Diga a algum conhecido russo que você está indo para alguma cidade russa e a reação vai ser sempre a mesma: "Que diabos você vai fazer em ____________________?” Aqui você pode colocar o nome de qualquer cidade russa, com exceção de Moscou e São Petersburgo. Isto dá uma idéia do quanto os russos acreditam no potencial turístico de suas cidades menos importantes.
Mas como minha tarefa é conhecer melhor a Rússia, o único preconceito é em relação ao tempo de vôo. É ele que determina a melhor época para visitar cada cidade. Como Nijniy Novgorod fica a menos de duas horas de vôo, deu para encaixar a viagem num final-de-semana que estava livre. E foi o que eu e um amigo meu fizemos.
A chegada foi igual à chegada em qualquer cidade da Rússia: aeroporto pequeno, milhares de taxistas se oferecendo, negociação de preço e uma longa corrida até o centro. Como também normalmente acontece, ficamos num hotel ultrasoviético, ao lado de uma estátua do Lenin e à beira do rio.
Mas as semelhanças acabam por aqui.
Para começar, Nijniy Novgorod não fica à beira de um só rio, mas no encontro de dois rios (Oka e Volga). Nijniy Novgorod não é plana como a maioria de suas irmãs. A cidade é um entrelaçado de escadarias e ladeiras para todos os lados. Um dos pontos turísticos mais famosos é (não por acaso) uma escadaria que liga o nada a lugar nenhum.
Por ser uma das cidades mais antigas da Rússia, não falta o que ver por lá: dezenas de igrejas e monastérios, prédios históricos e um Kremlin (fortaleza) maravilhoso. Apesar do conteúdo ser o mesmo dos outros Kremlins (muralha, igrejas, memoriais da segunda guerra, etc.), o estado de conservação e a variedade das construções dentro do Kremlin de Nijniy Novgorod justificam ir até lá.
O mesmo não se pode dizer de Bor.
Bor é uma pequena cidade vizinha, ligada a Nijniy Novgorod por um moderno bondinho. Moderno, mas não muito prático. Além da lentidão da fila, o caixa tem um aviso enorme onde se lê:
Não vendemos bilhetes de ida e volta. A volta deve ser comprada em Bor.
Não demorou muito para entender o porquê: se você tivesse o bilhete de volta, você não ficaria um segundo na cidade. Além de não ter nada para visitar por lá, o desembarque acontece no meio de uma praça decadente e nada acolhedora. A única diversão por lá é ficar vendo a cara de decepção de quem desce do bondinho. Primeiro ao ver o que é Bor, depois ao ver o tamanho da fila para comprar o bilhete de volta (sem falar que ela anda 2 vezes mais devagar do que a primeira).
Nijniy Novgorod teve seus altos e baixos, e mais um monte de histórias engraçadas que eu prefiro contar a você pessoalmente. Valeu a ida, mas não justifica uma volta. Dá para entender por que meus colegas russos preferem ir para o exterior e não para o interior.
Fui.
Whenever I tell a Russian colleague that I am traveling to a Russian city, the reaction is always the same: “What the hell will you do in _________________________? You can fill in the gap with any Russian city, except Moscow and St. Petersburg. This gives you an idea of how confident Russians are in the touristic potential of their less important cities.
But since my task is to get to know Russia as a whole, the only thing that prevents me from going somewhere is the flight time (it has to fit my schedule). Nizhiniy Novgorod is less than 2 hours away by plane. Which means I could fit it in a free weekend I had. And so we (me and a friend) went.
Our arrival was pretty much identical to our arrival in any Russian city: small airport, tons of taxi drivers shouting, price negotiation and a long ride to the center. As usual, we stayed at an ultra-soviet hotel, next to a big Lenin statue and a big river.
But the similarities end here.
For starters, Nizhiniy Novgorod isn’t a city by the river, but a city on the junction of two big rivers (Oka and Volga). Nizhiniy Novgorod isn’t flat like most of its Russian sisters. The whole city is covered by a network or stairways and hills. That might explain why one of the most famous touristic attractions of the city is a stairway that connects nothing to nowhere.
Nizhiniy is one of the oldest cities in Russia. Which means you won’t run out of things to see and do. There are at least a dozen churches and monasteries, lots of historical buildings, and a gorgeous Kremlin (fortress). Despite the fact that all Kremlins are essentially the same on the inside (a wall, some churches, war memorials, etc.), the state of conservation and the variety of the structures inside Nizhniy Novgorod’s Kremlin definitely make the trip there worth the effort.
The same can’t be said about Bor.
Bor is a small neighboring city, connected to Nizhiniy Novgorod by a modern cable-car system. Modern, but not very practical. Besides the slow cashiers, there’s a big sign at the cash desk that reads:
We don’t sell return tickets. Your return ticket must be bought in Bor.
It didn’t take long for us to understand why: if they sold return tickets, no one would ever spend time in Bor. There’s absolutely nothing to see or do there. Plus, you arrive at a decadent and very unwelcoming square. The only fun there seems to be looking at people’s reactions when they step out of cable cars. Their immediate deception when they see Bor, and a second (even bigger) deception when they see the line to get their return tickets (not to mention that it is 2 times slower than the first one).
Nizhniy Novgorod had its highs and lows, plus a lot of funny stories that I would rather tell you in person. It was worth going, but it’s not worth going again. It almost justified why my Russian colleagues prefer international to domestic destinations.
C ya.
Saturday, July 28, 2012
Tuesday, July 17, 2012
Bem-vindo a Madrid. Uma dessas cidades que você não cansa de visitar.
Welcome to Madrid. One of those cities you don't get tired of visiting.
Antes desta última visita, eu já havia estado em Madrid duas vezes. Mas tirando o Museu do Prado e a Guernica, eu não saberia dizer precisamente o que faz de Madrid uma cidade tão especial. É verdade que eu sou mais de metrópoles do que de cidades à beira-mar. Enquanto a maioria das pessoas que eu conheço prefere Barcelona, eu sou fã de Madrid. E, desta vez, eu fiz questão de anotar os porquês.
Para começar, Madrid é mais limpa e organizada do que Barcelona (andar pelas Ramblas me dá arrepios só de pensar). É uma cidade onde você se sente bem logo que chega.
Bom, Madrid tem o Museu do Prado, mas também tem o Reina Sofia e dezenas de outros museus e centros culturais. Tem restaurantes sensacionais a preços incrivelmente baixos (será que é só para quem vem de Moscou?). Tem a Gran Via, onde você pode caminhar e ver todos os outros turistas. Madrid tem parques maravilhosos, onde você pode fazer de tudo (talvez até o que você deve estar pensando agora): eu vi desde casais em barquinhas de remo até um casamento indiano. Se você gosta de futebol, Madrid ainda tem o estádio Santiago Bernabeu, uma obra de arte em termos futebolísticos. O acesso é tão bem planejado que as arquibancadas enchem 5 minutos antes do jogo começar e esvaziam com a mesma velocidade.
Como se isso tudo não fosse suficiente, Madrid hoje é o lar de muitos amigos meus: ex-colegas de faculdade, ex-colegas de trabalho e até colegas de Moscou que estavam fazendo intercâmbio.
Espero que eu tenha dado motivos suficientes para você substituir sua viagem a Barcelona por uma ida a Madrid. Garanto que você não vai se arrepender.
Fui.
Before this last visit, I had already been to Madrid twice. But except for the Prado Museum and the Guernica, I wouldn't be able to put a finger on what exactly is so special about this city. I must say that I'm more of a metropolis than a city-by-the-sea type of person. While most people I know love Barcelona, I'm prefer Madrid. And during this visit, I made sure to write down why?
For starters, Madrid is cleaner and much more organized than Barcelona (the very thought of walking down the Ramblas gives me the creeps). It's a city where you feel good the moment you step out of the plane.
What else? Well, Madrid has the Prado, but it also has the Reina Sofia and a dozen different museum and cultural centers. It has sensational restaurants with even more sensational prices (or is it because I come from Moscow?). It has the Gran Via, where you can walk and spot all other tourists. Madrid has amazing parks, where you can do whatever you want (even what you are probably thinking right now): I saw things that ranged from couples in small rowing boats to an Indian wedding. If you like football, Madrid has the Santiago Bernabeu stadium, a masterpiece in football terms. The access to the seats is so well planned, that the bleachers fill up 5 minutes before kick-off and empty at a similar pace.
Besides all that, Madrid is the current home of many old friends: ex-colleagues from university, ex-coworkers and even colleagues from Moscow who were working abroad for a while.
I hope I have given you enough reasons to replace Barcelona for Madrid on your next trip. I bet you'll love it.
Cheers.
Para começar, Madrid é mais limpa e organizada do que Barcelona (andar pelas Ramblas me dá arrepios só de pensar). É uma cidade onde você se sente bem logo que chega.
Bom, Madrid tem o Museu do Prado, mas também tem o Reina Sofia e dezenas de outros museus e centros culturais. Tem restaurantes sensacionais a preços incrivelmente baixos (será que é só para quem vem de Moscou?). Tem a Gran Via, onde você pode caminhar e ver todos os outros turistas. Madrid tem parques maravilhosos, onde você pode fazer de tudo (talvez até o que você deve estar pensando agora): eu vi desde casais em barquinhas de remo até um casamento indiano. Se você gosta de futebol, Madrid ainda tem o estádio Santiago Bernabeu, uma obra de arte em termos futebolísticos. O acesso é tão bem planejado que as arquibancadas enchem 5 minutos antes do jogo começar e esvaziam com a mesma velocidade.
Como se isso tudo não fosse suficiente, Madrid hoje é o lar de muitos amigos meus: ex-colegas de faculdade, ex-colegas de trabalho e até colegas de Moscou que estavam fazendo intercâmbio.
Espero que eu tenha dado motivos suficientes para você substituir sua viagem a Barcelona por uma ida a Madrid. Garanto que você não vai se arrepender.
Fui.
Before this last visit, I had already been to Madrid twice. But except for the Prado Museum and the Guernica, I wouldn't be able to put a finger on what exactly is so special about this city. I must say that I'm more of a metropolis than a city-by-the-sea type of person. While most people I know love Barcelona, I'm prefer Madrid. And during this visit, I made sure to write down why?
For starters, Madrid is cleaner and much more organized than Barcelona (the very thought of walking down the Ramblas gives me the creeps). It's a city where you feel good the moment you step out of the plane.
What else? Well, Madrid has the Prado, but it also has the Reina Sofia and a dozen different museum and cultural centers. It has sensational restaurants with even more sensational prices (or is it because I come from Moscow?). It has the Gran Via, where you can walk and spot all other tourists. Madrid has amazing parks, where you can do whatever you want (even what you are probably thinking right now): I saw things that ranged from couples in small rowing boats to an Indian wedding. If you like football, Madrid has the Santiago Bernabeu stadium, a masterpiece in football terms. The access to the seats is so well planned, that the bleachers fill up 5 minutes before kick-off and empty at a similar pace.
Besides all that, Madrid is the current home of many old friends: ex-colleagues from university, ex-coworkers and even colleagues from Moscow who were working abroad for a while.
I hope I have given you enough reasons to replace Barcelona for Madrid on your next trip. I bet you'll love it.
Cheers.
Wednesday, July 11, 2012
Bem-vindo ao fim do mundo. No escuro e no claro.
Welcome to the end of the world. In the dark and in broad day light.
A razão pela qual eu estive duas vezes em Oslo (além de ter uma amiga querida lá), foi o fato de que é impossível ir para Svalbard sem passar por lá. Eu estive lá uma vez no começo de fevereiro, para ver a aurora boreal, e outra em maio para curtir a paisagem.
Mas é melhor ir por partes. Antes de falar das diferentes estações, é preciso falar um pouquinho Svalbard. Esta ilha é o ponto habitado mais ao norte do mundo. É o ultimo pedacinho de terra antes da camada de gelo que cobre o oceano Ártico. Apesar de seguir as leis da Noruega, Svalbard é território internacional. Qualquer pessoa, de qualquer país, pode morar lá. Na ilha moram aproximadamente 2000 pessoas de 42 nacionalidades diferentes. Basta chegar e respeitar duas regras simples:
1) Você é responsável por se sustentar enquanto estiver lá.
2) Quando você for embora, não deve haver qualquer evidencia que você passou por lá.
Conseguindo fazer isto, você é bem-vindo a morar num dos lugares mais espetaculares da Terra. E não é pelo fato de lá não se pagar impostos.
Svalbard é um desses lugares que força você a reconhecer sua insignificância em relação à natureza e o quão à mercê dela você está. Assim que você pisa fora do aeroporto e vê uma placa de trânsito alertando sobre a presença de ursos polares, seus instintos mais básicos entram em ação. Você vive em constante estado de alerta, sabendo que qualquer passo em falso pode ser o ultimo. Para se ter uma idéia de quão sério o assunto é, saiba que é proibido sair dos limites do povoado sem um rifle. E é bom saber usar. Os últimos visitantes que morreram, perderam a vida porque não conseguiram usar a arma propriamente.
Mas os ursos não são nada se comparados com o clima. Em questão de minutos (2 no caso do passeio que eu fiz), um dia ensolarado se torna uma tempestade de neve onde não é possivel sequer saber onde fica a linha do horizonte. Abençoado seja o inventor do GPS. Para um passeio de 10 horas que eu fiz, nós levamos comidas para 5 dias. Ou seja, não é brincadeira. Mas o risco iminente de morte não é a única coisa que deve marcar você. As paisagens e planícies sem fim fazem com que você se sinta como um grão de areia no fundo do oceano. A última vez que eu tive uma sensação assim foi nos Fjords da Nova Zelândia.
Agora vamos às especificidades de cada temporada. Devido à sua extrema latitude, Svabard passa 6 meses do ano sem ver o Sol. Depois, a partir de 8 de março, quando o sol aparece pela primeira vez no horizonte, são 6 meses de dia, já que o sol não desce mais até o inverno seguinte.
Minha primeira passagem por lá foi no inverno. 24 horas de noite. Mas, apesar do que você pode estar pensando não estava frio. Devido à massa de ar frio sobre a Europa, todo o ar quente estava sendo desviado para o Pólo Norte. Eu sai de Oslo sob uma temperatura de -25C e aterrissei em Svalbard sob amenos +4C. No começo, achei que era sorte. Que eu poderia curtir o lugar mais extremo do mundo com roupa de outono. Ledo engano. Não deu para curtir nada. Devido ao fato de a neve ter derretido, eu não pude andar de snowmobile, não pude passear de trenó puxado por cachorros, não pude ver o barco Luz do Norte (http://www.noorderlicht.nu) preso no gelo e, por pouco, não vi a aurora boreal (que era o motivo principal da viagem).
Estava claro que os Deuses não estavam do nosso lado. Para completar, o transfer que eu tinha pago e deveria nos buscar não apareceu. Normalmente, eu não me importaria muito, mas, em Svalbard, o aeroporto é um pequeno salão que FECHA pouco depois que as malas passam pela esteira. Ou seja, fiquei no meio do nada tentando me virar.
Sem muito o que fazer, os dias passaram com muita comida, bebida, algumas caminhadas pelo povoado e uma visita ao museu de Svalbard. Os poucos restaurantes são ex-ce-len-tes e dei sorte (talvez a única da viagem) de estar lá no final de semana do Festival de Jazz (http://www.polarjazz.no). É o final de semana mais agitado por lá.
Apesar de não ter visto muito, o lugar me causou uma impressão muito forte e meio inexplicável. Mas não era o suficiente. Na ultima noite, sentei na frente do hotel, resoluto de que não iria embora sem ver a aurora boreal. Depois de uma hora e meia (e 10 dedos congelados), senti que a temperatura começou a cair. Em pouco tempo, o céu abriu e uns lampejos verdes começaram a tomar o céu. Eu estava tão cansado e tão fissurado no meu método de visualização, que não sabia dizer se aquilo era realidade ou se eu estava alucinando. Levantei e, gritando, abordei os primeiros coitados que passaram: "Está acontecendo mesmo ou estou vendo coisas." Um pouco assustados pelo meu estado, responderam na maior calma: "Está acontecendo."
Sai correndo para uma área mais escura, atrás de uma casa, onde dava para ver melhor. Tirei umas fotos e comecei a apreciar o espetáculo mais lindo da natureza. Mas a luz do vilarejo continuava atrapalhando. Parei um taxi e pedi para ele me levar para o ponto mais afastado dali (o que não é muito considerando que a ilha tem um total de 20 km de asfalto). Chegando lá, a aurora boreal já tinha acabado. Para compensar um pouco da decepção, visitei a entrada do Banco Global de Sementes, uma fortaleza cravada na rocha, que contém sementes do mundo inteiro para o caso de um holocausto. O interessante é que os países de origem da semente são donos dela e nenhum outro país pode acessá-la. Ali, ainda vi uma raposa polar e ouvi uma frase que talvez eu nunca mais vá ouvir: "Não se afaste mais de 2 metros do carro porque não dá para ver ursos polares no escuro."
Foi a chave de ouro que fechou a primeira passagem pelo Pólo Norte e me deixou com muita vontade de voltar.
E voltar foi o que eu fiz. Exatos 2 meses depois da primeira visita, lá estava eu de novo. Agora com o telefone de um taxista local e pronto para encarar decepções. Mas desta vez foi o contrario. Céu azul, temperatura na casa dos -10C, muita neve e 24 horas de sol por dia.
No primeiro dia, fiz um passeio de trenó puxado por huskies. Pela primeira vez, pude ver quão vasta é a paisagem polar. Planícies e montanhas cobertas de neve salpicada de renas polares e pegadas de ursos. O passeio dura aproximadamente 2 horas e é extremamente relaxante. Tirando os peidos dos cachorros, você não tem nada com o que se preocupar. Isto porque o trenó vai onde os cachorros querem, quando eles querem e na velocidade que eles querem. Sua única preocupação é não esquecer de usar o freio-de-pé, que está lá para evitar que você morra congelado no meio do nada porque os cachorros decidiram correr atrás de uma raposa.
Pensando bem, você tem algo com o que se preocupar: acordar (ou dormir) antes do passeio. Como está sempre sol, você nunca sabe que horas são e seu corpo sempre acha que é hora de fazer algo. Prepare-se para dormir picado e em horários inéditos.
No segundo dia, fiz o passeio de snowmobile. Neste passeio, você finalmente tem a chance de sair do ultimo pedaço de terra da Terra e se aventurar na camada de gelo, onde moram os ursos polares. Neste ponto, o snowmobile oferece uma proteção dupla: ele é mais rápido que os ursos (chega a 80km/h) e faz um barulho insuportável. O ponto alto do passeio é a parada para o almoço na Baía de Mohnbukta, cercado de focas, icebergues e uma geleira de 25 metros de altura. O gelo é tão puro que o azul que ele reflete parece vir de lâmpadas de néon. A comida não é tão impressionante quanto a paisagem, mas pelo menos é divertida. São pratos desidratados, embalados a vácuo, feitos para durar uma vida (ou salvar uma). Apesar das paisagens inesquecíveis, este passeio não é só alegria. Depois de 10 horas dirigindo sobre um piso instável, seu corpo vai doer em lugares que você nem sabia que tinha músculos. É cama na certa.
Depois dos passeios "oficiais", fiquei de fazer uma sessão de snowboard com um amigo brasileiro que mora lá, mas acabou não dando certo. O que quer dizer que eu tenho mais um motivo para voltar. Svalbard que me aguarde.
Fui.
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The reason I went to Oslo twice over the past couple of months (besides having a dear friend there) is that it is impossible to go to Svalbard without stopping there. I was there once in February to see the Aurora Borealis and then in May to enjoy the landscape.
But one thing at a time. Before I talk about the different seasons, I need to give you a bit of information about Svalbard. This little island is the northernmost inhabited place on Earth. The last bit of land before the ice cap that covers the Arctic Ocean. Despite abiding to the Norwegian legislation, Svalbard is an International Territory. Any person, from any country, can live there. The island has a constant population of about 2000 people from 42 different nationalities. All you need to live there is to arrive and to respect 2 simple rules:
1) You have to provide for yourself while living there.
2) When you leave, there should be no signs that you were ever there.
If you can do that, you are welcome to live in one of the most spectacular places on Earth. And not because it is a tax free zone.
Svalbard is one of those places that constantly remind you how insignificant you are to Nature and subject you are to her will. As soon as you step outside of the airport and see the traffic sign warning you about the presence of polar bears, your most basic instincts kick in. During your whole stay, you'll stay in a constant state of alert, knowing that any false step could be your last. Just to give you an idea of how serious the situation is, it is forbidden to venture outside the village without a rifle. And you better know how to use it. The last visitors who died did so because they weren't able to handle it properly.
But bears are harmless if compared to the weather. In a matter of minutes (2 in the case of the excursion I did), a sunny day can turn into a snow storm where you can't even tell where the horizon is. Bless the inventor of the GPS. For the 10 hour snowmobile excursion I did, we took food and provisions for 5 days. It's no joke. But the imminent risk of death is not the only thing that will keep you humble there. The majestic landscapes make you feel like a grain of sand at the bottom of the ocean. The last time I felt something similar was inside the fjords in New Zealand.
Now let's talk about the specificities of each season.
Due to it's extreme latitude, Svalbard doesn't see the sun for 6 months. Then, around the 8th of march, the sun appears in the horizon for the first time and doesn't set again until the beginning of autumn.
My first time there was during winter. 24 hours of night. But contrary to what you might be thinking, it wasn't cold. Due to a high pressure cold air mass (or something like that), hot air was being diverted to the North Pole. I left Oslo under a freezing -25C temperature and landed in Svalbard under a welcoming +4C. At first, I thought I was lucky to experience the North Pole under such conditions. Then, I understood that I was as far from lucky as I was from civilization. Because of the temperature, the snow had molten which means I wasn't able to ride the snowmobile or the dog sled I had already paid for. I couldn't go see the boat Northern Light (http://www.noorderlicht.nu) stuck in the ice cap and I ran a big risk of not seeing the northern lights (which was the main reason for the trip in the first place).
It was clear that things weren't going well for us. To make things worse, the transfer that was (paid and) supposed to pick us up at the airport never showed up. Ordinarily, I wouldn't mind much. But in Svalvard the airport is a small room for bag collection that CLOSES once the bags are out. We had been abandoned in the middle of nowhere and had sort things out somehow.
With a lot of free time to kill, the days were soon filled with a lot of food, drinks, eventual strolls around the village and a visit to the Svalbard museum. The few available restaurants are simply superb and we were lucky (maybe the only time in this trip) to be there during the Jazz Festival (http://www.polarjazz.no). It's the most activity-packed week of the year.
Even though I was unable to see much of the island, Svalbard caused a very strong and, to some extent, inexplicable impression on me. But it wasn't going to be enough. I needed to see the Northern Lights. So, on the last night, I sat down in front of the hotel determined not to leave until I had caught at least a glimpse of it. After one and a half hours of staring to the sky and 10 frozen fingers, I felt the weather started to changed. The sky cleared and the temperature dropped about 5 degrees. In a couple of minutes, some waves of green light started to light up the sky. I was so tired and fixated on my visualization techniques that I could no longer tell whether it was really happening or if I was hallucinating. I jumped out of the chair and started shouting at some people walking by: "Is it really happening or am I seeing things?!?" A bit scared by my attitude, but completely unimpressed by the phenomenon, they answered: "Yes, it is happening."
I immediately ran to a darker place, behind a house, to get a better view. I tried taking some pictures as I witnessed nature's most beautiful event. But the conditions were terrible, so I jumped into a taxi and asked him to take me as far as he could from the village (which is not much, considering that they have only 20 kilometers of asphalt in the island). As soon as we got to the end of the road, the Aurora Borealis was gone. To compensate for the "sadness", I visited the entrance of the Seeds Bank, a fortress deep inside the mountain that contains seeds from all over the world should a worldwide holocaust ever happen. What's interesting about the bank is that each country owns its seeds and no other country can access them. As I walked around the entrance, I saw a polar fox and heard a sentence I might never hear again: "Don't move more than 2 meters away from the car because I can't see polar bears in the dark", said the taxi driver. It was the perfect ending to my first experience in the North Pole, an experience that left me wanting more.
And more is what I quickly got. Just 2 months after my first visit, I was back there. This time with the phone number of a local taxi driver and ready to face disappointments. But they didn't come. I was welcomed by clear blue skies, a -10C temperature, a lot of snow and 24 hours of sun every day.
On the first day, I went dog sledging. For the first time, I could see how vast the polar landscape is. Endless fields and mountains, covered in snow sprinkled by polar reindeers and polar bear tracks. The expedition lasts about 2 hours and is extremely relaxing. I dare say that except for the constant farts coming out of the dogs' asses there's nothing to worry about. That's because no matter what you do, the sledge will go where the dogs want, when the dogs want and as fast as they want it. Your only tool is the foot brake. It is there to fully stop the sledge and prevent you from dying frozen in the middle of nowhere because the dogs decided to chase a fox.
On second thought, you do have something to worry about: waking up (or getting some sleep) before the ride. Because the sun never sets, you never know what time it is and your body always thinks it's time to do something. Expect to get very little sleep at very unusual times.
On the second day, I did a snowmobile expedition. This one allows you to finally leave the last bit of land on Earth and venture yourself over the Arctic Sea, where polar bears live. There, the snowmobile works as a double defense mechanism: it's much faster than the bears (it does up to 80 km/h) and makes an unbearable noise. The nicest part of the tour is when you stop to have lunch at Mohnbukta Bay, surrounded by lazy seals, icebergs and a 25 meter-high glacier. The ice there is so pure that the blue color it reflects seems to come from some sort of neon light inside of it. The food you'll get during lunch is not as impressive as the surroundings, but at least it's fun. It's dehydrated, vacuum-packed, survival kit kind of food. Despite the unforgettable sights and landscapes, this is no joy ride. After 10 hours riding over uneven surfaces, your body will be sore in places you didn't even know existed. I bet you'll fall flat in your bed and sleep like a rock.
Once I was done with all the "official" tours, I decided to do a snowboarding session with a Brazilian friend that lives there, but things didn't work out as planned. Which means I have yet another reason to go back. See you soon, Svalbard.
Cheers.
Mas é melhor ir por partes. Antes de falar das diferentes estações, é preciso falar um pouquinho Svalbard. Esta ilha é o ponto habitado mais ao norte do mundo. É o ultimo pedacinho de terra antes da camada de gelo que cobre o oceano Ártico. Apesar de seguir as leis da Noruega, Svalbard é território internacional. Qualquer pessoa, de qualquer país, pode morar lá. Na ilha moram aproximadamente 2000 pessoas de 42 nacionalidades diferentes. Basta chegar e respeitar duas regras simples:
1) Você é responsável por se sustentar enquanto estiver lá.
2) Quando você for embora, não deve haver qualquer evidencia que você passou por lá.
Conseguindo fazer isto, você é bem-vindo a morar num dos lugares mais espetaculares da Terra. E não é pelo fato de lá não se pagar impostos.
Svalbard é um desses lugares que força você a reconhecer sua insignificância em relação à natureza e o quão à mercê dela você está. Assim que você pisa fora do aeroporto e vê uma placa de trânsito alertando sobre a presença de ursos polares, seus instintos mais básicos entram em ação. Você vive em constante estado de alerta, sabendo que qualquer passo em falso pode ser o ultimo. Para se ter uma idéia de quão sério o assunto é, saiba que é proibido sair dos limites do povoado sem um rifle. E é bom saber usar. Os últimos visitantes que morreram, perderam a vida porque não conseguiram usar a arma propriamente.
Mas os ursos não são nada se comparados com o clima. Em questão de minutos (2 no caso do passeio que eu fiz), um dia ensolarado se torna uma tempestade de neve onde não é possivel sequer saber onde fica a linha do horizonte. Abençoado seja o inventor do GPS. Para um passeio de 10 horas que eu fiz, nós levamos comidas para 5 dias. Ou seja, não é brincadeira. Mas o risco iminente de morte não é a única coisa que deve marcar você. As paisagens e planícies sem fim fazem com que você se sinta como um grão de areia no fundo do oceano. A última vez que eu tive uma sensação assim foi nos Fjords da Nova Zelândia.
Agora vamos às especificidades de cada temporada. Devido à sua extrema latitude, Svabard passa 6 meses do ano sem ver o Sol. Depois, a partir de 8 de março, quando o sol aparece pela primeira vez no horizonte, são 6 meses de dia, já que o sol não desce mais até o inverno seguinte.
Minha primeira passagem por lá foi no inverno. 24 horas de noite. Mas, apesar do que você pode estar pensando não estava frio. Devido à massa de ar frio sobre a Europa, todo o ar quente estava sendo desviado para o Pólo Norte. Eu sai de Oslo sob uma temperatura de -25C e aterrissei em Svalbard sob amenos +4C. No começo, achei que era sorte. Que eu poderia curtir o lugar mais extremo do mundo com roupa de outono. Ledo engano. Não deu para curtir nada. Devido ao fato de a neve ter derretido, eu não pude andar de snowmobile, não pude passear de trenó puxado por cachorros, não pude ver o barco Luz do Norte (http://www.noorderlicht.nu) preso no gelo e, por pouco, não vi a aurora boreal (que era o motivo principal da viagem).
Estava claro que os Deuses não estavam do nosso lado. Para completar, o transfer que eu tinha pago e deveria nos buscar não apareceu. Normalmente, eu não me importaria muito, mas, em Svalbard, o aeroporto é um pequeno salão que FECHA pouco depois que as malas passam pela esteira. Ou seja, fiquei no meio do nada tentando me virar.
Sem muito o que fazer, os dias passaram com muita comida, bebida, algumas caminhadas pelo povoado e uma visita ao museu de Svalbard. Os poucos restaurantes são ex-ce-len-tes e dei sorte (talvez a única da viagem) de estar lá no final de semana do Festival de Jazz (http://www.polarjazz.no). É o final de semana mais agitado por lá.
Apesar de não ter visto muito, o lugar me causou uma impressão muito forte e meio inexplicável. Mas não era o suficiente. Na ultima noite, sentei na frente do hotel, resoluto de que não iria embora sem ver a aurora boreal. Depois de uma hora e meia (e 10 dedos congelados), senti que a temperatura começou a cair. Em pouco tempo, o céu abriu e uns lampejos verdes começaram a tomar o céu. Eu estava tão cansado e tão fissurado no meu método de visualização, que não sabia dizer se aquilo era realidade ou se eu estava alucinando. Levantei e, gritando, abordei os primeiros coitados que passaram: "Está acontecendo mesmo ou estou vendo coisas." Um pouco assustados pelo meu estado, responderam na maior calma: "Está acontecendo."
Sai correndo para uma área mais escura, atrás de uma casa, onde dava para ver melhor. Tirei umas fotos e comecei a apreciar o espetáculo mais lindo da natureza. Mas a luz do vilarejo continuava atrapalhando. Parei um taxi e pedi para ele me levar para o ponto mais afastado dali (o que não é muito considerando que a ilha tem um total de 20 km de asfalto). Chegando lá, a aurora boreal já tinha acabado. Para compensar um pouco da decepção, visitei a entrada do Banco Global de Sementes, uma fortaleza cravada na rocha, que contém sementes do mundo inteiro para o caso de um holocausto. O interessante é que os países de origem da semente são donos dela e nenhum outro país pode acessá-la. Ali, ainda vi uma raposa polar e ouvi uma frase que talvez eu nunca mais vá ouvir: "Não se afaste mais de 2 metros do carro porque não dá para ver ursos polares no escuro."
Foi a chave de ouro que fechou a primeira passagem pelo Pólo Norte e me deixou com muita vontade de voltar.
E voltar foi o que eu fiz. Exatos 2 meses depois da primeira visita, lá estava eu de novo. Agora com o telefone de um taxista local e pronto para encarar decepções. Mas desta vez foi o contrario. Céu azul, temperatura na casa dos -10C, muita neve e 24 horas de sol por dia.
No primeiro dia, fiz um passeio de trenó puxado por huskies. Pela primeira vez, pude ver quão vasta é a paisagem polar. Planícies e montanhas cobertas de neve salpicada de renas polares e pegadas de ursos. O passeio dura aproximadamente 2 horas e é extremamente relaxante. Tirando os peidos dos cachorros, você não tem nada com o que se preocupar. Isto porque o trenó vai onde os cachorros querem, quando eles querem e na velocidade que eles querem. Sua única preocupação é não esquecer de usar o freio-de-pé, que está lá para evitar que você morra congelado no meio do nada porque os cachorros decidiram correr atrás de uma raposa.
Pensando bem, você tem algo com o que se preocupar: acordar (ou dormir) antes do passeio. Como está sempre sol, você nunca sabe que horas são e seu corpo sempre acha que é hora de fazer algo. Prepare-se para dormir picado e em horários inéditos.
No segundo dia, fiz o passeio de snowmobile. Neste passeio, você finalmente tem a chance de sair do ultimo pedaço de terra da Terra e se aventurar na camada de gelo, onde moram os ursos polares. Neste ponto, o snowmobile oferece uma proteção dupla: ele é mais rápido que os ursos (chega a 80km/h) e faz um barulho insuportável. O ponto alto do passeio é a parada para o almoço na Baía de Mohnbukta, cercado de focas, icebergues e uma geleira de 25 metros de altura. O gelo é tão puro que o azul que ele reflete parece vir de lâmpadas de néon. A comida não é tão impressionante quanto a paisagem, mas pelo menos é divertida. São pratos desidratados, embalados a vácuo, feitos para durar uma vida (ou salvar uma). Apesar das paisagens inesquecíveis, este passeio não é só alegria. Depois de 10 horas dirigindo sobre um piso instável, seu corpo vai doer em lugares que você nem sabia que tinha músculos. É cama na certa.
Depois dos passeios "oficiais", fiquei de fazer uma sessão de snowboard com um amigo brasileiro que mora lá, mas acabou não dando certo. O que quer dizer que eu tenho mais um motivo para voltar. Svalbard que me aguarde.
Fui.
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The reason I went to Oslo twice over the past couple of months (besides having a dear friend there) is that it is impossible to go to Svalbard without stopping there. I was there once in February to see the Aurora Borealis and then in May to enjoy the landscape.
But one thing at a time. Before I talk about the different seasons, I need to give you a bit of information about Svalbard. This little island is the northernmost inhabited place on Earth. The last bit of land before the ice cap that covers the Arctic Ocean. Despite abiding to the Norwegian legislation, Svalbard is an International Territory. Any person, from any country, can live there. The island has a constant population of about 2000 people from 42 different nationalities. All you need to live there is to arrive and to respect 2 simple rules:
1) You have to provide for yourself while living there.
2) When you leave, there should be no signs that you were ever there.
If you can do that, you are welcome to live in one of the most spectacular places on Earth. And not because it is a tax free zone.
Svalbard is one of those places that constantly remind you how insignificant you are to Nature and subject you are to her will. As soon as you step outside of the airport and see the traffic sign warning you about the presence of polar bears, your most basic instincts kick in. During your whole stay, you'll stay in a constant state of alert, knowing that any false step could be your last. Just to give you an idea of how serious the situation is, it is forbidden to venture outside the village without a rifle. And you better know how to use it. The last visitors who died did so because they weren't able to handle it properly.
But bears are harmless if compared to the weather. In a matter of minutes (2 in the case of the excursion I did), a sunny day can turn into a snow storm where you can't even tell where the horizon is. Bless the inventor of the GPS. For the 10 hour snowmobile excursion I did, we took food and provisions for 5 days. It's no joke. But the imminent risk of death is not the only thing that will keep you humble there. The majestic landscapes make you feel like a grain of sand at the bottom of the ocean. The last time I felt something similar was inside the fjords in New Zealand.
Now let's talk about the specificities of each season.
Due to it's extreme latitude, Svalbard doesn't see the sun for 6 months. Then, around the 8th of march, the sun appears in the horizon for the first time and doesn't set again until the beginning of autumn.
My first time there was during winter. 24 hours of night. But contrary to what you might be thinking, it wasn't cold. Due to a high pressure cold air mass (or something like that), hot air was being diverted to the North Pole. I left Oslo under a freezing -25C temperature and landed in Svalbard under a welcoming +4C. At first, I thought I was lucky to experience the North Pole under such conditions. Then, I understood that I was as far from lucky as I was from civilization. Because of the temperature, the snow had molten which means I wasn't able to ride the snowmobile or the dog sled I had already paid for. I couldn't go see the boat Northern Light (http://www.noorderlicht.nu) stuck in the ice cap and I ran a big risk of not seeing the northern lights (which was the main reason for the trip in the first place).
It was clear that things weren't going well for us. To make things worse, the transfer that was (paid and) supposed to pick us up at the airport never showed up. Ordinarily, I wouldn't mind much. But in Svalvard the airport is a small room for bag collection that CLOSES once the bags are out. We had been abandoned in the middle of nowhere and had sort things out somehow.
With a lot of free time to kill, the days were soon filled with a lot of food, drinks, eventual strolls around the village and a visit to the Svalbard museum. The few available restaurants are simply superb and we were lucky (maybe the only time in this trip) to be there during the Jazz Festival (http://www.polarjazz.no). It's the most activity-packed week of the year.
Even though I was unable to see much of the island, Svalbard caused a very strong and, to some extent, inexplicable impression on me. But it wasn't going to be enough. I needed to see the Northern Lights. So, on the last night, I sat down in front of the hotel determined not to leave until I had caught at least a glimpse of it. After one and a half hours of staring to the sky and 10 frozen fingers, I felt the weather started to changed. The sky cleared and the temperature dropped about 5 degrees. In a couple of minutes, some waves of green light started to light up the sky. I was so tired and fixated on my visualization techniques that I could no longer tell whether it was really happening or if I was hallucinating. I jumped out of the chair and started shouting at some people walking by: "Is it really happening or am I seeing things?!?" A bit scared by my attitude, but completely unimpressed by the phenomenon, they answered: "Yes, it is happening."
I immediately ran to a darker place, behind a house, to get a better view. I tried taking some pictures as I witnessed nature's most beautiful event. But the conditions were terrible, so I jumped into a taxi and asked him to take me as far as he could from the village (which is not much, considering that they have only 20 kilometers of asphalt in the island). As soon as we got to the end of the road, the Aurora Borealis was gone. To compensate for the "sadness", I visited the entrance of the Seeds Bank, a fortress deep inside the mountain that contains seeds from all over the world should a worldwide holocaust ever happen. What's interesting about the bank is that each country owns its seeds and no other country can access them. As I walked around the entrance, I saw a polar fox and heard a sentence I might never hear again: "Don't move more than 2 meters away from the car because I can't see polar bears in the dark", said the taxi driver. It was the perfect ending to my first experience in the North Pole, an experience that left me wanting more.
And more is what I quickly got. Just 2 months after my first visit, I was back there. This time with the phone number of a local taxi driver and ready to face disappointments. But they didn't come. I was welcomed by clear blue skies, a -10C temperature, a lot of snow and 24 hours of sun every day.
On the first day, I went dog sledging. For the first time, I could see how vast the polar landscape is. Endless fields and mountains, covered in snow sprinkled by polar reindeers and polar bear tracks. The expedition lasts about 2 hours and is extremely relaxing. I dare say that except for the constant farts coming out of the dogs' asses there's nothing to worry about. That's because no matter what you do, the sledge will go where the dogs want, when the dogs want and as fast as they want it. Your only tool is the foot brake. It is there to fully stop the sledge and prevent you from dying frozen in the middle of nowhere because the dogs decided to chase a fox.
On second thought, you do have something to worry about: waking up (or getting some sleep) before the ride. Because the sun never sets, you never know what time it is and your body always thinks it's time to do something. Expect to get very little sleep at very unusual times.
On the second day, I did a snowmobile expedition. This one allows you to finally leave the last bit of land on Earth and venture yourself over the Arctic Sea, where polar bears live. There, the snowmobile works as a double defense mechanism: it's much faster than the bears (it does up to 80 km/h) and makes an unbearable noise. The nicest part of the tour is when you stop to have lunch at Mohnbukta Bay, surrounded by lazy seals, icebergs and a 25 meter-high glacier. The ice there is so pure that the blue color it reflects seems to come from some sort of neon light inside of it. The food you'll get during lunch is not as impressive as the surroundings, but at least it's fun. It's dehydrated, vacuum-packed, survival kit kind of food. Despite the unforgettable sights and landscapes, this is no joy ride. After 10 hours riding over uneven surfaces, your body will be sore in places you didn't even know existed. I bet you'll fall flat in your bed and sleep like a rock.
Once I was done with all the "official" tours, I decided to do a snowboarding session with a Brazilian friend that lives there, but things didn't work out as planned. Which means I have yet another reason to go back. See you soon, Svalbard.
Cheers.
Sunday, July 08, 2012
Bem-vindo a Oslo (negativo e positivo)
Welcome to Oslo (negative and positive)
Nos últimos meses, eu tive a chance de conhecer 2 Oslos bem diferentes. A primeira é fria, chuvosa e coberta de neve. A segunda é ensolarada, verde e cheia de gente alegre.
Das cidades escandinavas que eu conheço, Oslo me parece a menor de todas. Ela não tem a beleza de Estocolmo ou a paixão pelo design de Helsinki. Mas isto não quer dizer nada porque a cidade parece ter mais vida e mais cultura do que suas irmãs nórdicas. A razão para isso talvez esteja na paixão pelo esporte e no gasto do governo com arte.
Na Oslo de inverno, você vai ver gente praticando esqui cross-country por todos os lados e, em todas as ruas, você vai topar com alguém carregando esquis ou uma bolsa com equipamento de hóquei. Esta atividade toda parece uma tentativa para compensar o frio úmido e o vento cortante que atravessa qualquer roupa.
Na Oslo de verão, os esquis são substituídos pelo equipamento de qualquer esporte que não requer gelo ou neve. Parece que a cidade toda está indo correr ou voltando da academia. Aliás, parece não, é isto mesmo que está acontecendo.
Nas duas Oslos, você vai ver obras de arte (literalmente) espalhadas por todos os lados. Isto porque o governo designa 5% dos impostos para a produção artística.
No verão ou no inverno, você pode comer o melhor peixe da sua vida (recomendo e muito o restaurante Fiskeriet). Peixe fresco é tão abundante aqui que sushi custa menos que pizza.
Aproveite para ir a um dos muitos mercados de 2a mão no final de semana. Eu não quis comprar nada, mas vi muita coisa bacana a preço de peixe fresco.
Oslo deixou um gosto bom na memória e a Noruega (muito parecida com a Nova Zelândia em termos de geografia) tem muita coisa bonita para se ver.
O que significa que eu estarei de volta em breve.
Fui.
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Over the past couple of months I had the chance to get to know 2 very different Oslos. The first one is cold, rainy and covered in snow. The second one is sunny, green and full of happy people.
Of all the Scandinavian capitals I know, Olso seems to be the smallest one. It's not as beautiful as Stockholm or marked by design, like Helsinki. But that doesn't mean much because the city seems to be more lively and full of culture than its Nordic sisters. The reason for that is probably in their passion for sport and in the money the government spends on art.
In winter Oslo, you'll see people practicing cross-country ski everywhere and you are likely to bump into people carrying skis or hockey bags in every street. All this activity seems like an attempt to compensate for the humid cold and the merciless wind that seems to penetrate all kinds of clothes.
In summer Oslo, the skis are replaced by any kind of sport equipment that does not require snow or ice. It seems like the whole city is going for a run or coming back from the gym. Actually, it doesn't only seem like it, that's exactly what's happening.
In both Oslos though you'll see art scattered all over the city (literally). That's what happens when the government designates 5% of all taxpayers' money to the production of art.
In winter or summer, you'll be able to eat the best fish of your life (I highly recommend a restaurant called Fiskeriet). Fresh fish is so abundant here that sushi costs less than pizza.
Save some time to go to one of the many flea markets during the weekend. I decided not to buy anything, but I did find a lot of cool stuff for the price of fresh fish.
Oslo left a sweet taste in me and Norway (very similar to New Zealand in terms of geography) has countless beautiful spots to visit.
Which means I'm definitely coming back soon.
C ya.
Das cidades escandinavas que eu conheço, Oslo me parece a menor de todas. Ela não tem a beleza de Estocolmo ou a paixão pelo design de Helsinki. Mas isto não quer dizer nada porque a cidade parece ter mais vida e mais cultura do que suas irmãs nórdicas. A razão para isso talvez esteja na paixão pelo esporte e no gasto do governo com arte.
Na Oslo de inverno, você vai ver gente praticando esqui cross-country por todos os lados e, em todas as ruas, você vai topar com alguém carregando esquis ou uma bolsa com equipamento de hóquei. Esta atividade toda parece uma tentativa para compensar o frio úmido e o vento cortante que atravessa qualquer roupa.
Na Oslo de verão, os esquis são substituídos pelo equipamento de qualquer esporte que não requer gelo ou neve. Parece que a cidade toda está indo correr ou voltando da academia. Aliás, parece não, é isto mesmo que está acontecendo.
Nas duas Oslos, você vai ver obras de arte (literalmente) espalhadas por todos os lados. Isto porque o governo designa 5% dos impostos para a produção artística.
No verão ou no inverno, você pode comer o melhor peixe da sua vida (recomendo e muito o restaurante Fiskeriet). Peixe fresco é tão abundante aqui que sushi custa menos que pizza.
Aproveite para ir a um dos muitos mercados de 2a mão no final de semana. Eu não quis comprar nada, mas vi muita coisa bacana a preço de peixe fresco.
Oslo deixou um gosto bom na memória e a Noruega (muito parecida com a Nova Zelândia em termos de geografia) tem muita coisa bonita para se ver.
O que significa que eu estarei de volta em breve.
Fui.
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Over the past couple of months I had the chance to get to know 2 very different Oslos. The first one is cold, rainy and covered in snow. The second one is sunny, green and full of happy people.
Of all the Scandinavian capitals I know, Olso seems to be the smallest one. It's not as beautiful as Stockholm or marked by design, like Helsinki. But that doesn't mean much because the city seems to be more lively and full of culture than its Nordic sisters. The reason for that is probably in their passion for sport and in the money the government spends on art.
In winter Oslo, you'll see people practicing cross-country ski everywhere and you are likely to bump into people carrying skis or hockey bags in every street. All this activity seems like an attempt to compensate for the humid cold and the merciless wind that seems to penetrate all kinds of clothes.
In summer Oslo, the skis are replaced by any kind of sport equipment that does not require snow or ice. It seems like the whole city is going for a run or coming back from the gym. Actually, it doesn't only seem like it, that's exactly what's happening.
In both Oslos though you'll see art scattered all over the city (literally). That's what happens when the government designates 5% of all taxpayers' money to the production of art.
In winter or summer, you'll be able to eat the best fish of your life (I highly recommend a restaurant called Fiskeriet). Fresh fish is so abundant here that sushi costs less than pizza.
Save some time to go to one of the many flea markets during the weekend. I decided not to buy anything, but I did find a lot of cool stuff for the price of fresh fish.
Oslo left a sweet taste in me and Norway (very similar to New Zealand in terms of geography) has countless beautiful spots to visit.
Which means I'm definitely coming back soon.
C ya.
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