias fora.
Depois do passeio todo, voce passa por uma maquina que mede a radicacao no seu corpo para saber se voce estah "puro" para voltar aa civilizacao. Todos nos estavamos OK. Mesmo assim eh recomendavel jogar as roupas no lixo (especialmente os sapatos).
Curta as fotos no Flickr pois muito provavelmente voce nunca vai ver esse lugar com seus proprios olhos.

Sorte sua. Ou nao.


Abrassssssssssssss

Tuesday, May 23, 2006

Tao parecido, tao diferente.

Esse post eh curto e grosso, assim como um habito Ucraniano que me irrita muito: o jeito de terminar uma ligacao.
O comeco da ligacao eh identico ao nosso: aqui eles tambem dizem "Alo" (pronuncia-se "Alho"). Mas, infelizmente, as semelhancas terminam ai.
Alem de serem estremamente diretos, a ligacao acaba sem qualquer aviso previo. Imagine que voce diz "Podemos nos falar amanha?" Pronto... Pode se preparar para ouvir o sinal de linha caindo do outro lado. Nao tem jeito. Voce sempre fica com aquele "Beleza", aquele "Ate mais" ou aquele simple "Tchau" entalado na garganta, enquato voce ouve aquele irritante "Tu Tu Tu".


*

*Esse post nao tem adeus porque eh em Ucraniano.

Friday, May 19, 2006

Ateh onde vai a paixao Ucraniana por marcas?

O povo Ucraniano (uso a palavra povo porque eh do pobre ao bilionario) tem uma tara indescritivel por marcas. Nao sei se eh porque eles ficaram muito tempo sem poder comprar nada, se eh porque eles querem status ou se eh porque todos se espelham nos bilionarios daqui. Nao sei mesmo. A questao eh que marca aqui eh assunto serio. Pelo menos na hora de mostrar, jah que mais da metade de tudo que voce ve na rua eh claramente falsificado.
A regra eh: quanto maior e mais visivel, melhor. Dos oculos ao tenis, tudo tem que ter as iniciais (ou o nome completo) de algum estilista famoso. As vezes, as letras sao tao grandes que parecem tiradas de um outdoor.
E a mania vai alem. Quando eles vao tirar fotos (coisa que eles fazem em qualquer lugar da cidade e a qualquer hora), fazem poses de "modelos" sem a menor vergonha. Com todo o respeito que tenho pelos Ucranianos, essa eh sem duvida a coisa mais engracada que existe. Parece que, assim como acontece com as roupas, eles realizam o sonho de fazer parte do mundo fashion com um pouco de imaginacao e boa vontade.
A foto ai em cima eh uma das placas de transito da cidade. Como voce pode ver, as marcas Adidas e Salomon (nem em Cirilico estah) tem mais destaque do que a Avenida Chrechatik, ponto principal de Kiev, onde ocorreu a Revolucao Laranja. Mais que isso, nao dah.


Fui.

Wednesday, May 17, 2006

PCC x PeaCe.

Essa semana, Sao Paulo foi vitima de uma das mais assustadoras ondas de ataques e rebelioes de todos os tempos. Vitima eh uma palavra complicada, neste caso, porque a cidade (leia-se cidadaos) tem sua parcela de culpa. Vai desde o egoismo, da preguica e do comodismo ateh a escolha dos governantes. Como falar sobre isso eh irrelevante e redundante, vou falar sobre o outro lado da moeda.
Viver em Kiev eh sentir na pele a vida que nossos avos contam para nos. Um tempo em que era comum entrar num banco sem passar por detector de metais, andar de madrugada na rua, nao ter medo de carregar dinheiro vivo, nao desconfiar dos outros (principalmente por aparencia), etc. Ha tempos eu nao sei o que eh, por exemplo, uma camera de seguranca. Lembra do tempo em que voce podia ajeitar a cueca (sutia para as damas) no elevador sem correr o risco do porteiro conhecer ainda mais sua intimidade? Essas coisas aos poucos vao criando raizes na pessoa. Assim como o medo tem criado nos cidadaos paulistanos (vide fotos da cidade deserta na noite dos ataques). Hoje eu leio as noticias do Brasil com um medo maior. Medo de perder alguem querido num atentado sem nenhum fundamento religioso ou ideologico. Medo de voltar para um pais que parece pior a cada dia e sem perspectivas de melhora.

Esse post nao eh um pedido de atitude aas autoridades (porque sabemos que nao adianta nada), nem um apelo aas pessoas que eu gosto para deixarem o pais. Eh apenas uma lembranca de que eh possivel viver de uma maneira mais leve. Com familias reunidas em casa para celebrar e nao para se proteger.


...

Thursday, May 11, 2006

Pulinho em Praga.


Tunel do tempo?
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Essa semana foi feriado de novo. De novo nao trabalhamos segunda nem terca-feira. A unica diferenca eh que, na Ucrania, quando enforca a segunda, tem que trabalhar no sabado para ter 3 dias seguidos, ao inves de final de semana mais terca.
Dito isso, vamos ao que fazer no feriado. Trabalhar. Isso mesmo. Como eu tive uma reuniao em Praga no sabado, trabalhei na terca para compensar. Foi uma pena: menos de 24 horas numa cidade linda como Praga eh um desperdicio. Apesar do pouco tempo, deu para notar uma diferenca enorme em relacao a Kiev: vida. Entre o hotel e a agencia em Praga tem um parque (foi a unica coisa que deu para ver). Nesses 500 metros de grama eu vi mais familias e pessoas sorrindo do que em Kiev inteira. Eh engracado, mas em Kiev voce nao ve familias na rua. Voce ve homens idosos no parque, mulheres idosas andando para todo lado (ou vendendo legumes), mulheres com filhos no carrinho e homens sozinhos (com uma garrafa de cerveja na mao). Mas voce quase nunca ve duas faixas etarias reunidas ou fazendo a mesma atividade. Em Praga, voce ve pais e filhos andando de patins juntos. Casais andando com os bebes juntos. E ateh idosos de maos dadas. Alem disso, todos parecem estar aproveitando o simples fato de estarem juntos. Sem alcool, sem nada.
De quebra, ainda notei que o aeroporto deve ter aproveitado uma promocao do Aeroporto de Miami e comprado uns onibus usados. Achei que tinha pegado o voo errado e dormido demais.


Fui.

Wednesday, May 03, 2006

O que falta de ralo, abunda em sacolinha xadrez.


Sacolinha do vovo.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Essa sacolinha poderia facilmente ser o icone da Ucrania. Aonde quer que voce vah, a sacolinha vai atras. Nas costas.
Eu jah falei sobre as sacolas de plastico, mas essa sacola (igual aaquela que seu avo usava na feira) tem um papel fundamental na sociedade.
Primeiro porque parece que os Ucranianos, principalmente os mais velhos, sempre tem algo para carregar. Alias, parece que a vida deles eh carregar coisas de um lado para o outro.
Segundo porque eh com essa sacola que os vendedores de rua carregam a mercadoria. E aqui todo vendedor eh vendedor de rua: DVD, oculos escuros, legumes e verduras, produtos eletronicos, bla bla bla.
Terceiro porque essa sacola tem o tamanho certo para as cabines de aviao. Juro a voces que se tem Ucraniano que despacha as malas no aeroporto, eu nunca vi. Eles sao capazes de entrar com umas 8 sacolas pequenas soh para nao fazer check-out das malas. Esse numero nao eh um numero soh para fazer voce rir. Esse eh o numero de sacolas que a nossa cliente levou para Atenas.
Mas para uma coisa ela precisou das minha boa e velha mala Ocidental. Com as novas leis da aviacao, alguem tem que ser macho para despachar a mala e carregar o alicate de unha dela.


Fui.

Friday, April 28, 2006

Reprise ou novidade?

Uma das primeiras coisas que voce nota ao chegar na Ucrania eh que todo mundo tem os mesmos nomes. Deve ter uns 6 nomes para homem e uns 6 para mulher. Quem jah leu Dostoievski ou Tolstoi deve ter percebido isso. Vamos dar nome aos bois (Ucranianos).

Homem em geral eh: Aleksander, Serguei, Ivan, Andrei, Viktor ou Igor.
Mulher em geral eh: Aleksandra, Natalia, Maria, Tatiana, Anna ou Oksana.

Cada um dessses nomes tem uma lista enorme de diminutivos. Sao diminutivos "oficiais" e nao apelidos. Voce ateh aprende eles na aula de Russo. Por exemplo: Aleksander pode ser Sasha, Sashu, Sania, Sanka, Sanior ou Shury (Olha soh, Dudu!). No caso das mulheres, o que no Brasil sao nomes, aqui sao apenas diminutivos. O diminutivo de Natalia eh Natasha, de Tatiana eh Tania e de Aleksandra eh Sasha. Tem tambem casos engracados. O diminutivo de Ivan eh Vania. No Brasil, seria zoado ateh.

Agora imagine como eh dificil para um novato (estrangeiro) lembrar o nome das pessoas na agencia. O Solon (meu dupla) estah enlouquecendo. A vantagem eh que, se voce erra, tem uma chance de consertar rapidinho. No terceiro chute voce acerta o nome de qualquer um.

E jah que o assunto eh nomes, vou explicar tudo. Os nomes Ucranianos sao compostos por 3 elementos: primeiro nome + primeiro nome do pai (com sulfixo dizendo "filho de")+ sobrenome. O diretor de arte que senta ao meu lado, por exemplo, chama-se Serguei Aleksandrovitch Molokovitch porque o pai dele se chama Aleksandr. Seguindo essa logica, meu nome seria Andreas Ulrichovitch Mielenhausen. Louco, nao?

Bom, eu nao sei se jah falei ou nao sobre nomes aqui no blog. Se jah falei, desconsidere. Se nao falei, fica falado.


Fui.

Tuesday, April 25, 2006

Notou algo no chao? Nao? Nem eu.


Can you see it?
Originally uploaded by Andreas Toscano.
A Ucrania eh um pais sem ralos. Nao tem um banheiro, em lugar nenhum (pelo menos eu nao vi), com ralo no chao.
Pode parecer bobagem, mas ralo faz muita falta. Voce jah imaginou o que eh lavar o chao e nao ter um ralo para escoar a agua suja? Eh o caos. Voce lava o chao e, depois, tem que secar tudo com pano, torcendo a agua na banheira onde voce toma banho. Claro que, no meu caso, o pano vai direto pro lixo depois.
E quando voce derruba algo no chao? Molho de tomate, suco... Dah um desanimo duas vezes maior que no Brasil. Saber que voce vai ter que limpar e secar qualquer liquido que jogar no chao para desinfetar. Em outras palavras, voce tem que ficar carregando a sujeira de um lado para o outro.

Haja saco. E pano.


Fui.

Thursday, April 20, 2006

1 ano de Ucrania fora da Ucrania.


Escapada sem preco.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Segunda-feira passada eu completei um ano de trabalho na Ucrania. Sabado eu passado eu completei um ano fora do Brasil. E o melhor: eu estava lah. Foi otimo rever as pessoas amadas para dar aquela recarregada na bateria (de novo).
Depois de um ano dah para fazer um balanco legal de um monte de coisas na vida. Principalmente estando em um pais que pouca gente (para nao dizer ninguem) vem visitar. A distancia ajuda voce a avaliar a importancia de muitas coisas e o tempo que dedicamos a ela. E tempo eh nosso Bem mais precioso.
Foi otimo. Pelo menos no meu caso. Afinal, apos a avaliacao ainda me achava cercado de pessoas que amo e que, por coincidencia (ou nao), tambem me amam.
De resto, a experiencia tambem teve muitos pontos positivos: aprendi uma nova lingua, conheci uma cultura muito especial, viajei muito, ri muito e chorei muito tambem. Foi um ano para sentir a vida na pele. E como eh bom estar vivo. Essa foto ai em cima representa isso. Espero que ela sirva de inspiracao para todos.

Beijos e ateh a amanha (quem sabe?).

Tuesday, April 04, 2006

Os russos nao sabem brincar.

Semana passada uma das maiores operadoras de telefonia celular da Russia comecou a veicular teasers (propaganda para criar curiosidade) aqui em Kiev. Eh uma empresa controlada por grupos fortes de lah (provavelmente a Mafia) e eles nao vem para brincar. Digo isso porque semana passada, pouco antes de eles entrarem no mercado, roubaram 3 laptops aqui da agencia. Os 3 que continham todo o planejamento passado e futuro do nosso cliente, atual lider de mercado entre as operadoras de celular.
Esta hipotese eh a mais provavel por se tratarem de computadores velhos, sem nenhum valor de mercado, e por terem deixado os outros laptops intocados aqui na agencia. Espero que essa informacao nao vaze para o nosso cliente. Eles entrariam em panico. Ainda bem que eles nao falam portugues. E voce guarde segredo, por favor.


Fui.

Monday, April 03, 2006

Fomos aa Grecia.
Fazer o que mesmo?

Como o post foi escrito com atraso, vou usar a frase da Diretora de Marketing da Kyivstar. Hoje, ao apresentarmos os filmes, ela perguntou para nos:

- Precisava ir aa Grecia para filmar essas 3 cenas?

Precisar nao precisava, mas eh sempre bom viajar. A Gerente de Produto, que foi conosco, me disse no taxi quando estavamos indo para o aeroporto:

- Andreas, agora voce precisa criar um roteiro que se passa na America do Sul. Eh soh voce arrumar uma justificativa que a gente aprova.

Ou seja, as duas tem ambicoes diferentes. Nao ha duvida. Como o resultado do trabalho vai ser o mesmo viajando ou nao, vou ficar do lado da Gerente de Produto. As duas que se entendam.

Voltando aa Grecia, foram 8 dias maravilhosos. Foi bom rever o sol e andar de bermuda sem medo de ser surpreendido por uma neve fora de hora. O trabalho foi mamao com acucar: 3 cenas, sendo duas numa casa e uma numa estrada. A unica dificuldade era acordar cedo para ir ateh as locacoes.

Quanto a Atenas, devo dizer que deixou a desejar. Tinha uma imagem completamente diferente. Imaginei que era uma cidade muito mais historica do que ela realmente eh. Eh uma cidade suja, cheia de imigrantes de todas as partes do mundo e extremamente claustrofobica. Ateh os sitios arquelogicos deixam um pouco a desejar. No guia existem varios pontos de interesse, como “Templo de Atenas”. Voce chega lah e tem uma area demarcada no chao com uma plaquinha na frente, escrito “Aqui ficava o antigo Templo, bla bla bla”. Fogo.

Mas Atenas tem 2 coisas curiosas: outdoors duplos e mexirica gratis. O outdoor nao tem muito o que falar. A mexirica tambem nao, mas eh interessante. Imagine que quase todas as ruas da cidade tem pehs de mexirica carregados. Dependendo da rua, as mexiricas sao doces. Em outras, sao tao azedas que doi o dente. Enfim, tem fotos lah no Flickr para quem quiser ver um pouco de H(h)istoria.


Fui.

Thursday, March 30, 2006

Fan Ran Ran Ran Ran Raaaaaan Raaaan.
(Ler no ritmo da musica de abertura dos Trapalhoes)


Improviso total.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Semana passada filmamos a primeira parte dos novos comerciais da Kyivstar, nosso mega cliente. Apesar de termos gasto 450.000 dolares para produzir 3 comerciais simples (parte da grana pagou minha viagem para a Grecia, eh verdade), o nivel da producao aqui nao sobe de jeito nenhum. Nao adianta. Quando nego nao gosta e nao quer trabalhar, o trabalho nao rola.
Imagine gastar essa grana e, na hora de tirar as fotos para a campanha impressa, nao ter estudio, nao ter iluminacao e, acima de tudo, nao ter ninguem dando a minima. A falta de cuidado eh tanta que, quando fomos para as fotos, notamos que os extras eram ogros (se voce assistiu Shrek, sabe do que eu estou falando). Dai, quem vira modelo? Eu e o produtor do comercial. Nao bastasse isso, o resto da galera estava cagando e andando para o cliente. Enquanto faziamos as fotos (sem maquiagem, etc.), a equipe desmontava o cenario, desligava as luzes (as unicas porque o fotografo nao tinha outras) e quase matava os modelos (eu) com lampadas que desciam do teto sem nenhum controle.
A foto ai em cima eh um retrato do que pode acontecer num dia de filmagem ucraniano. Por sorte a falta de gosto pelo trabalho tem um lado bom: fomos para a Grecia filmar 3 cenas. Um jardim, uma estrada e uma casa de campo. Assim que der, falo mais sobre a viagem.


Aquele.

Monday, March 20, 2006

Chapka. Moda ou habito?

Esse post eh pequeno. Inversamente proporcional ao tamanho dos chapeus que os Ucranianos usam no frio. Nem todos, mas, passou dos 35 anos de idade, vira Lei. Nao tem um que nao usa. Mulher tambem. A diferenca eh soh a cor ou a pele usada.
Engracado eh que algumas peles parecem cabelo. Imagine ver uma senhora na rua com cabelo igual ao de quem levou um choque eletrico. Soh muito de perto voce ve que, ao inves de cabelo, ela tem um Guaxinim enrolado no cranio.


Fui.

Tuesday, March 14, 2006

Era para ser uma viagem de trabalho, mas eu me esqueci...


Planejando o proximo dia.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Quando alguem diz que voce vai viajar para outra cidade aas 7h da manha em plena quarta-feira e planeja a sua volta para domingo, o que voce pensa?
Minha resposta: o trabalho comeca cedo na quarta e vai ateh sexta-feira. Resposta de brasileiro.
A caminho do aeroporto tudo ficou claro, nao seriam 3 dias de trabalho e um de lazer: seria o contrario.

5h15 da manha, no taxi:

- Qual eh nossa agenda para hoje? – Perguntei.
- Hoje? Nada. – Respondeu o diretor de arte.
- E para amanha? – Insisti.
- Amanha? Nada. – Respondeu ele com cara de surpreso.
- Quando vamos fazer a telecinagem do comercial? – Indaguei, para ter certeza de que estava pegando o voo certo.
- Sexta-feira, na hora do almoco.

Calei-me. Foi o suficiente para entender (ou lembrar) da mentalidade de trabalho Ucraniana: dane-se. Temos uns 10 projetos acontecendo paralelamente, por que nao passar 3 dias em Paris descansando? Nao estou reclamando, mas nao acho produtivo. Problema deles. Para mim, foi otimo. Uma correria saudavel.

Em resumo, foram:

• 32 viagens de Metro.
• 19 pontos turisticos/museus.
• 6 locais parienses.
• 4 passeios culinarios.
• 2 filmes (em ingles, aleluia).

O motivo de tal correria, fora minha vontade usual de andar, vem de longa data. A ultima vez que passei por Paris (com tempo), tirei dezenas de fotos. Quando cheguei ao Brasil, descobri que a camera estava quebrada e nao saiu nenhuma foto. Ganhei uma maquina nova da loja, mas perdi todo o registro da viagem. Isso me forcou a refazer tudo o que eu tinha feito e ainda conhecer novos lugares.
A vantagem eh que, dessa vez, eu estava com um parisiense que conhece todos os atalhos, segredos e maravilhas da cidade. O mais engracado eh que ele foi meu diretor de criacao em Kiev e, apesar de ter mais de o dobro da minha idade, aguentava mais que eu. Caminhavamos das 9h da manha aa meia-noite. Eu chegava em casa e capotava. Ele ia ler e-mails, fumava um charuto e deitava lah pelas 2 da manha. Tah louco.

Semana que vem vou para a Grecia filmar um comercial. Tomando Paris como base, eh melhor preparar um roteiro completo. Afinal, vamos ficar lah durante 10 dias e, com essa filosofia, vai dar tempo para uma verdadeira Odisseia.


Au revoir.

Ps – Coloquei umas fotos divertidas no Flickr e sim Paris continua simplesmente maravilhosa.

Tuesday, March 07, 2006

2 coisas boas.


Powder non-stop.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Quem pensa que o inverno na Ucrania soh tem pontos negativos nunca deve ter feito snowboard. Esse final de semana, fui para as Montanhas Carpatas (nao sei se esse eh o nome em Portugues) e aprovei a estrutura. No ultimo ano, um grupo Ucraniano investiu US$30 milhoes e construiu um centro de esqui moderno e bem estruturado. O plano (segundo materia do New York Times de hoje) eh ter o maior resort de esqui do mundo. Dizem que ateh 2010 serao investidos US$1 bilhao. Dinheiro limpo? Duvido. Mas nao importa. Os lifts sao rapidos e nao pararam durante os dias que estive lah. Sem falar que tive uma sorte impressionante: foi a maior nevasca do ano. A cada 15 minutos a pista estava nova e no fora de pista tinha um metro de neve "powder", fresquinha. Foi impressionante.

A segunda boa noticia foi a chegada do meu ex-dupla da DM9, Solon Giovanni, ao territorio Ucraniano. Agora vou ter um diretor de arte que sabe o que eh direcao de arte. Bem-vindo.

Amanha vou para Paris finalizar um comercial e soh volto domingo. Ateh lah.


Fui.

Sunday, February 26, 2006

Blog tambem eh cultura.


Bistrot ou Buistra?
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Para quem se considera "in", frequentador daqueles mocozinhos que ninguem ouviu falar, no subsolo de uma casa em Higienopolis ou numa rua minuscula da Vila Nova Conceicao, nao tem nada melhor do que dizer que vai num "bistro".
Mas voce sabe o que significa "bistro"? Antes que voce diga que eh um restaurante chique, escuro e com jardim de inverno na frente, um fato: talvez nem mesmo os franceses saibam o que significa a palavra "bistro". Como voce pode ver na foto, "bistro" nao tem muito glamour nos paises eslavicos.
Ok, chega de enrolacao. A questao eh que a palavra chegou na Franca junto com os soldados russos na epoca de Napoleao. Os soldados que estavam em Paris entravam nos restaurantes e exigiam servico rapido porque estavam em combate. Gritavam "Buistra! Buistra!" (pronuncia da palavra "bistro" em russo), que significa "Rapido! Rapido!". Com o tempo, os restaurantes passaram a adotar a palavra como meio de sobrevivencia. Os estabelecimentos conhecidos como "bistros" eram preferidos pelos militares pois sabiam que lah teriam um servico rapido.

O resto eh historia. E motivo para enfiar a faca em quem gosta de gastar muito e comer pouco.


Bjs.

Wednesday, February 22, 2006

O da direita eh para quem estah aprendendo a dirigir. O da esquerda eh para quem dificilmente vai aprender.

Leitoras do blog, perdao pela piada. Foi soh para a outra metade dos leitores rirem antes de ler o texto (que nao tem nada de engracado, diga-se de passagem).
Eh muito comum ver adesivos como esses nos carros de Kiev. O da direita vale para todas as pessoas que estao aprendendo a dirigir. O "y" (que aqui eh "u") eh a primeira letra da palavra "estudante" em Russo e deve ficar colado no carro por tempo indeterminado. Indeterminado, alias, eh um termo bastante apropriado nesse caso pois quem decide a hora de tirar o adesivo eh o proprio motorista. Nao por acaso, os Ucranianos dizem que o "y" tem outro significado: "assassino" (que comeca com a mesma letra).
O adesivo da esquerda foi desenvolvido especialmente para as mulheres. Nao eh machismo nao, foi iniciativa delas mesmas. Como nao tem muitas Ucranianas no volante, elas resolveram criar um simbolo para se diferenciar.
Ainda tem outro adesivo, representado pela letra "W" (o "ch" daqui). Esse adesivo sinaliza que o carro em questao tem pneus adequados para o inverno e, portanto, vai frear muito melhor que o seu. Em outras palavras: "mantenha distancia, por favor".

Aproveitando o assunto, queria falar sobre a logistica dos acidentes aqui (espero nao ter falado sobre isso ainda). Em Kiev, eh comum ver acidentes todo dia e, mesmo assim, NIGUEM USA CINTO DE SEGURANCA (eh quase falta de respeito para o motorista). Geralmente eh bobagem: um arranhao ou um totoh, como a gente diz no Brasil. Apesar de serem acidentes facilmente resolviveis, causam um transtorno enorme na cidade. O fato eh que, independentemente da magnitude do ocorrido, ninguem move os carros ateh a policia chegar (o que pode levar horas). Imagine um acidente bobo como um para-choques arranhado ao mudar de faixa. Agora imagine deixar os carros na exata posicao por horas, ocupando duas faixas (de uma avenida com tres). Eh o caos total. Pelo que entendi, isso acontece porque pouquissimas pessoas tem seguro. Mesmo assim, acho bobagem parar a cidade e perder metade do dia por causa de um pisca-pisca quebrado. Especialmente porque a maioria dos carros eh velha e jah estah com o pisca-pisca quebrado.
Uma coisa engracada que a policia faz ao chegar na "cena do crime" eh pintar o chao em volta do carro com spray branco para tirar fotos depois. Parece investigacao de homicidio. Serah que eh isso que os Ucranianos pensam quando alguem diz que o carro morreu?


Bjs.

Monday, February 20, 2006

Porque o choppinho nao daria certo na Ucrania.

Quando dizemos que vamos tomar um chopp(s) no Brasil, na verdade, estamos dizendo que vamos fazer uma das 3 coisas a seguir:

1)Que vamos beber o mais rapido que pudermos para secar o copo antes que o garcom traga outro (que nao pedimos).

2)Que vamos colecionar copos pela metade porque o garcom nao para de trazer copos cheios (que nao pedimos).

3)Que vamos perder metade do tempo que dedicariamos aos amigos falando para o garcom que nao queremos o chopp que ele estah colocando na mesa (e nao pedimos).

Aqui na Ucrania nada disso aconteceria. Sei que eu jah critiquei muito os servicos ucranianos, mas os garcons daqui (em qualquer estabelecimento) sao eficientes a ponto de irritar.
Eles querem ser tao eficientes que ficam perto da mesa, olhando para voce enquanto come. Uma cruzada de olhar acidental e eles vem ateh a mesa. Um guardanapo dobrado (que voce ia usar ateh o final da refeicao) e eles aparecem para tirar. Apoiou os talheres no prato vazio, eles levam tudo embora.

Mas…

Se voce deixar meio gole no copo, eles nao tiram. Tiram o guardanapo semi-novo, o cinzeiro semi-sujo, comida semi-derrubada fora do prato, mas nao tocam seu copo. Mesmo em pubs (que vivem basicamente da cerveja, como nossos botecos), ninguem toca seu copo ou pergunta se estah na hora de trazer outro. Parece que qualquer copo eh o Santo Graal, tamanho eh o respeito que eles demonstram.

E o mais curioso eh que muitos ucranianos deixa menos de 10% de gorjeta. Ou seja, acho que eles realmente gostam da profissao. Ou nao...


Fui.

Wednesday, February 15, 2006

Entrando numa fria (literalmente).


Vai um gelinho?
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Se voce tiver idade (e memoria) suficiente, talvez se lembre de um comercial no qual um menino comia iogurte dentro da geladeira. Dizem que criancas morreram tentando imitar a estrela do comercial e, por isso, ele foi banido da TV. Confesso que pensei em fazer isso na epoca, mas a geladeira sempre estava cheia de brocolis, repolho, acelga, etc. nas prateleiras mais baixas.
Com a chegada do inverno na Ucrania, minha curiosidade foi saciada. Hoje, posso dizer que vivo dentro de uma geladeira quase todos os dias. O vaporzinho que embaca os vidros no Brasil vira gelo aqui. E nao eh pouco gelo nao.
A foto ao lado foi tirada na academia. Imagine umas 30 ou 40 janelas enormes cobertas de gelo. O mesmo acontece em carros e onibus. Um dia (leia-se -27C), peguei uma marchutka (lotacao) para o cinema e a unica janela que nao estava completamente coberta de gelo era a do motorista. Mesmo assim, ele nao parecia estar no controle do veiculo. A neve e o gelo no chao adicionaram uma dose de adrenalina aa corrida que nenhuma atracao de parque de diversoes pode oferecer. Tente visualizar: uma lotacao lotada (nao eh redundancia), sambando de um lado para o outro por causa do gelo, com as janelas cobertas de gelo (voce nao ve onde estah indo) e com um motorista (provavelmente bebado) que se preocupa mais em dar troco do que dirigir.
Ou seja, nao bastasse o frio do inverno, ainda tive que lidar com o frio da barriga e o frio na espinha. Senti que estava passando da geladeira para o freezer. Ainda bem que eu gosto de emocoes fortes.


Fui (a peh).