Monday, October 15, 2012

Bem-vindo ao Golfo de Gökova.
Welcome to the Gulf of Gökova.

Quando você diz que vai para a Turquia, todo mundo aqui na Rússia torce o nariz. A Túrquia (mais precisamente a cidade de Antalya) é o destino mais comum para os turistas Russos por ser perto, não haver necessidade de visto e porque os hotéis escolhidos quase sempre tem bebida de graça. O resultado é um monte de gente bêbada largada em volta de uma piscina, num resort onde todo mundo fala russo. Na minha opinião, é o mesmo que não viajar. Principalmente se tratando de um país com tanta coisa interessante, como a Turquia.
Eu amo a Turquia. Se eu tenho a chance de ir para lá e conhecer algo novo, não penso duas vezes. Em julho, foi a vez de navegar pelo Golfo de Gökova. Um paraíso que não deixa nada a dever para a sua vizinha Grécia.
Além da paisagem, o esquema em que eu viajei foi simplesmente ideal. Alugamos um gulet (barco tradicional turco) e partimos de Bodrum para 6 dias de descanso absoluto. Nosso barco, o Fatos (clique aqui para mais informações), era super bem acabado e muito mais confortável do que alguns dos barcos que nós vimos por ali. Uma vez a bordo, você não precisa mais pensar em nada. O comandante explica para onde vamos, a equipe cuida do barco e o chefe prepara refeições deliciosas 3 vezes por dia. Tudo isso por apenas US$600 por pessoa (pela semana toda!).
Não vou perder tempo aqui tentando descrever cada praia, cada parada ou a cor do mar. Sugiro que você veja as fotos. Elas falam por si só. A única coisa que vale descrever é o céu à noite. Deitado no barco, sem luz alguma, parece que o céu toma vida. Você se sente abraçado pela escuridão e parece que as estrelas só estão lá para te entreter. Fazia tempo que eu não ficava tão impressionado com o céu.
Bem, nada melhor do que uma viagem dessas depois de uma escalada em extrema altitude e um esforço descomunal pilotando moto sob o sol matador de Kazan.

Mais uma vez, obrigado Turquia.

When you tell someone you are going to Turkey, people in Russia are not very impressed. Turkey (more specifically the city of Antalya) is the most common destination for Russian tourists due to the fact that it’s close, doesn’t require any visa, and has free booze in the hotels they go to. The result is a bunch of drunk people by the pool of a resort where everyone speaks Russian. In my opinion, that’s the same as not traveling. Especially when we are talking about a country like Turkey, with so many things to be seen.
I for one love Turkey. So whenever I have a chance to go there and see something new, I don’t think twice. In july, I had such chance and went to the Gulf of Gövoka. That paradisiac place is just as amazing as its neighboring competitor Greece.
Besides the sights and surroundings, the way I enjoyed the place was simply ideal. We rented a gulet (traditional turkish sailing boat) and set off from Bodrum to enjoy 6 days of pure relaxation. Our boat, Fatos (click here for more information), was superbly finished and way more comfortable than the boats we saw around us. Once onboard you don’t have to worry about a thing. The captain tells you where to go, the crew takes care of the boat, and the chef prepares delicious meals 3 times a day. All that for around US$600 per person (for the whole week!).
I won’t spend time trying to describe each beach, each stop or the color of the sea. I suggest you look at the pictures. They are pretty self-explanatory. The one thing I will describe though is the night sky. Lying on the deck with absolutely no light makes the sky come to life. You feel like darkness embraces you and that the stars’ sole purpose is to entertain you. I haven’t been this impressed by the sky in a long while.
Well, nothing like a relaxing trip like this after climbing in high altitude and riding a motorbike under the blazing sun of Kazan.

Once again, thanks, Turkey.

Friday, October 05, 2012

Pilotando com Ruben Xaus em Kazan.
Riding with Ruben Xaus in Kazan.


Me and the master.
Originally uploaded by Andreas Toscano.
Pergunte a qualquer pessoa sentada numa moto esportiva o que ele gostaria de fazer da vida e, provavelmente, a resposta vai ser “piloto de moto”. Mas como a maoiria das pessoas não tem o dom, nem nasceu numa família com os recursos para isso, o máximo que se pode querer é pilotar ao lado de uma dessas pessoas que nos inspiram a fazer idiotices nas ruas. E não é culpa deles. O problem é que a gente tenta imitar nossos idolos sem equipamento, com pneus ruins, em asfalto ruim.
Em agosto, eu tive a chance de ouvir dicas e pilotar com um dos melhores pilotos do mundo: Ruben Xaus. Se voce quiser saber mais sobre ele, clique aqui porque este post é sobre a diferenca de aprender na escola e aprender com um piloto.
Quando eu fiz aulas de pilotagem com a California Superbike School, o foco do curso é fazer você aprender a teoria via prática. O que acontece é que, devido aos “instintos de sobrevivência” e à maneira como nosso corpo funciona, quase tudo que fazemos em cima da moto está errado. Para provar o quão errado você está e o quão certa a teoria é, você é obrigado a pilotar sem usar os freios, sem mudar marchas, ou usando uma mão só. Cada exercício tem uma função e todos eles são impressionantemente eficazes. Você sai do curso pensando (e agindo) diferente.
O único problema disso tudo é que numa corrida você nunca vai completar uma volta decente sem mudar marchas e sem (ab)usar (d)os freios (quanto mais tirar uma das mãos no guidão). O que nos leva à aula de Ruben Xaus.
Você percebe a diferença imediatamente. A escola ajuda você a vencer o medo, Ruben parte do princípio que medo não existe. A escola pede para você não mudar marchas, Ruben pede para você engatar as marchas certas e explica o que acontece quando você não ouve o que ele está falando (você perde 1/2 segundo por troca de marcha). A escola mostra gráficos, Ruben mostra na pista. Foram 7 sessões de 20 minutos por dia, durante 2 dias. É muita coisa. Além do esforço natural de pilotar num macacão de couro, o calor estava insuportável. Tive que pular a penúltima sessão de cada dia para rehidratar e juntar forças para a última sessão, que é uma corrida de verdade com todo mundo participando.
A pista de Kazan é sensacional. O que é bom porque foi a única coisa que eu consegui ver desta cidade maravilhosa devido ao cansaço. Para começar, meu vôo aterrissou às 3h da manhã. Dali até o hotel foi quase uma hora. Para piorar a situação, tinha um imbecil empacado na recepção, discutindo a diferença entre reserva e pagamento (ele achava que a confirmação da reserva era prova do pagamento). Mais 45 minutos de agonia (eu tinha que estar na pista às 8h). Vôo, pouco descanso, pilotagem, sol. Dá para resumir o final de semana da seguinte forma: aeroporto-táxi-hotel-taxi-pista-táxi-hotel-taxi-pista-taxi-aeroporto. A única foto que eu tirei da cidade foi de uma esquina em construção, ao lado do hotel. Mas não se preocupe: em breve, vai ter um post com um monte de fotos de Kazan.

Fui.

PS - Só para você entender a diferença entre um mortal e um piloto, clique aqui. Enquanto, a gente fica feliz de colocar o joelho no chão, eles acham normal colocar o cotovelo.


Ask anyone sitting on a sport bike what he (or she) would like to be and the answer will most likely be “a pilot”. But since most people don’t have the gift, nor were they born in a family with the resources for that, the most one can hope for is to ride with these guys that inspire us all to do stupid things. And it’s not their fault. The problem is that we try to imitate them with no equipment, riding with bad tires on bad asphalt.
In august I had the chance to learn from and to ride with one of the best pilots in the world: Ruben Xaus. If you want to know more about him, click here because this post is about the difference between learning in school and learning from a pilot.
When I took lessons at the California Superbike School, the whole purpose was to make you learn the theory through practice. What happens is that, due to “survival reactions” and the way our bodies work, most of the things we do on a motorbike is wrong. To prove how wrong you are and how right the theory is, they make you ride without using the brakes, without changing gears, or with one hand only. Each exercise serves a specific purpose and is undoubtably very efficient. You leave the course thinking (and riding) differently.
The only problem with all that is that, in a race, you will never complete a decent lap without changing gears or (ab)using the brakes (let alone letting go of the handlebar). Which brings us to Ruben Xaus’ master class.
You feel the difference immediately. The school helps overcome fear, Ruben doesn’t even acknowledge its existence. The school asks you not to shift, Ruben tells you how to shift correctly and explains what happens if you don’t (you lose 1/2 a second per shift). The school shows you graphs, Ruben shows you at the track. We had 7 20-minute sessions per day for 2 days. It’s a lot. Despite the usual effort to ride in leathers, the heat was unbearable. I had to skip the penultimate session each day to hydrate myself and gather some strength for the last session because it is a real race with everyone.
Kazan’s racetrack is amazing. That’s a good thing because that’s all I got to see of this amazing city due to fatigue. It all began with the flight: I arrived at 3h in the morning. From there to the hotel I lost another hour of sleep. To make matters worse, there was an idiot at the hotel reception discussing the difference between booking a room and paying for one (he thought the booking confirmation was proof of payment). Another 45 minutes of agony (I had to be at the track at 8h). Flight, little sleep, riding, heat. I think I could sum up the weekend like this: airport-taxi-hotel-taxi-track-hotel-taxi-track-taxi-airport. The only picture I got from the city was a building under construction next to the hotel. But don’t worry: soon I’ll write a second post full of pictures of Kazan.

PS - Just so you understand the difference between us mortals and a pilot, click here. While we are more than happy to scrape our knees on the road, they think it’s normal to scrape their elbows.